Passos N.174, Outubro 2015

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Desafiados pela beleza

A vantagem de qualquer crise, como a que a Sociedade atualmente está passando, é que “obrigam a voltar às perguntas; exigem de nós respostas novas ou velhas, desde que resulte de uma análise direta” (Hannah Arendt). É um convite a abrir-se aos outros e a não ficar preso em suas próprias posições. É uma ocasião de encontro e uma circunstância preciosa também para os cristãos, chamados a verificar a capacidade da fé de enfrentar os novos desafios, chamados a entrar sem medo em um diálogo global no espaço público.

No Brasil, desemprego, inflação, reformas políticas para tentar conter a expansão de uma crise já instalada. E, no mundo, as dificuldades de acolhida aos migrantes na Europa, as perseguições no Oriente Médio. Neste cenário sombrio, por que alguns amigos do Rio de Janeiro decidem realizar um evento colocando como tema a beleza? E por que padre Julián Carrón lança um livro intitulado justamente “A beleza desarmada”?

Em recente entrevista, padre Carrón afirmou: “A beleza é o instrumento mais simples que o homem tem para ser atraído. A beleza tem dentro de si uma atração que favorece o seu reconhecimento”. Vivemos o “colapso das evidências”, caracterizados por uma fraqueza de consciência e incapacidade de reconhecer a realidade por aquilo que é. Para nos ajudar a sair deste torpor, a beleza se oferece como provocação à liberdade de cada homem.

Porque o verdadeiro problema é o surgimento do “eu”, a geração do sujeito que se mantenha vivo carregando as perguntas fundamentais do viver. E esta proposta pode ser transmitida apenas através de um testemunho, de uma vida.