Este é um tema que tem suscitado perguntas ultimamente. Liberdade, que dom tão precioso e inestimável, que é esta capacidade misteriosa que temos de aderir ao bem, de pedi-lo, de ser disponíveis para buscá-lo também dentro das pregas da realidade, que muitas vezes se apresenta a nós com traços que não gostaríamos (uma dificuldade, uma dor, um desejo não correspondido); ou de dizer não, de nos fecharmos.
Muitas vezes consideramos a liberdade como algo óbvio. Ao invés, é uma linha sutil, quase imperceptível, a designar o modo com o qual enfrentamos as circunstâncias, com o qual decidimos viver. No fundo, diante de cada momento de cada jornada, como recordava recentemente Pe. Carrón em um encontro de Comunhão e Libertação, estão sempre em jogo duas concepções: aquela do “já sei”, e a pessoa permanece com aquilo que já tem na cabeça, uma ideia sua de como devem ser as coisas (normalmente diferentes de como são...); ou então “o pobre”, aquele que é totalmente consciente da sua necessidade, que está aberto. O primeiro, no fim, coloca a esperança no seu desempenho. O outro, espera tudo de Cristo.
São duas posturas, dois modos de viver instante por instante. Mas sempre depende de nós, da nossa liberdade. Podemos estar abertos para aprender de novo aquilo que pensávamos que já sabíamos, e que, ao invés, não é óbvio – como será relatado no Meeting de Rímini a ser realizado na Itália no final de agosto; ou fechados diante desta “mudança de época”,e assim nos encontramos sem armas para enfrentar os desafios de hoje: a educação, os jovens, o trabalho.
Numa extensa entrevista com Pe. Carrón, a qual dedicamos o destaque deste número, colocamos em evidência a necessidade de aprender esta posição de pobreza, este método de Jesus, que apenas pelo modo como olhou para Zaqueu, o transformou. Ele era o chefe de publicanos, já havia recebido inúmeras repreensões durante toda a vida, mas nada foi capaz de movê-lo. Chega Jesus, e por causa daquele abraço, tudo foi revolucionado.
Também nas últimas páginas desta edição de Passos, naquela leitura na qual Ignacio Carbajosa percorre o Livro de Jó, encontramos um belíssimo e surpreendente texto, do qual – entre tantos pontos de reflexão –, se entende como Deus confia a resposta que ninguém pode dar (a pergunta sobre a dor do inocente) justamente à nossa liberdade, ao modo com o qual estamos diante d’Ele: abertos ou fechados. Depende de nós, mas muda a vida.
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