A proposta da Coleta de Alimentos, para educar as pessoas à gratuidade. A abertura às necessidades do outro gera a surpresa da correspondência à própria humanidade.
“Foi um dia incrível! Estou super cansada e muito feliz. Obrigada por ter me convidado para participar da Coleta!”. Essa foi uma mensagem que recebi logo após o dia da Coleta no ano passado em Salvador. E foi assim que muitas pessoas terminaram essa aventura “misteriosa” de participar deste gesto. O que está no fundo dessa experiência que mistura por um lado cansaço, trabalho, sacrifício e por outro uma sensação de correspondência, de felicidade, de beleza? A resposta para esta pergunta pode ser dada por cada um que participou da Coleta, e experimentou viver a caridade de forma gratuita e objetiva.
O dia nacional da Coleta de Alimentos é um gesto que tem um objetivo quantitativo de coletar alimentos para doar aos mais necessitados; mas tem também uma proposta de fundo, que talvez não seja tão mensurável quanto as toneladas de alimentos, que é comunicar aquilo que nós encontramos, que é o sentido da nossa vida, Cristo, pelo encontro com as pessoas que participam deste gesto. A Coleta de Alimentos, da forma que propomos e realizamos, possibilita que olhemos a necessidade do outro. Doando gratuitamente o nosso tempo, nossa criatividade e nossas energias, experimentemos uma grande correspondência ao nosso coração. É neste sentido que a Coleta possui dois objetivos principais: um quantitativo – os alimentos arrecadados – e um mais amplo, educar as pessoas à gratuidade, a essa abertura às necessidades do outro e à correspondência a sua humanidade.
Em 2008, a Coleta de Alimentos acontecerá simultaneamente em nove estados brasileiros, em 17 cidades diferentes: Barreiras (BA), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Campinas (SP), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Londrina (PR), Manaus (AM), Petrópolis (RJ), Ribeirão Preto (SP), Rio de Janeiro(RJ), Salvador (BA), São João Del Rei (MG), São José do Rio Preto (SP), São Paulo (SP), Sorocaba (SP) e Teresópolis (RJ). E tem como meta envolver cerca de oito mil voluntários que irão dedicar algumas horas do seu dia para arrecadar alimentos nas redes de supermercados parceiras, que serão distribuídos pelos Bancos de Alimentos para cerca de 180 mil pessoas necessitadas. Em cada uma dessas cidades já existem voluntários trabalhando, tanto para estruturar o dia da Coleta, como para conseguir parceiros para o gesto. Cada cidade conta com um Banco de Alimentos, com redes de supermercados (em âmbito nacional e local), com empresas que participam com recursos financeiros e envolvendo os funcionários nesta iniciativa. Além disso, alunos de escolas e universidades, membros de associações, Igrejas, amigos e familiares querem se envolver nesta iniciativa de forma voluntária. Esses são os frutos da Coleta: pessoas que se juntam a outras pessoas, gratuitamente, para fazer algo por outros que nem sequer conhecem.
Outro dia, marcamos uma reunião de organização da Coleta por Skype, já que estariam participando pessoas de oito cidades diferentes do Brasil. Era um sábado de manhã. E no horário marcado todos estavam conectados e dispostos a trabalhar por algumas horas para que este gesto aconteça. Foi comovente presenciar a generosidade daquelas pessoas, que deixaram de dormir um pouco mais, que adiaram algum compromisso, que contaram com a contribuição da família para poderem estar ali. E o que faz com que todos estejam ali? A consciência que existe um Outro que se faz realidade quando estamos reunidos. A unidade da Coleta só é possível porque estamos todos olhando um ponto que está fora de nós, que nos une, que nos chama, que nos corresponde. Esse é o Mistério que encontramos na Coleta. E este é também o sentido de pertencer, o sentido de que já não estamos mais sozinhos!
O Papa Bento XVI na Encíclica Deus caritas est (Deus é amor) nos diz que “a caridade será sempre necessária, mesmo na sociedade mais justa”. Porque fazer um gesto de caridade não diz respeito a resolver um problema social ou fazer algo que o Estado não faz, ou dar oportunidade às pessoas mais carentes. Antes de tudo, o gesto de caridade responde a uma exigência do próprio homem, ao seu desejo de felicidade e nasce da consciência real de que existe um Outro que me move, que move a minha humanidade a fazer isso. Um algo mais, que vai além de responder as necessidades materiais, e que coloca em jogo o sentido mais profundo de nossas vidas.
TESTEMUNHOS
Há um ano começou um projeto pedagógico novo onde trabalho e estou tendo que dar a disciplina para pessoas mais jovens. No começo eu estava com receio e aí, sempre rezando e atenta ao conteúdo e às pessoas, foi crescendo uma afeição. No semestre passado, coloquei uma atividade de campo para 50 alunos, onde faço extensão universitária. Eles se deram conta de que tinha algo novo, uma pedagogia diferente. Então, estão muito abertos às minhas propostas, as levam a sério. Para este semestre propus o gesto da Coleta. Um deles me disse de imediato que consegue 40 voluntários, uma outra aluna garantiu que a sua classe inteira vai participar. O terceiro supermercado vai ficar por conta do Movimento (amigos, filhos, famílias). Um dos alunos abriu uma comunidade no Orkut para a Coleta; uma outra conseguiu que seu noivo escreva uma pequena resenha no jornal; outra vai falar com a irmã que é jornalista na TV e pedir ajuda ao seu pai que tem uma transportadora; uma outra, ainda, vai falar com a gráfica em que sua mãe trabalha. Também recrutei meus alunos que trabalham com Farmácia Social e com o grupo do Patch Adams (grupo do riso). Bom, agora posso dizer, até a vitória, porque demos a partida.
Cida, Fortaleza – CE
Amigos, convido a todos para um breve encontro na Casa Cultura e Fé, logo após a missa, para retomarmos o gesto da Coleta 2008. Mais do que uma oportunidade para discutirmos a forma como o gesto é feito, logística, patrocínio, divisão de tarefas, etc, será uma oportunidade para afirmar o sentido da vida nesses dias cheios de aridez e individualismo. Tivemos, nestes últimos dias, vários testemunhos que indicam o caminho a seguir, nos ensinaram a dar razão do porque seguir e como seguir. Lembro que este gesto é para todos e desejo sinceramente que seja assim para todos. Caso contrário, perdemos tempo. Não sei se tenho capacidade para realizar um gesto como este, mas peço ajuda de todos para desejar viver estes momentos como dom, como graça.
Ricardo, Manaus – AM
Sábado 8 de novembro - Dia Nacional da Coleta de Alimentos
Compartilhar as necessidades para compartilhar o sentido da vida
Em um mundo em que as pessoas estão cada vez mais sozinhas e portanto pobres, os homens que doam a própria vida por quem mais sofre são um sinal de esperança.
A coleta de alimentos é um gesto de caridade cristã que une a todos, sem fronteiras, com um objetivo comum: encontrar amigos que precisam de nós, como nós precisamos deles, quem quer que sejam.
O teu desejo de bem pode se realizar hoje: venha fazer a Coleta conosco.
Informações: coleta.alimentos.brasil@gmail.com // www.cdo.org.br/coletadealimentos
Credits /
© Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón