O que aconteceu em Roma na Audiência que Papa Francisco concedeu a Comunhão e Libertação no dia 7 de março ainda ecoa forte em nós. Na vigília, escrevemos que iríamos à casa de Pedro com um pedido: “Mendigar a fé”. Mas cada um pode dizer por si se participou daquele gesto com essa abertura, com essa necessidade escancarada. E quem viveu assim pode tomar consciência de qual resposta encontrou. E de como o Papa nos levou a sério até o fundo, com um abraço infinitamente maior do que o esperado. Um abraço capaz de desconcertar, de nos tirar da medida de nossas próprias mentes. Em uma palavra, de “descentrar-nos”.
Se após o encontro na Praça São Pedro saímos surpreendidos dessa forma, é um bom sinal. Porque percebermo-nos descentrados de nós mesmos e recentrados no essencial não é algo que possamos fazer sozinhos, apoiados em nossos esforços ou em nossas intenções: só pode nascer de uma presença, do maravilhamento comovido por algo que acontece. Exatamente como o Evangelho cita continuamente.
De fato, a vida de Jesus foi um contínuo “descentrar” os discípulos: quando discutiam sobre quem era o primeiro entre eles, quando diziam “este faz milagres, mas não é dos nossos”, quando estavam contentes pelas conversões conseguidas ou alarmados pelo pão que faltava... Até o fim, até as últimas palavras ditas a Pedro, que cuidava de João: “Se quero que ele permaneça, o que lhe importa?”. Descentrados e recentrados, sempre. Se também aconteceu em Roma – e reacontece depois – é porque realmente “vivemos de novo a experiência do encontro com Cristo”, como disse padre Julián Carrón: “Vimo-Lo primerear diante dos nossos olhos através da pessoa e do olhar do Papa Francisco”.
Nesta edição de Passos e nas seguintes continuaremos a relatar testemunhos de quem se deixa interpelar pelas provocações do Papa Francisco na Audiência, num trabalho que apenas começou, ou foi retomado. E que pode continuamente ser iniciado e retomado, sempre, embora com todos os nossos limites, exatamente porque o centro não somos nós ou a nossa capacidade. No centro, está Cristo. Dom Giussani gastou toda a sua vida para mostrar isso. Essa é a primeira coisa à qual devemos nos chamar a atenção. Esta é a nossa amizade.
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