Três ônibus de colegiais chegam entre os desabrigados da região central da Itália.
Levam “a si mesmos”, e preparam um jantar para 400 pessoas
“A gente volta a se encontrar no próximo ano”. Nestes termos, padre Cláudio havia prometido no final de agosto ao proprietário do hotel nos Montes Sibilinos, onde os colegiais de CL da Emília-Romanha deveriam transcorrer uma semana de férias. Depois, o terremoto havia destruído tudo, mas não os relacionamentos.
A promessa foi mantida. De 27 a 29 de dezembro, 165 jovens do grupo de colegiais e uma dezena de adultos estiveram não nos Montes Sibilinos, mas em Montorso, perto de Loreto, para, daí, chegar até os campos de acolhida de Porto Recanati, Porto Sant’Elpidio e Sarnano. “Até mesmo pela proximidade geográfica, o terremoto havia interpelado os jovens. Não nos interessava levá-los para resolver os problemas das vítimas do terremoto, e sim para redescobrir a necessidade deles e nossa, assim como a caritativa nos ensinou”, relata padre Cláudio. Partiram deste desejo do coração; e tantos jovens, mesmo os distantes de iniciativas de caráter “religioso”, aderiram com entusiasmo. A professora Anna Garuffi explica: “Certo, podíamos enviar dinheiro, roupas; mas decidimos levar a nós mesmos, conscientes de que naqueles três dias não resolvíamos as necessidades deles, mas partilhávamos a vida. Foi esta a aposta”. A partir do título: “O abalo da vida”.
Primeiro dia, visita à Santa Casa de Loreto e à tarde um encontro, preparado por professores e jovens, sobre o desejo em Leopardi, além do testemunho de Roberto, um desabrigado. Na manhã seguinte os três ônibus partem. Nas mochilas: bolas, cartas de baralho e... rolos, farinha e banha. Nos campos, os jovens se dividem nas várias atividades: brincadeiras para os pequenos, futebol e basquete com os maiores e torneio de baralho com os idosos. E ainda, seguindo as instruções das moças visitantes, todos a amassar e assar pizzas. À tarde se retoma a linha de discussão sobre o desejo. No hotel, a leitura de trechos do Evangelho, do Papa e de Dom Giussani feita pelos jovens, introduz a visita à mostra sobre Madalena idealizada por Vittorio Sgarbi em Loreto. Uma moça comenta: “Que modo de olhar tinha Jesus, se foi suficiente um olhar para mudar-lhe a vida?”.
No terceiro dia, os jovens, ao encontrar os desabrigados, chamam-nos pelo nome como fossem velhos conhecidos. As psicólogas do campo estão curiosas, querem entender mais quem são estas pessoas. Jogos, bingo e, antes da volta, o convite dos jovens: “Esta noite, para quem quiser, oferecemos um jantar feito por nós. Será uma festa. Vamos colher as adesões para organizar melhor”.
Os três ônibus chegam lotados a Montorso. Trazendo de Rímini costeletas e linguiças, que pais e mães cozinham para todos. No meio dos cento e cinquenta desabrigados, também as psicólogas encontradas de manhã. À noite, entre saudações emocionadas de todos, uma delas diz: “Olhando para vocês entendi que é o Natal”. Também para Anna aqueles três dias foram uma descoberta: “Compreendi a frase do Cartaz que eu lia toda manhã. Nós também podíamos contentar-nos em ajudar, ao invés quisemos ir”.
Voltando a Rímini, Filippo, 16 anos, escreve: “Em Loreto, com os amigos dos colegiais, foi uma experiência intensa na qual eu vivi a alegria de utilizar melhor o meu tempo. Cada momento da jornada fora pensado por outro alguém para mim, a cada instante tinha um amigo por perto, um encontro para escutar, uma pessoa nova para conhecer: não estava perdendo tempo, mas estava indo ao fundo do meu desejo. E é isto que trouxe para casa, porque eu solitamente não vivo assim, com esta intensidade. Também eu todo dia, na escola, com os amigos, em família, quero tentar viver até o fundo do meu desejo. Quero utilizar o meu tempo só para isto, como Leopardi e a Madalena. Desejo ser abalado no coração, como se também eu fosse vítima de terremoto, e não perder tempo”.
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