A comunidade de Manaus foi desafiada de repente. Por motivos de trabalho, o responsável nacional do Movimento, Marco Montrasi, conhecido como Bracco, iria passar alguns dias na cidade e decidiu aproveitar o final de semana para encontrar a comunidade local. Várias pessoas se mobilizaram para preparar, em cima da hora, cada um dos momentos que foram propostos para aproveitar a companhia dele: assembleia, passeio de barca, encontro com os universitários, almoços e jantares. Para todos os que se envolveram, a certeza é a de que tudo se encaixou tão perfeitamente, e deu tão certo, que se torna evidente que foi planejado por um Outro. Como é relatado nos depoimentos a seguir, eles se colocaram à disposição para operar e esta surpresa, em vez de algo improvisado, revelou-se a realização do plano do Senhor, repleto de afeição por cada um, para se fazer presente no meio deles. A seguir algumas contribuições que recebemos a partir da provocação daqueles dias e também de outros encontros realizados com pessoas que os visitaram no período das férias.
“Bracco já havia estado outras vezes em Manaus, em férias. Desta vez, sua vinda foi provocada por uma necessidade do trabalho. Ele pediu ajuda a Juliano, meu marido, para conseguir agendar reuniões com instituições na cidade. Juliano conseguiu, literalmente da noite para o dia, confirmar as agendas. Era quarta ou quinta-feira e as reuniões já iniciariam segunda-feira pela manhã e Bracco chegaria no sábado à tarde. Foram dias densos e pude perceber em Bracco um homem feliz, porque vive a entrega à sua vocação. E é exatamente isso que eu desejo para mim. Viver minha vocação com esta mesma fidelidade, esta total entrega. Desejo me colocar em missão de um Outro que me faz a cada dia. Venho de um longo período de negação, de fuga. Fui abrindo mão gradativamente de tudo o que me era oferecido, entretanto, há alguns meses, alguns sinais começaram a operar pequenas mudanças em mim. Passei muitos meses pedindo que Nossa Senhora intercedesse junto a Cristo para resolver problemas que me afligiam, mas hoje entendo que o que eu preciso não é que meus problemas sejam resolvidos, mas que minha liberdade atue e que eu me deixe mudar. Eu preciso mudar, mudar para uma nova visão, um novo olhar, uma nova postura diante não só dos problemas que enfrento, mas em relação a minha vida, porque problemas sempre existem, mas a dimensão que eu dou a eles se ajusta de acordo com a minha fé, é inversamente proporcional à minha Fé. Cristo me conhece tão bem, sabe tão bem qual a minha necessidade, que mesmo diante de um pedido torto me manda a resposta certa: o meio para minha mudança. E chega Bracco para se hospedar na nossa casa, de forma inesperada para mim, mas cuidadosamente planejada por Ele, para me despertar, me chacoalhar, me trazer de volta à vida e logo de cara me fazer perceber que eu não estava preparada para a chegada Dele, não estava pronta, com as lâmpadas acessas, esperando o Senhor que vem! Esse homem me mostrou como é possível fazer de cada singelo minuto de seu tempo um momento em missão. Foi uma convivência muito simples, mas com profundo significado e repleto de uma Presença que marcou a todos em casa: a mim, a meu marido e a nossos filhos, três crianças entre 5 e 8 anos. Filipe chegou a dizer a Bracco que não queria que ele fosse embora. E Bracco me disse: ‘Se ficarmos agarrados a Ele no caminho comum que nos deu, estaremos sempre juntos’. A partir daí passei a viver uma inquietação tão grande que só acalma quando me entrego, quando pronuncio o Sim a cada manhã! Somente isso é capaz de sossegar meu coração e me fazer sentir viva. Minha necessidade de urgência é tão grande que parti em busca do resgate e retomei a Fraternidade, a leitura da Passos, a Escola de Comunidade, o pagamento do Fundo comum. Desejo retomar o caminho, o método, os instrumentos, mas não com um desejo de cumprir porque precisa ser cumprido, não para fazer por fazer, porque eu já me negava a fazer assim, mas para me mover com uma atenção e um pedido que me ajude e ver o rosto e a presença de Cristo em cada momento vivido de minha realidade. De presente, o Senhor ainda me deu a companhia de Ana Tereza, recém-chegada de São Paulo. Quando me deparei com ela na escola, na função de coordenadora de ensino de minha filha caçula, mesmo sem nunca tê-la visto antes, identifiquei ali o rosto mais conhecido e mais amigo daquele ambiente e pensei: “Não estou só. Tenho aqui um amigo”. E ela tem sido uma presença de Cristo no meu dia a dia. E no momento em que me encontro quase que tomada pelos problemas no trabalho, correndo o risco da distração e esquecimento, Ele me manda um pedido para que eu recorde todo o maravilhamento que vivi e que me trouxe de volta à vida. Ele é realmente atento e cuidadoso e me manda amigos, pessoas, instrumentos para me ajudar a me manter no caminho, no foco, sempre na hora certa, sempre na hora em que posso fraquejar. Como não ser grata ao Senhor por todas as mudanças operadas em minha vida, por todos os sinais, por todas as companhias? Por toda insistência em não desistir de mim? Só nos resta agradecer pelo amor de Cristo, pelo sim de Bracco, pelo Caminho que nos foi dado no Movimento, pelo método indicado e pelos instrumentos oferecidos e principalmente pela liberdade que o reconhecimento desta Presença nos proporciona”.
Lianne Machado
“Primeiro devo dizer que a companhia do Movimento em minha vida é Jesus que me fala: ‘Eu quero ficar contigo’. E muitas vezes me surpreendendo. Tenho aprendido isso olhando para outros amigos. Assim, foi de repente que Rafael, meu filho, me deu a notícia de que escolheram nossa casa para fazer um encontro entre o Bracco e os jovens universitários e estudantes. Eu, cheio de tarefas de trabalho neste início do ano, com tantas coisas para fazer, me surpreendi cheio de alegria por aquele pedido, e procurei fazer do modo que podia, pedindo ajuda, pois Rosângela, minha esposa, estava viajando e eu temia que não desse tempo de organizar minimamente as coisas em casa para receber o encontro. Foi um momento muito simples, comemos uma pizza e Raquel, minha filha que quase nunca vai para cozinha, resolveu preparar uma lasanha, preocupada em oferecer mais uma opção aos novos e quase inesperados visitantes. Quando me lembro do momento, minha casa se enchendo de jovens amigos e amigos de amigos, mas também o passeio de barco com quem pôde ir no domingo, meu coração se enche de alegria. Obs: Avisem ao Bracco e Marquinho que estou organizando a tão desejada pescaria no Rio Solimões...”
Ricardo Pacu
“A vinda de Bracco a Manaus foi uma grata surpresa, como um abraço inesperado, mas muito bem acolhido ‘chegou como um Ladrão’ e me dei conta que preciso me preparar melhor, porém a bondade do Senhor me ajudou a não perder nada e tudo pôde acontecer: os pequenos encontros, a grande assembleia, o almoço com toda a comunidade e o tão desejado passeio de barco. Esse passeio para mim foi o coroamento porque ele pediu e desejou tanto que aconteceu. Tudo foi organizado de última hora, um barco grande (de dois andares) e era necessário pelo menos 20 pessoas e ao final éramos mais de 30 pessoas sem medo. O céu estava nublado e chuvoso, mas nós enfrentamos o passeio porque o motivo não era o rio Amazonas, o maior rio do mundo, mas sim o reconhecimento de uma presença, que trouxe consigo a confirmação daquela Presença que enche a vida de verdadeiro significado, uma presença que veio reafirmar: ‘Ele está aqui, o Senhor está aqui entre nós como com os primeiros apóstolos, vocês têm tudo’. Fiquei com o coração cheio de gratidão porque o Senhor nos enviou o Bracco e sou grata ao Bracco porque disse sim e sou grata aos meus amigos de Manaus porque disseram sim ao imprevisto. E no barco, no fim da tarde, quando voltávamos e o sol nos visitou, eu pensava: somos uma coisa só nessa grande barca, sou feliz e tenho amigos que o bom Deus me deu para sempre para eu jamais perder o rumo!”
Neide Negreiros
“Nestes meses de dezembro e janeiro tivemos visitas que nos encheram de alegria e deram um ar novo ao nosso cotidiano: Kika, Marcos e Esther, Renato, Mila e filhos, Natanael e Dona Maria, de Belo Horizonte, Everaldo, Mario Geraldo e Delmiro, de Maués, Micheline de Santa Catarina, Bracco e Marquinho, fizeram com que a amizade se tornasse cada vez mais presença. Vindos de vários pontos do Brasil para um encontro, um encontro muito familiar, cheio de poesias e músicas, cheio de belezas e certezas, cheio de lembranças. Recordamos padre Virgílio, recordamos os amigos de Florianópolis e oferecemos um pouco da nossa vida a esse belo gesto, a homenagear aqueles que nos transmitiram e transmitem a certeza de que nada é pouco, tudo é muito, tudo é cheio de significado, diante da beleza do encontro, como nos afirmou o Bracco na assembleia: ‘Cristo tira tudo aquilo que me pesa e me dá tudo’. Ouvindo o Marcos cantar, o Silvio declamar poesias, a Mayra falar de amizade, vendo as crianças se divertindo com minhas filhas, o meu coração sentia-se embalando por uma sensação de eternidade. Ouvindo a Micheline falar percebi que onde estivermos, aqui (Manaus), em Belo Horizonte, Florianópolis, ou Maués, estaremos juntos, ligados pelo carisma do Movimento, que é como um elo invisível muito forte, que nada pode quebrar, que faz com que eu me sinta parte de uma grande família. E agora fica uma saudade gostosa, um gostinho de quero mais. Fica a gratidão a todos por tornar nossas vidas mais belas, pela acolhida dos amigos de Floripa (Suzana, Alda, Luciano, Sr. Daril, Angelita, Roger, João, Micheline...) quando estivemos lá, pelos amigos de Maués e Belo Horizonte, que vieram nos visitar, por tanta riqueza de testemunhos. Nossa casa é de vocês, nossa casa é festa, é poesia, é alegria. Nossa casa são vocês”.
Paulo e Horlene
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