Olhar bondoso
Neste ano, decidimos, com Sauro e Luigi (o primeiro, meu colega, e o outro, coordenador do instituto onde ensino religião), convidar nossos alunos, toda quinta-feira, para comer um lanche e, ao mesmo tempo, ajudá-los no estudo. Assim, ao final da última aula, trazemos para a sala de aula um vídeo, estendemos uma toalha, recitamos uma oração e comemos juntos, falando de nós mesmos e, sobretudo, das dificuldades escolares. A coisa correu muito bem durante todo o ano. Depois do almoço, estudo. A turma oscila entre quatro e vinte rapazes, entre os que têm mais dificuldade para aprender. Ao final, propusemos a leitura de um pequeno episódio acontecido na escola. É o episódio de Giussani com Manfredini. “Esse fato de Deus se fazer homem é uma coisa do outro mundo”, diz um aluno. “Uma coisa do outro mundo... neste mundo!”, acrescenta outro. A reação dos jovens é imediata e nos surpreende: “E nós? Nós também, este ano, vivemos uma coisa do outro mundo, a amizade entre nós”. “Eu – diz alguém – não acreditava que fosse possível uma amizade com os professores, com o diretor. Eu, não! É uma coisa do outro mundo neste mundo, no colegial isso era impensável”. Nicolò, que durante todo o ano foi acompanhado por Sauro, diz que também viveu uma coisa do outro mundo: a ajuda e a persistência de quem esteve sempre ao seu lado, obrigando-o a trabalhar. E que no próximo ano voltará a se inscrever no Itis, por causa dessa companhia. Nossos rapazes, através do sacrifício deste ano, foram inseridos num mistério através da ternura de um olhar sobre eles e intuíram a origem disso, afinal. Sauro, enquanto caminhamos, me toma pelo braço e me diz: “Obrigado”. Não é aquele agradecimento formal; intuo o mesmo olhar que tiveram aqueles dois quando fizeram a revelação mais importante da vida deles.
Piero,
Chioggia – Itália
O milagre da mudança
Caro padre Eugenio, nestes cinco meses senti um afeto e uma atenção comoventes e realmente inesperados; por parte dos amigos que sabiam e dos que intuíam o mal-estar e ficaram ao meu lado de maneira discreta; por parte de você, com a sua disponibilidade e amizade, e até de Carrón, que enquanto me abraçava dizia: “Estou com você!”. Mas uma coisa me impressionou neste período e sou sincero em dizê-lo: tudo isso não era suficiente para mim! Eu continuava triste. Porque a ferida estava aberta. Quanto ao problema em si, não mudou absolutamente nada. Domingo, voltei dos Exercícios e o impacto foi o de sempre: a esposa que não sorri, porque quer me fazer sentir que ela ficou sozinha cuidando dos filhos, que estou sempre viajando, etc. Eu procuro contar a ela tudo o que vi e encontrei junto a pessoas que pensam nos outros. Mas no dia seguinte, as mesmas tensões, os mesmos silêncios, os mesmos rancores. Mas se a circunstância, a ferida, continuou igual, não posso, não consigo dizer que em mim não mudou nada, porque na realidade mudou tudo! Tudo! Não consigo tirar da mente todos os instantes vividos em Rímini, do mais comovente com os Zerbini àqueles mais normais, como o fazer um lanche com os amigos. Algo muito importante, um milagre, uma plenitude... Cristo! Estava ali em nosso meio, estava conosco! Um fato! Um fato concreto e não um discurso, a quem o meu coração aderiu plenamente, porque plenamente correspondente. Ali, fisicamente com algumas pessoas, aderindo a certos gestos, num lugar preciso, com rostos determinados, me senti literalmente como aquele leproso que voltou para conversar com Jesus, depois de ter sido curado milagrosamente. Um milagre aconteceu também comigo, e é um milagre ainda maior: nestes dias, não estou mais fixando o olhar na ferida que sangra, mas n’Aquele que a deu a mim e que é o único a poder curá-la. Não consigo sinceramente dizer que agradeço a Deus pela ferida aberta, mas agradeço pela presença da graça, isto é, de todos os amigos que me testemunham que a gente pode ser feliz, mesmo com uma ferida que continua a sangrar. E não é que nesses cinco meses Ele não estava presente; ao contrário, para mim o único milagre possível, a felicidade, coincidia exclusivamente com a ferida curada (separação entre razão e experiência). Mas como você disse, Ele insiste, espera que a gente coloque em jogo a nossa liberdade, mas pacientemente... reaparece, e fez isso comigo nos Exercícios. Não podemos ver Jesus, mas podemos reconhecê-Lo e fazer a experiência d’Ele.
Carta assinada
Amizade fraterna
No ano passado, tive uma provação difícil. Em agosto de 2006, tive o diagnóstico de um tumor na mama. Fui operada, depois fiz quimioterapia e radioterapia. Estava num estado de choque, como todas as pessoas que passam por tal situação. Eu me sentia perdida, desorientada; não sabia mais no que acreditar, nada me ajudava. Telefonei para o padre Giuseppe, como uma mendiga pedindo socorro, e mal sabia que a resposta que me seria dada ia se tornar a minha principal razão de viver nos meses seguintes. Ele me disse: “Christiane, você precisa ficar boa para permitir que Cristo triunfe através de você; por você mesma e por todos nós”. A partir desse momento, percebi toda a importância da minha fidelidade à Escola de Comunidade. Era vital para mim continuar indo, pelo meu próprio bem, com um desejo profundo de viver. Era a ocasião apropriada para confrontar as minhas certezas com um olhar novo, com uma nova atitude, que se impõe a nós quando não podemos sair do jogo. Descobri que aquilo que era verdadeiro para mim tornava-se mais verdadeiro ainda; o que era importante crescia de importância. Eu precisava dizer sim à situação e reconhecer que tudo me fora doado, que esse tudo é indivisível e que só Deus conhece o meu destino. Meus amigos do Movimento estiveram muito próximos, sem eles nada teria sido possível. Paula me repetia com freqüência: “Você não está sozinha, nós estamos com você”. Meu marido e meus filhos reconheceram que os meus amigos estavam presentes, comigo e com eles. Paula me trazia alguns quitutes; minha filha, ao abrir a porta da geladeira, logo concluía: “Ah!, hoje sua amiga esteve aqui!”. Nessa reflexão espontânea está a essência mesma da Fraternidade, o que me permite crer e esperar, porque encontrei algo diferente.
Christiane,
Montreal – Canadá
Em classe
Caríssimo padre Carrón, sou uma professora que está perto de se aposentar e lhe escrevo para agradecer a belíssima lição do domingo dia 18 de maio, que nos chamou de modo nítido e preciso à realidade: nós não sabemos fazer nada, é Cristo quem age. Domingo à noite, reli as anotações junto com meu marido, ele também professor, e embora reconhecendo a verdade de tudo o que estava ali, reapareciam as costumeiras perplexidades: os jovens de hoje não aceitam mais um discurso sério, é quase impossível comunicar-lhes algo verdadeiro, etc. De qualquer modo, na manhã de segunda-feira procurei entrar na escola pensando em Cristo, e aí aconteceu algo totalmente inesperado, um milagre para mim. Entro numa classe que costumava me dar bastante trabalho, e uma menina logo me pergunta: “Por que, nestes dias, a senhora está mais feliz?”. Admirada, respondi: “É porque estou com Jesus Cristo”. E ela: “Mas não estava antes?”. “Sim, mas nestes dias alguém me fez lembrar disso” (na semana anterior, eu tinha participado dos Exercícios dos Jovens Trabalhadores). “Mas como a senhora pode ter certeza disso?”. E aí ficou clara a importância da Escola de Comunidade que estamos fazendo. “Vocês também, para aprender, têm que confiar: no professor, no livro de texto. A gente precisa aprender a reconhecer se uma testemunha é confiável...”, e assim fui em frente, chegando mesmo a relatar o meu primeiro encontro com o Movimento, quando eu tinha mais ou menos a idade deles. Nunca tinha visto a classe tão atenta, inclusive aquela aluna mais questionadora, que a certa altura me perguntou: “Por que a senhora está olhando pra mim?”. “Porque nunca te vi tão atenta”. “É porque esse assunto me interessa”. Propus a eles que fossem ao Happening dos jovens. Não sei se algum deles irá, se conseguirei envolver alguém numa amizade que coloque Cristo no centro. Espero e rezo por isso, mas agora sou tomada pela admiração e pela gratidão de ter visto mais uma vez que o Senhor realmente age.
