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Passos N.173, Setembro 2015

FORTALEZA

“O momento se mantém vivo”

por Aparecida T. Nagao-Dias e Chiara Rucci

Em Fortaleza, uma exposição sobre os cristãos do Iraque e as relíquias de Cristo. A partir de uma provocação do Papa, o mover-se de jovens e adultos, e as perguntas que nasceram

No dia 23 de maio, Vigília de Pentecostes, o Movimento propôs uma Vigília pelos Cristãos do Iraque e Síria, respondendo ao apelo do Santo Padre. Como não havíamos tempo de organizar um grande evento, decidimos que todos os nossos grupos aqui em Fortaleza lessem algumas entrevistas sobre este tema. Como havia caritativa neste dia, também lemos os textos com os coroinhas, jovens de 10 a 16 anos, membros da paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Caucaia, na Região Metropolitana, onde padre Nascélio é pároco. Foi uma imensa surpresa. Todos ficaram muito tocados pelos textos. Saímos do encontro e fizemos uma proposta de preparar com eles uma exposição sobre o Santo Sudário, sobre outras relíquias de Cristo e sobre os cristãos do Iraque que estão sofrendo violentas perseguições. Foi um mês de intenso de trabalho, mas o resultado valeu muito a pena. Fizemos uma cópia do Santo Sudário em lona de 2,00m x 1,00m, além de pôsteres mostrando a tabuleta, o prego e o espinho usados em Cristo, e que estão na Igreja Santa Cruz de Jerusalém, em Roma. Havia também muitas fotos dos cristãos do Iraque, extraídas da internet. Foi conseguido o vídeo original do Santo Sudário, sendo colocada a legenda em português para exibição.
A exposição foi realizada no dia 20 de junho e se dividiu em três setores: a) Santo Sudário: banner, fotos e vídeo b) Outras relíquias de Cristo: pôsteres c) Cristãos perseguidos: fotos, textos. Em cada um, dois ou três coroinhas explicavam sobre o tema. Ainda foram disponibilizadas canetas e papel para quem quisesse escrever uma mensagem para os cristãos refugiados. É impressionante como é tão verdadeiro aquilo que Carrón nos diz que não basta a objetividade que acontece diante de nós. Depende do senso que cada um tem. Vários coroinhas se envolveram seriamente, no entanto, alguns poucos não se deram conta do que estava acontecendo, nem estando diante daquilo tudo. Era como um estranho diante de um grande fato. Entre nós, organizadores, não foi diferente. O risco de reduzir o significado do fato era iminente, como a história dos trabalhadores da vinha. Quem chegou antes? Quem chegou depois? Quanto um fez? Quanto o outro fez? E acaba-se o melhor de tudo: a beleza da experiência. Aquele que estava com o coração minimamente aberto deixou- -se tocar e não saiu mais o mesmo. Não era possível sair ileso daquela experiência. Na própria exposição havia uma ou outra pessoa que não desgrudava. Ia e voltava. Era bonito de ver. A ocasião serviu também para a venda das revistas Passos. A seguir alguns testemunhos de quem participou deste gesto:
“Eu, mesmo sendo um coroinha, não tinha conhecimento da existência do Santo Sudário e das outras relíquias e quando as vi senti um grande calafrio. Eu não podia acreditar que estava olhando para a própria imagem de Jesus Cristo na foto negativa do Santo Sudário. Na Bíblia, Jesus Cristo fala que benditos são aqueles que acreditam sem terem visto, mas no meu pensamento aquilo foi fantástico, eu queria expor aquilo tudo para a comunidade, queria que eles tivessem o conhecimento que eu adquiri. Existem tantos ateus que não acreditam em Jesus pelo simples fato da sua história ser de mais de 2000 anos atrás e talvez fosse só mais algo inventado pelo homem, mas não! Eu tinha a prova de tudo aquilo em minhas mãos. Eu queria mostrar para as pessoas que elas tinham uma razão para ter fé e crer em Nosso Senhor. A exposição para mim foi uma realização!”
(Victor Paiva, coroinha)

