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Passos N.190, Abril 2017

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Brasil ganha 30 novos santos

O Papa Francisco aprovou no dia 23 de março a canonização de 30 beatos brasileiros que foram massacrados em 1645 nas localidades de Cunhaú e Uruaçu, no Rio Grande do Norte, durante a ocupação holandesa do Nordeste. Os beatos foram mortos por se negarem a abjurar da fé católica e aderir ao calvinismo, religião dos holandeses. Serão proclamados santos os padres André de Soveral e Ambrósio Francisco Ferro, junto a Mateus Moreira e outros 27 companheiros leigos.

Os mártires foram vítimas de dois assassinatos em massa. O primeiro massacre aconteceu no dia 16 de julho daquele ano, durante uma missa dominical numa capela no Engenho de Cunhaú, no atual município de Canguaretama. Segundo relatos históricos, em uma missa rezada por padre André de Soveral, após a consagração do pão e do vinho, Jacob Rabbi, que estava a serviço da Companhia das Índias Ocidentais Holandesas, trancou as portas da igreja e, com uma tropa de índios Tapuias e soldados, ordenou a matança de todos os fiéis.

Com a notícia das atrocidades em Cunhaú, o medo se espalhou pelo Rio Grande do Norte e capitanias vizinhas. Apenas três meses depois, ocorreu o segundo ataque, outra vez sob as ordens de Jacob Rabbi. Alguns católicos haviam buscado refúgio numa fortificação construída no pequeno povoado de Potengi. No dia 3 de outubro, em Uruaçu, hoje parte do município de São Gonçalo do Amarante, esses católicos foram atacados, resistiram, mas acabaram se rendendo e foram massacrados às margens do rio Uruaçu. Entre os mortos estavam os padres Ambrósio Francisco Ferro e André de Sandoval, o camponês Mateus Moreira e seus 27 companheiros que serão transformados em santos. Conta-se que Mateus Moreira teve o coração arrancado pelas costas, enquanto repetia a frase “Louvado seja o Santíssimo Sacramento”. Relata-se, também uma série de crueldades como línguas arrancadas, braços e pernas decepados, crianças cortadas ao meio e corpos degolados.

Ainda segundo os relatos históricos, os invasores holandeses ofereceram aos fiéis católicos a opção de conversão ao calvinismo, mas eles escolheram o martírio. Foram dezenas de mortos nos dois episódios, mas apenas 30 – aqueles que têm o nome conhecido – tiveram o processo de beatificação aberto em maio de 1988. Os 30 mártires brasileiros de Cunhaú e Uruaçu tiveram a santidade reconhecida por um decreto papal conhecido como canonização equipolente. Não há necessidade de comprovação de milagres, desde que haja três requisitos: a prova da antiguidade e constância do culto ao candidato a santo, o atestado histórico de sua fé católica e de suas virtudes, e a fama de milagres intermediados pelo candidato. A data da canonização ainda será confirmada.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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