Maria Grazia,
Pavia – Itália
Correspondência
Nos Exercícios dos Jovens Trabalhadores vivi uma experiência de correspondência e paz com uma intensidade que jamais tinha visto em minha vida. Na segunda-feira, ao despertar de manhã, sentei-me na cama e antes de me levantar percebi a falta de alguém que tinha tornado tão extraordinários os dias em Rímini: Jesus. Disse para mim mesmo: “Eu e os Zerbini, neste momento, estamos no mesmo ponto, porque ou agora reafirmamos nós três o sim a Jesus, ou a verdade que vivemos até hoje, inclusive uma experiência tão libertadora como a dos Exercícios, com o tempo vai acabar em nada”. Depois de ter acompanhado os filhos, escrevi uma mensagem ao padre Eugenio: “Que coisa, já sinto saudade! É muito lindo!”. Eu me lancei no trabalho com uma curiosidade e um desejo de reconhecê-Lo que jamais tinha experimentado antes. Alguns dias antes dos Exercícios eu tinha tido uma discussão bastante acesa com um amigo, que gostava de polemizar comigo e com a comunidade, ao ponto de eu ter decidido interromper a discussão, pois fiquei com a nítida sensação de que eu falava uma língua que ele não conhecia. Esse mesmo amigo também foi aos Exercícios, e às 15h30 de segunda-feira 12 de maio me escreveu este e-mail: “Nos incríveis três dias de Rímini entendi que até agora, no fundo, nada mais fiz que criticar o comportamento dos outros, de modo a ter a desculpa para permanecer imóvel dentro do barco. Agora é tempo de eu também me jogar na água”. Fiquei comovido diante da tela do computador; estava acontecendo ali, no meu escritório, a mesma correspondência que eu havia vivido alguns dias antes. Foi-me dada a graça de reconhecer Jesus através de um amigo que havia mudado bastante, não era mais o mesmo de antes. Quero dizer que o amigo que eu conhecia jamais seria capaz de escrever aquelas palavras, jamais. Escreveu-me numa língua que três dias antes ele não conhecia! Desde então, todos os dias, volta a acontecer. Volta a acontecer que, por um ou mais fatos da minha jornada, eu paro e em silêncio digo: “É você, Jesus!”, e aquela experiência de correspondência vivida em Rímini começa a ser, pouco a pouco, diária.
Andrea,
Milão – Itália
O sorriso de Jesus
Caro padre Carrón, há algumas semanas estou fazendo a Escola de Comunidade com colegas da minha escola. Cada vez eu faço cópias do texto para aqueles que não têm o livro. Ontem chegou um colega com o livro, adquirido um dia antes. Fiquei surpresa com esse gesto, me pareceu uma coisa extraordinária ele ter levado a sério o nosso encontro de quinta-feira! Ali me veio à mente aquilo que você disse nos Exercícios da Fraternidade, quando explicava que a atitude de Jesus em relação a nós é o de uma mãe quando sorri para o seu filho infinitas vezes, para fazer vir para fora o eu que se manifesta no sorriso. Pensei: “É o sorriso de Jesus para mim” e comecei a fazer Escola de Comunidade com aqueles colegas pensando só nisso, nessa gratuidade e nesse bem de que sou objeto. Eu me senti livre.