“A exposição foi muito simbólica para o grupo, especialmente para os que apresentaram. O nosso trabalho começou poucas semanas antes, então nós tínhamos que correr para conseguir o material, pois nossa reunião só acontece uma vez por semana. Quando nos apresentaram a proposta, concordamos imediatamente, primeiro porque não sabíamos da existência do Santo Sudário ou das relíquias, mas tínhamos conhecimento dos cristãos que sofrem no Iraque. Então, além de ser um trabalho para ser mostrado à comunidade, também seria um bom material de estudo para os articuladores do projeto e para o grupo como um todo. Fui sorteado para apresentar a parte dos cristãos no Iraque e, apesar de já ter algum conhecimento sobre eles, quando comecei a estudar vi a importância da comunidade saber mais detalhadamente sobre o assunto. No dia da apresentação, durante a oração inicial, Deivis nos mostrou a frase Ora et labora (reze e trabalhe) e passamos a manhã inteira organizando a exposição. Quando as pessoas chegaram e nós começamos a apresentar, vi o interesse delas igualmente pelos três temas. Para mim foi muito bom ver que o nosso trabalho e estudo não serviram apenas para nós, mas para toda a comunidade. Esse momento se mantém vivo. Ainda temos nosso material e, toda vez que eu vejo os cartazes, eu lembro que valeu a pena todo o nosso esforço.”
(Vitor Farias, coroinha)

“A exposição para mim foi um aprendizado. Todo aquele estudo que eu fiz, valeu a pena. No dia dela queria dar o meu melhor. Não só eu me esforcei, mas também meus companheiros. Todo esse período eu aprendi alguma coisa sobre o Santo Sudário, outras relíquias, e cristãos no Iraque. Sei que as pessoas que foram à exposição aprenderam alguma coisa com a gente. Por fim, eu queria agradecer a vocês por terem nos ajudado e por terem tido paciência com alguns de nós, e agradecer ao Deivis e Mauro, obrigado por tudo!”
(Anderson, coroinha)

“Para mim, a proposta feita por Cida e Chiara, de realizar uma pequena mostra na paróquia do padre Nascélio, teve o caráter de um convite. Convite naquela circunstância, de poder olhar mais para minha vida. Pesquisar sobre algumas relíquias de Cristo e também sobre a Escada Santa (que podem ser encontradas em Roma), fizeram-me relembrá-las, pois as visitei e pude verificar quão grande é esta história que nos alcança pela difusão do Cristianismo, principalmente na figura de Constantino e de sua mãe Santa Helena (por volta do ano 330). Não eram para nós os méritos de tal iniciativa, tão grande repercussão que causou, mas sim para eles coroinhas, eles que foram os expositores dos cartazes aos visitantes da paróquia. É verdade que para que acontecesse essa exposição, muito tempo nosso foi dedicado anteriormente com pesquisa, impressão de cartazes, adaptação de vídeo, entre outros. Através desta apresentação, os coroinhas puderam conhecer melhor o Cristianismo e transmitir seu aprendizado para outras pessoas. Posso dizer que tudo é um caminho e que compreendo melhor hoje o que Dom Giussani intuiu ao contribuirmos para uma obra. Ele disse: ‘É preciso colocar-se à disposição daquilo que se tem para que possa ser ajudado a existir’. São exemplos disso: Constantino, Santa Helena, os coroinhas, nossos irmãos no Iraque, e todos os que de alguma forma constroem a Igreja.”
(Mauro)

“Sou italiana, de Turim, e neste ano vim trabalhar em Fortaleza por dois meses. Naquele período, eu tinha (também agora) um desejo muito grande de descobrir por qual razão eu estou neste mundo e porque Deus me trouxe ao Brasil. Quando cheguei a Fortaleza, o meu coração estava aberto e, por isso, na hora em que a Cida convidou para a caritativa, eu quis ir. Eu não imaginava que o trabalho sobre o Santo Sudário seria tão bonito. No dia da exposição, eu tinha um desejo muito grande de ver onde Ele estava, e fiquei de olhos abertos. Fiquei vendo os coroinhas explicarem e notei uma beleza nos olhos deles e fiquei impressionada como eles se envolveram. Fiquei impressionada com a beleza, como cada sessão da exposição foi apresentada com uma perfeição. Foi lindo! Fiquei impressionada com o olhar das pessoas durante as visitas. Pensei como somos muitos amados. Mesmo que a gente tenha trabalhado muito para isso, cada um podia ver que aquela Beleza que estava na nossa frente era mais do que aquilo que tínhamos programado. Vi que, de verdade, nós somos somente um pequeno instrumento de Deus para mostrar a Sua glória no mundo. Acho isso incrível, que nós, mesmo sendo frágeis, miseráveis e cheios de pecados, Deus usa o nosso olhar, o nosso corpo, a nossa vida para dar o Seu amor às pessoas que encontramos. Às vezes, para fazer isso, Ele precisa de nós por um tempo breve, foram só dois meses para mim. Na Escola de Comunidade que fizemos naquele dia, surgiu uma pergunta, que ainda carrego comigo: “Como posso agradecer a Cristo pelo amor que Ele me deu até agora? Continuarei procurando a Sua vontade naquilo que a realidade se mostra a mim.”
(Maria Chiara)

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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