Há um fio que liga os primeiros encontros de trinta anos atrás com a experiência que ocorre hoje na comunidade de CL do Rio de Janeiro. A visita de padre Giuliano e Dom Filippo trouxeram lembranças, e também a confirmação de que há uma Presença que age agora
A presença do Movimento Comunhão e Libertação no Rio de Janeiro teve início em Copacabana, em 1984. Na época, dois jovens padres italianos, Filippo Santoro, de Bari, e Giuliano Renzi, de Rímini, disseram sim a Cristo, por meio de convite de Dom Giussani para cruzar o oceano e servir à Igreja local. Passados trinta anos, foi na Igreja Nossa Senhora de Copacabana, o mesmo local em que os dois foram hospedados por Mons. Abílio Diniz, que, no dia 17 de outubro, esses dois sacerdotes, sendo Filippo agora bispo, celebraram a missa de ação de graças por essa história. Na cerimônia, também estava presente Dom Karl Josef Romer, que, junto com o Cardeal Dom Eugênio Salles, foi quem pediu a presença de CL na cidade. No altar, muitos padres participaram da celebração, assistida por centenas de pessoas, comovidas e gratas pelo encontro que de diversas formas alcançou a cada um ali presente.
Na ocasião, foi lida a mensagem que padre Julian Carrón enviou, e ele ressaltou o valor de uma amizade logo nas primeiras linhas: “Qual o motivo para festejar o aniversário de vocês, se não a gratidão pelo fato de o Senhor, nesses trinta anos, não os ter abandonado? Esse é o essencial no qual o Papa Francisco nos convida constantemente a manter o olhar fixo; somente a memória agradecida da fidelidade de Cristo para com a nossa vida sustenta o nosso sim cotidiano à renovação do Seu chamado dentro das circunstâncias da vida”.
As comemorações foram realizadas em três dias, no evento chamado “Rio Encontros: uma vida em movimento”. Carlos Augusto Faria, que fez parte da coordenação do gesto junto com os amigos Rosângela Catarino, Walter Vasconcelos e Adriana Monni, afirmou: “Queríamos, com o ‘Rio Encontros’, não reviver um passado ou recordar com saudade coisas que não existem mais; muito pelo contrário, o objetivo foi manifestar esta Presença que nos encontrou e que incide hoje, de um modo diferente, mas que continua intenso, que nos permitiu encontrar cem vezes mais amigos, pais, mães, filhos, sentido para a vida, junto com perseguições, lutas, batalhas e sofrimentos”. A missa de sexta-feira foi seguida de uma recepção. No telão, fotos recordavam diversos momentos, férias, passeios, casamentos, apresentações culturais que marcaram a história do Movimento no Rio. De improviso, Giuliano e Filippo subiram no pequeno palco e cantaram: Pim pam, mattone su mattone, viva la companì. As pessoas celebravam ali o próprio aniversário: cantaram e dançaram. Muitos com seus filhos ou até netos, outros levaram seus pais, e muitos convidaram novos amigos. Uma festa para todas as gerações.
No sábado, as atividades foram realizadas na Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), local onde Dom Filippo lecionou durante muitos anos. Ele atualmente é arcebispo em Taranto, depois de ter sido ordenado no Brasil, em 1996, e tendo assumido, primeiro, a tarefa de Bispo auxiliar do Rio de Janeiro e, em seguida, Bispo Diocesano de Petrópolis. Pela manhã, a professora Márcia Valéria Rosa, professora de História da Arte na Uni-Rio, apresentou a mostra “O bem de todos: os afrescos do Bom Governo no Palácio Público de Siena”. Num salão com cerca de 80 pessoas, foram projetadas imagens da Sala dos Nove, e a professora Márcia Valéria explicou cada pintura. Sua fala baseou-se no catálogo da mostra que havia sido apresentada no Meeting de Rímini de 2010 por Mariella Carlotti. Na mostra, os afrescos de Ambrogio Lorenzetti introduziram o tema da política, que depois foi debatida pelo sociólogo José Roberto Cosmo e por Dom Filippo.
A vida de Dom Giussani, fundador do Movimento, foi apresentada no vídeo “Vidas Extraordinárias”, um documentário italiano. E como a música e a cultura sempre foram muito valorizadas pelo carisma, foi organizado um concerto para homenagear o poeta e compositor brasileiro Vinicius de Moraes. A iniciativa foi proporcionada pelos músicos Ricardo Tuttmann, tenor, e Clayton Vetromilla, violonista. O salão de 150 lugares ficou lotado, com jovens e adultos, que puderam apreciar a música e ouvir alguns relatos divertidos da vida do artista carioca.
Na noite de sábado, muitas pessoas vieram de outros lugares para participar da Jornada de Outubro, momento no qual Marco Montrasi, responsável nacional de CL, fez a apresentação do trabalho feito por Julián Carrón no mesmo evento na Itália, cujo título foi “Não sou quando não estás aqui”. Houve transmissão ao vivo para dezoito cidades do Brasil.
Após a Jornada, foram realizados outros dois momentos musicais. O primeiro em um show-entrevista em que a jornalista Elizabeth Sucupira fez uma conversa com Stella Caymmi, neta do grande compositor Dorival Caymmi. Stella falou sobre a vida do avô e, acompanhada pelo músico Marco Feitosa, cantou alguns sucessos do artista da Bahia. Para finalizar a noite, em clima de muita alegria, as amigas Marta e Rosângela, junto com uma banda de músicos, cantaram alguns sucessos de rock nacional e samba da década de 1990. Ninguém ficou parado, e rapidamente as cadeiras foram retiradas do salão que se transformou em um grande baile.
Uma história que continua. O domingo amanheceu ensolarado, e novamente em Copacabana, desta vez na Paróquia de Santa Cruz, foi realizada a missa de encerramento, seguida de um testemunho de padre Giuliano e Dom Filippo. Eles relembraram o convite de Giussani, os primeiros encontros, o início de tudo, que se deu em uma escola pública do bairro. Alguns daqueles jovens colegiais da época estavam presentes, juntos nestes 30 anos. E os que estavam há tempos sem encontrar os amigos também ficaram comovidos. Padre Giuliano lembrou que a cada vez que Giussani os encontrava, sua única preocupação era com eles. Por isso sempre fazia duas perguntas: “Vocês estão contentes? Vocês são amigos?”. E Dom Filippo completou: “Essa amizade se estendeu pelos padres no Brasil e na América Latina, e gerou muitos filhos”. Chegaram sem nenhum projeto, e, ao longo dos anos, o Senhor foi construindo sua obra por meio dos encontros que as circunstâncias favoreceram. Foi mais um momento para cantar “Sou feliz Senhor”, música que marcou o início da permanência deles aqui. Alegres porque o Senhor caminha com eles.
Após os testemunhos, houve mais um momento de confraternização, com almoço e premiação do concurso de poesias com o tema “Um grito lançado ao infinito”. Dezenas de colegiais participaram e os grandes vencedores foram os adolescentes Gabriel, de apenas 14 anos e Amílcar, de 16 anos. O evento foi encerrado com um sarau literário promovido pelos universitários de CL que teve como tema o caminho da vida. Jovens, na faixa de 20 anos, cantaram e recitaram poesias. Eles representavam os novos rostos do Movimento, sinal concreto de que essa história continua a dar frutos.
Credits /
© Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón