Gerar beleza
O 35º Meeting para a Amizade entre os Povos – um dos maiores encontros culturais do mundo, que recebeu cerca de 800 mil pessoas e 4.000 voluntário, em agosto, na cidade de Rímini, na Itália – se intitulou “Rumo às periferias do mundo e da existência. O destino não deixou o homem só”, numa clara alusão à mensagem do Papa Francisco. Para este evento, a Fundação AVSI preparou a exposição “Gerar beleza. Novos inícios nas periferias do mundo”. O trabalho de uma associação tal como a AVSI, que se move entre as pessoas mais necessitadas e excluídas no mundo todo, pode parecer muito longe do ideal de beleza inerente ao ser humano. No entanto, Von Balthasar, um dos maiores pensadores católicos do século XX, explicava que as duas vias para se chegar a Deus são a da caridade (do amor gratuito) e a da beleza. A via da caridade, porém, não se sustenta caso não se encontre com a via da beleza, pois, em sua realização, o amor verdadeiro se manifesta a nossos olhos como beleza. Portanto, o amor ao próximo que não se descobre como beleza está condenado a cair no assistencialismo moralista ou na dominação ideológica. Perde-se, assim, como projeto assistencial ou como pretensão de poder.
As periferias do mundo se encontram em toda parte, nos lugares mais distantes, assolados por guerras e por fome, nas favelas e cortiços das grandes cidades, ou mesmo em bairros ricos afligidos pela solidão e pelo individualismo. Com muita frequência, a miséria material e a miséria existencial andam juntas. Contudo, em todas essas situações, a beleza pode nascer a partir dos gestos e do compromisso que nascem de um amor gratuito.
O destino não deixou o homem só. Mas, misteriosamente, escolheu precisar do próprio homem para acompanhar o homem. A beleza pode nascer nas periferias da existência a partir de gestos humanos nos quais transparece um amor maior, um destino bom que se afirma em contraposição à lógica do mundo. A beleza está sempre diante de nossos olhos. Mas, para que possamos vê-la, em meio às tristezas e infortúnios que se sucedem no cotidiano, precisamos nos entregar a este amor, aceitá-lo em nossas vidas e sermos nós mesmos portadores deste amor às periferias do mundo e da existência.
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