Grazia,
Pesaro – Itália
Atraídos pela beleza
Quero falar-lhe da minha trajetória à procura de mim mesmo. Eu me lembro do jovem que conheceu um italiano, me lembro do outono de 1994. Anos difíceis, às vezes não tínhamos o dinheiro para comprar comida. Era a aula de matemática. Entrou uma pessoa, estrangeira, e propôs estudarmos a língua italiana. Era padre Edo. E aquele jovem, diante da proposta, fez uma das poucas coisas certas da sua vida: aceitou a proposta e começou a estudar, a perguntar, e aos poucos foi aderindo a um modo de vida jamais visto antes: férias nas quais não se desperdiça o tempo com bebidas, jogando bola, lendo textos que pouco se compreendia, encontro com outros rapazes tocados pelo encontro com esses italianos estranhos, e tudo isso abria seu olhar para uma nova vida. Por que aconteceu isso? Não porque lhe faltasse companhia, poderia estar com os colegas do bairro bebendo vodca, buscando alegrias “falsas” e mergulhando no vazio. Porém, esse jovem tinha o desejo da beleza e dentro dessa amizade havia alguma coisa inexplicável e atraente, à qual não se podia dizer não, uma coisa que correspondia às exigências humanas essenciais de todo homem. Seu coração enchia-se de “alegria” e permanecia nela, lhe mostrava como viver verdadeiramente, mudava-o. Antes não entendia; depois, na medida em que crescia através da vida concreta, bela, dramática, e da ajuda de determinadas pessoas, soube dar o nome Àquele que tinha vindo ao seu encontro. Foi Deus que ele encontrou, Cristo. Pela primeira vez esse jovem viu-se na situação de entender o porquê, mas ficou na soleira da porta. Não estava pronto. Mas o amor de Deus pelas pessoas é maior do que podemos imaginar. Já o fato de eu estar neste mundo, com todo o conteúdo da vida plena (sofrimentos, alegrias verdadeiras, tristezas, erros) é sinal do Seu amor por mim, porque me chamou do nada. Deus deu uma segunda chance àquele jovem, agora adulto. Deus lhe revelou o Seu amor ao se interessar por esse jovem, despertou-o e bateu à sua porta através de um encontro e da relação dramática com uma pessoa. O último empurrão foram os Exercícios 2007 (aos quais não queria ir, por preconceito) e ouvir padre Ambrogio dizer: “Temos a coragem de aceitar o desafio? Aceitamos correr o risco de verificar essa promessa? O que vale a vida, se não para ser doada? Ou preferimos não ser nem carne nem peixe...”. No início, ficou triste pelo fato de que “nem carne nem peixe” era justamente ele, mas depois, após ter raciocinado pouco e observado muito, disse para si mesmo: “Não aceitá-Lo, não abraçá-Lo plenamente, é ir contra tudo o que vivi e vivo aqui e agora”. E decidiu fazer uma outra coisa certa, dentre as poucas que fez na vida: aceitá-Lo. Assim esse rapaz tem procurado viver, com a fé, a esperança e o amor ao Cristo que encontrou. Tendo como base uma história vivida no momento presente e a esperança que daí decorre como conseqüência.
Carta assinada,
Cazaquistão
Um encontro excepcional
A experiência de encontro que eu fiz foi tão profunda que não me permitiu parar nas aparências. Fui convidada para assistir a uma reunião do Movimento, mas já tinha uma idéia dos encontros “católicos” em reuniões parecidas. A princípio não entendia nada do que se falava, mas continuei participando, talvez por curiosidade, e encontrei ali respostas da verdade que eu procurava responder sobre a minha vida e meu destino e percebi como era limitada a minha fé. Recebi a graça de ter sido escolhida para fazer parte desta nova caminhada e por causa desta presença viva em mim eu era impulsionada a falar disso para quem estava em minha volta, como André e João: “Encontramos alguém diferente, tem palavras que nos tocam, penetram os nossos pensamentos”.
