O abraço de nosso Maior Amor
O Sarau “Onde está o amor da minha alma?”, realizado no início de junho, surgiu da necessidade de arrecadarmos fundos para os Universitários e Jovens Trabalhadores de CL do Rio de Janeiro. Porém, com esse gesto, desejávamos, sobretudo, comunicar e compartilhar com todos a beleza da experiência que temos vivido nestes últimos meses: a de uma amizade verdadeira, que nos ajuda a verificar a fé na universidade, no trabalho, na família; nos mais diversos ambientes, enfim.
No entanto, apesar de todo o nosso desejo, em um primeiro momento o cuidado exigido pela organização do Sarau nos pareceu algo um tanto óbvio. Isso se refletia diretamente nas nossas ações: tudo estava sendo pensado sem muito planejamento, como a escolha das músicas e poemas e a seleção de um local para a realização do gesto. Foi através da provocação de amigos mais experientes e do que foi vivido nos Exercícios Espirituais, em maio passado, que começamos a nos dar conta de que estávamos sendo muito reativos, dando maior importância ao resultado definitivo do Sarau do que ao caminho que precisaríamos percorrer para realizá-lo.
Apesar de tudo, a nossa incoerência foi docemente abraçada: não estávamos sozinhos, porque estávamos sendo educados com amor. Além do mais, sentíamos que esta era uma ocasião para estarmos mais vivos do que imaginávamos, para ficarmos concretamente atentos ao Essencial. Isso gerou em nós um constante pedido: para que amássemos a Glória do Senhor, que ela fosse o carro-chefe de nossa ação, e que ela se refletisse naquilo que cada um poderia ou gostaria de fazer pelo Sarau.
Assim, algumas vezes precisamos abrir mão de horas de sono e de limitado tempo livre para, por exemplo, selecionar e organizar os poemas. Além disso, diante dos eventuais contratempos ocorridos, um amigo em particular sentia uma grande urgência de agir, resolver o problema. Com a mesma intenção, nos perguntávamos o porquê de toda a nossa preocupação e, principalmente, se de fato procurávamos Cristo naquela circunstância.
Essa foi, então, a pergunta que permeou tudo o que fazíamos pelo Sarau, principalmente quando chegou o grande dia: diante da quantidade de tarefas propostas, nosso desejo era tão imenso que, para bem fazê-las, não nos preocupamos muito com o peso da carga de trabalho. Começamos cedo a preparação e, em cada enfeite que pendurávamos, era notável o brilho nos olhos de cada um, esse brilho no olhar que Dom Giussani tanto fala! Esse era o combustível para continuar produzindo e sendo cuidadoso e com cada pequeno detalhe. À medida que o horário de início do Sarau se aproximava, a inquietação aumentava, pois ainda faltavam alguns detalhes da decoração, da comida e da música. E, mesmo assim, estávamos em paz. Logo, quando finalmente pudemos começar, cada poema declamado, cada música cantada parecia refletir a beleza de nossa amizade, o quanto ela é testemunho da presença de Cristo.
Enfim, realizamos o Sarau, que acabou por ser um grande sucesso, com a presença de 80 pessoas. Foi bonito ver tudo dar certo, assim como a comoção dos amigos e os elogios. Entretanto, mais belo foi nos darmos conta de que, por meio dessa experiência, pudemos compreender melhor o que significa ser uma presença original: a ajuda de cada um, por maior ou menor que tenha sido, não foi uma ajuda vazia, que tivesse o sucesso como fim principal. Antes de mais nada, tudo foi pensado para comunicar a todos um Grande Amor correspondido! Um Amor que abraça todo o nosso limite, toda a nossa reatividade e, sobretudo, todo o nosso coração! “Onde está o amor da minha alma?” é uma pergunta que fala de nós, e fala para nós. E somente com uma companhia verdadeira conseguiremos responder a essa questão. Como diria o Papa Francisco, “ninguém vence sozinho”.
Mariana Gomes e Roberto Leandro Silva
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