Dez anos de falecimento de Dom Giussani. Dez anos de peregrinação ao Santuário de Nossa Senhora da Penha, no Rio de Janeiro. Tudo começou quando cinco amigos de Comunhão e Libertação decidiram subir, na Quarta-Feira de Cinzas de 2005, os 382 degraus que nos levam ao topo do Morro da Penha para agradecer por uma graça recebida. Por que não convidar outros amigos?, perguntaram-se. Bastou um aviso na rede de e-mails de CL e dezesseis outros amigos compareceram. Desde então, o número de peregrinos aumenta a cada ano. Do Rio, de São Paulo, de Minas Gerais, de Brasília, da Bahia... da Itália.
Muitos amigos que vêm conhecer o Carnaval da Cidade Maravilhosa acabam participando da peregrinação também e neste ano éramos mais de cem. Todos carregando a mesma certeza: só a amorosidade de Nossa Senhora pode sustentar nosso desejo de caminhar com o Senhor no deserto nos próximos quarenta dias. Para acompanhar o gesto da caminhada, a leitura dos comentários de Dom Giussani aos mistérios dolorosos do terço nos ajudam nesta tomada de consciência.
Contudo, a peregrinação remonta ao século XVII, quando, por volta de 1635, o Capitão Baltazar de Abreu Cardoso, proprietário daquele penhasco, invocou o nome de Nossa Senhora a fim de ser salvo do ataque de uma serpente muito venenosa. No mesmo instante em que dissera “minha Nossa Senhora, valei-me!”, apareceu um lagarto que travou mortal batalha com a serpente. Por isso, Baltazar ergueu no penhasco (reduzido à penha) a primeira capela. A escadaria foi talhada e polida na rocha, em 1819, após a Senhora Maria Barbosa ter dado a luz a um menino, cuja graça havia sido invocada pela interseção de Nossa Senhora da Penha.
Essas e tantas histórias de devoção e de gratidão nos unem a milhares de peregrinos que, diariamente, vão buscar acolhimento sob o manto da Virgem Maria. A reza do terço, grito pela sua poderosa interseção, carrega - a cada leitura, a cada Pai Nosso, a cada Ave Maria - o nosso limite, a nossa incapacidade de uma verdadeira conversão. No entanto, assim como o Capitão Baltazar e a Senhora Maria Barbosa, que nos precederam nesse gesto, confiamos que a Mãe de Deus pode fazer com que “guardemos tudo no silêncio do nosso coração”. Tudo o quê? Todo o nosso desejo de Justiça, de Verdade, de Beleza, de Felicidade. Desejos que não encontram correspondência na corrupção, na mentira, na perseguição, na violência, enfim, nos males que assolam o mundo – fruto do nosso pecado. Pecado introduzido no mundo por um só homem, mas do qual a humanidade inteira fora lavada pelo sangue do Cordeiro.
Nesses tempos em que reina a mentira, nenhuma justiça humana é capaz de saciar a nossa sede. Só a misericórdia de Deus, que nos alcançou antes que fôssemos gerados no ventre de nossas mães, só a Sua ternura para conosco nos faz pedir com a Samaritana: Dá-me a água viva que jorra da fonte inesgotável que é Jesus Cristo.
Por isto subimos a penha: para pedir a Nossa Senhora que nos faça lembrar, em todos os dias deste ano de 2015, de que somos pó, de que ao pó voltaremos, mas, sobretudo, de que somos amados pelo Seu Filho.
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