"Em uma sociedade como a nossa, não se pode criar algo novo, se não com a vida. Nenhuma estrutura, organização ou iniciativa é capaz disto", afirmava anos atrás, o fundador de Comunhão e Libertação, Dom Luigi Giussani. "Somente uma vida diferente e nova é capaz de revolucionar estruturas, iniciativas, relações, enfim, tudo. E a vida é minha, irredutivelmente minha". Portanto, esta é uma tarefa que cabe a todos nós, onde quer que estejamos. No trono de Pedro, em uma sala de aula, na cozinha de casa... Porque o ceticismo, o desânimo, o desamparo, a desumanidade, só podem ser vencidos lá onde existe uma vida que nasce de uma nova fonte.
Há pouco mais de um ano o mundo viveu a surpresa da chegada do Papa argentino. E, neste período, Jorge Mario Bergoglio, com suas palavras simples, suas homilias curtas, e gestos inesperados de acolhida a todos, tem dito muitas coisas. Em todas, continua a propor que cada um aprofunde uma relação pessoal com Cristo. As palavras de Dom Giussani, citadas acima, não poderiam encontrar melhor demonstração do que no testemunho cativante de Francisco. Na potência deste testemunho, compreendemos que realmente é a vida que muda a realidade e não as organizações e os projetos humanos.
Num momento em que todos os olhares se voltavam para os aspectos institucionais da Igreja, imaginando que sua organização era o fator que definia a força de sua mensagem no mundo, o Papa mostrou, com sua vida e com seu amor a Cristo, que as organizações e os seus limites não definem a mensagem cristã. Para um mundo sedento de vida nova, Bergoglio veio como aquele que reconduz à fonte há tanto tempo desejada.
Neste mês, Passos traz algumas contribuições para entender melhor a riqueza da mensagem que nos oferece este Pontífice. Em uma entrevista com Guzmán Carriquiry, secretário da Pontifícia Comissão para a América Latina, um dos homens do Vaticano com maior conhecimento da história e da mensagem do Papa; e em um artigo de Dom João Carlos Petrini, Bispo de Camaçari, na Bahia, somos ajudados a entender sua mensagem para a Igreja e para o Brasil. Quatro profissionais mostram, com depoimentos sobre sua experiência de trabalho em obras sociais, como esta vida que nasce do encontro com Cristo realiza uma mudança real na pessoa e na sociedade.
Outro tema de destaque é sobre a Copa do Mundo no Brasil, que se inicia daqui a poucos dias. Como olhar para este evento sem ser reativos, como presenciamos ao nosso redor? Um artigo nos ajuda a recuperar o olhar da Igreja sobre o futebol, com sua beleza e suas contradições. Em meio a insatisfações com o poder público, a Copa traz, sim, a possibilidade da convivência entre os povos.
Enfim, num momento como o atual, tão cheio de dúvidas e incertezas, esta edição de Passos coloca diante dos olhos de todos testemunhos de que há um sopro de vida que o Espírito suscita na Igreja e, ao encontrar a disponibilidade no coração de homens como o Papa Francisco, surge a capacidade de falar a todos e encontrar qualquer pessoa que busque a verdade.
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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón