O poder do coração
O cristianismo nasceu da cruz e não pode ser separado dela. Jesus torna-se o rei do mundo na cruz, e não após o sucesso da multiplicação dos pães. O cristianismo, na verdade, nasce de uma falência humana, de uma derrota. E de um coração perfurado.
Quando falamos do poder do coração, é para isso que temos de olhar: para esse coração, que é a medida do amor de Deus e, como consequência, do nosso próprio amor. O nosso agir como cristãos deve medir-se com este coração. Muitas vezes nos esquecemos deste fato, e caímos na tentação de acreditar que são as nossas ações que nos salvam aqui na nossa terra.
Para um cristão, uma análise da realidade, qualquer realidade, não é completa se também não é feita em referência a Cristo. Não se entende a verdade de um acontecimento, se não em referência a Cristo. Não é uma ideologia, então, mas uma pessoa, que se torna a medida e o modelo do próprio agir e pensar [...]
Nossa presença será salva pelos pequenos, por aqueles que corajosamente se colocam em risco e desafiam a morte por amar gratuitamente seu irmão, mesmo deixando-se matar. Em suma, que são cristãos até o fim.
As imagens do Oriente Médio que nos são mostradas são opressivas e nos deixam sem esperança; é legítimo perguntar o que devemos ou podemos fazer e temos o dever de tomar medidas concretas para pôr fim a esta tragédia, que diz respeito a todos nós. Mas a nossa ação deve ser acompanhada por uma profunda e serena convicção de que as nossas ações, para que deem frutos, devem estar unidas a Cristo. Caso contrário será apenas uma solidariedade humana que não vai adiante, não leva à vida.
(Padre Pierbattista Pizzaballa, Custódio da Terra Santa, responsável pela acolhida aos peregrinos, gestão dos santuários católicos e diálogo com os demais grupos religiosos na Terra Santa, falando sobre a dolorosa situação dos cristãos e outros grupos religiosos perseguidos no Oriente Médio, durante o Meeting pela Amizade entre os Povos, em 24 de agosto de 2014)
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