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Passos N.171, Julho 2015

EDUCAÇÃO - ATST

Na companhia da Associação, descobertas e vitórias

por Rosemeire Lopes

Um caminho de muitas lutas, no qual foi fundamental o encontro com pessoas que ofereceram um caminho educativo. Seguindo uma proposta, e levando a sério a própria vida, o início de uma realização

A Associação Educar para a Vida, guiada por Cleuza Ramos e Marcos Zerbini, há vários anos desenvolve um trabalho de convênio com universidades particulares, em São Paulo, oferecendo a milhares de pessoas a oportunidade de cursar um curso superior. Mas o grande diferencial da Associação é o caminho educativo que oferece com seus encontros mensais. A seguir, o depoimento de uma aluna, recém-formada, na assembleia de junho passado, ao receber da Associação um simbólico troféu por sua vitória.

Sou formada em Direito, pela Unifai, e quero deixar uma mensagem para todos vocês. Tenho 50 anos de idade e há aproximadamente vinte anos eu já trazia comigo um sonho: cursar a faculdade de Direito. Terminei o segundo grau cursando supletivo, com muito sacrifício, porque não gostava muito de estudar, e logo em seguida prestei vestibular e consegui entrar na faculdade para cursar o tão sonhado curso. Achava o máximo estar na faculdade, e como minha família não podia me ajudar, abriu mão da ajuda que eu dava mensalmente em casa. Foi sacrificante, mas era para uma boa causa. Escolhi sentar logo no fundo da classe, e logo formamos uma turminha do fundão e começamos a nos reunir toda sexta-feira para a tradicional cervejinha, pagode e também comentarmos sobre o futuro da profissão, sobre alguns trabalhos e matérias. Quando marcávamos para estudar era com churrasco, bate papo, e estudo que é bom, muito pouco ou quase nada.
Terminou o ano letivo e fui reprovada. Fiquei devendo a faculdade porque eu queria mostrar para mim mesma que eu podia ter amizades com pessoas de nível financeiro superior, e para não ficar para trás ou me sentir inferior, atrasei por várias vezes as mensalidades da faculdade para poder ter dinheiro para acompanhá-los nos barzinhos, no cinema, nas pizzas, restaurantes... Quando veio minha reprovação resolvi trancar a matrícula.
Nesta fase perdi o emprego, porque para permanecer eu deveria estar cursando o nível superior. Com o dinheiro da rescisão pude pagar a dívida da faculdade, mas fiquei desempregada, sem profissão. Devagarzinho eu fui galgando um espaço aqui outro ali, entregava panfletos em farol, comecei a trabalhar em serviços domésticos, depois comprei um carrinho de cachorro quente.
Fui indicada para cuidar de uma senhora acamada e desenvolvi a habilidade de cuidadora. Fui aconselhada a fazer inscrição em um curso de enfermagem gratuito, consegui concorrer a uma vaga, me formei, prestei concurso público e comecei a trabalhar na área. Mas havia algo que me incomodava, uma inquietude que me acompanhava, me acusando, dizendo: “Você poderia estar formada, mas perdeu a oportunidade e agora não consegue voltar”. E realmente eu não tinha condições. De repente, perdi minha mãe que teve um infarto fulminante. Eu me senti sem chão. Mas, tinha que prosseguir e continuei em busca da oportunidade perdida.
Nesta caminhada aprendi sobre o amor de Deus por nós. Amadureci, já era uma pessoa adulta e sabedora do que queria da vida. Fiz novas amizades e dentre elas uma colega que me falou da Associação Educar para a Vida, falou que as filhas haviam se formado aqui, e que também havia um projeto de habitação. Vim para fazer a inscrição para o grupo de moradia, mas quando entrei aqui para buscar informação me deparei com uma feira de exposições das faculdades e vi ali a oportunidade de realizar o meu sonho. Após as participações de filiação na Associação, prestei o vestibular na faculdade que eu já havia me informado na feira dos estudantes, e participando de algumas palestras percebi o diferencial desta Associação, que me serviu de degrau para a realização do meu sonho, pois a princípio pensei se tratar de mais um lugar que serve apenas para angariar votos políticos, mas, puro engano, nem mesmo se trata de cunho religioso, pois você é bem vinda seja qual for seu credo; também não é apenas o desconto na faculdade que ela nos proporciona, mas sim, as lições de otimismos, as mensagens de perseverança e humildade no exemplo da dona Cleuza e do Dr. Marcos. Aqui é como se fosse uma extensão da nossa casa, todos os colaboradores estão sempre bem dispostos a nos ajudar, a conversar, levando uma mensagem de otimismo e confiança em si, porque se nós não acreditarmos em nós mesmos, nada conseguiremos, pois todos nós somos capazes.
Hoje eu subo neste pódio e agradeço primeiramente a Deus na pessoa do Senhor Jesus Cristo. Eu hoje posso dizer que eu ouvi o sim de Deus após quase 30 anos depois de ter desprezado uma oportunidade de poder realizar um querer. Sofri, passei fome, muitas necessidades, humilhações, mas Deus resgatou a oportunidade que eu havia deixado para trás e deixo aqui esse legado para todos vocês: não deixem passar as oportunidades, não dependam de ninguém, não percam o seu foco, não se iludam com a faculdade, façam do seu curso algo concreto em suas vidas, não permitam que determinadas circunstâncias acabem com os seus sonhos. Em 30 anos eu só consegui voltar a cursar o nível superior devido ao projeto dessa Associação. Ela cuida do nosso psicológico, levanta a nossa moral, porque somos desacreditados socialmente, passamos por muitas dificuldades, e a Associação nos ajuda respeitando a nossa crença, a nossa educação, nos ajudando a superar os obstáculos que enfrentamos no dia a dia.
Hoje eu levanto esse troféu porque eu posso dizer com certeza: eu venci!

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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