Este encontro é o que sempre desejei. É algo inexplicável, mas que dá razão a toda razão da minha vida. A cada semana fico ansiosa para chegar a reunião, pois é ocasião para aprender mais. Verifico em mim a importância que este fato incomum trouxe como conseqüência nos relacionamentos que eu vivo com as outras pessoas, a ponto de algumas me perguntarem: o que te aconteceu? Você está diferente! Não sei explicar o que aconteceu. Mas quero continuar seguindo este caminho, pois a presença de Cristo completa o meu coração. Este encontro é maravilhoso e vou segui-lo e serei fiel ao chamado que me provocou a deixar tudo para me encontrar às quartas à noite com vocês, tendo que retornar ao centro da cidade, já que moro longe. Desejo participar de cada encontro com vocês dividindo as experiências de nossa proposta de fé e sei que esse dia é especial e vale para mais uma semana até o próximo encontro. Quero ser a ponte do encontro para minha família, meus amigos, a sociedade, seja onde for. Que vejam algo diferente e reconheçam a presença de Cristo nas minhas atitudes, no meu testemunho diário. Por que continuo em Comunhão e Libertação? Pela solidariedade, estabilidade e compromisso com Cristo. Dependemos uns dos outros para nos encorajar, acolher, ensinar a conhecer e seguir o exemplo de Cristo, indo além do “eu”, a fim de conduzir outras pessoas a Deus. Prontos para ouvir e responder: “Eis-me aqui, enviai-me a mim”.Esta é a experiência excepcional que o encontro com Comunhão e Libertação provocou na minha vida.
Kátia,
Nova Iguaçu – RJ
Em Defesa da Vida
O convite recebido de Dom Petrini para participar da Comissão Arquidiocesana em Defesa da Vida me levou a refletir bastante sobre o meu compromisso pessoal com essa luta, o que considero resposta a um chamado de Cristo.
Tenho vivido dois grandes acontecimentos que, para mim, são sinais desse chamado. Primeiro, no meu trabalho, à frente da Coordenação do Programa de Eliminação da Rubéola na Bahia, que é defender a vida de crianças geradas numa situação de risco – a infecção das gestantes pelo vírus da rubéola. Na organização de um seminário sobre Síndrome da Rubéola Congênita, que reuniu os municípios do Estado da Bahia e cerca de 200 profissionais da área da saúde, o maior desafio foi sensibilizar a platéia sobre a necessidade do acompanhamento de todas as gestantes nessa situação, defendendo uma proposta de vigilância à saúde e à vida. Esse momento me fez entender que a minha missão nesse trabalho é muito mais do que apenas vigiar a ocorrência da doença em gestantes. A maior missão é sensibilizar a população baiana em defesa da vida, em respeito à dignidade da pessoa humana, com um “não ao aborto” nesses casos em particular e em tantos outros. Por outro lado, outra grande missão me foi dada, gerar no meu ventre uma criança com uma doença genética raríssima denominada Niemann Pick C. A defesa da vida de minha filha é a minha luta diária. O caso de Alice é único no Estado da Bahia e a medicação, que é de altíssimo custo, só é fornecida por meio de ação judicial. A manutenção desse tratamento tem sido uma grande luta por parte de toda família, pois o fornecimento da medicação, que é importada, não está sendo regular, o que faz com que o tratamento seja interrompido. No mês de março, a falta da medicação contribuiu para piora do quadro hepático e neurológico, fazendo reaparecerem sintomas antes já controlados, contribuindo para baixa de imunidade, levando Alice a ser internada em UTI.
Fomos procurados, nesse período, pela imprensa local e nacional para relatar a história de Alice e toda nossa luta. As matérias nos jornais e em sites da internet alcançaram grande repercussão na mídia em favor da vida, não só de Alice, como também de tantas outras crianças que dependem de medicações de alto custo, de tantas outras famílias desamparadas pela falta de assistência, pela falta de um diagnóstico, pela falta de esperança.
Diante dessas duas experiências, só posso crer que o milagre da vida supera todas as barreiras, porque “Cristo é Tudo em Todos”.
Adriana,
Salvador – BA
Testemunho sobre meu pai
Tudo começou quando meu pai, de 84 anos, que mora conosco, começou a entrar em depressão.Quando voltei de uma viagem a São Paulo trouxe as pílulas de Frei Galvão, embora não soubesse se ele ia querer, uma vez que era budista. Para minha surpresa, ele aceitou dizendo que estava desejando um milagre. Depois da terceira novena, sentiu-se totalmente curado e resolveu se converter ao catolicismo. Deu-se conta da presença de Nossa Senhora e do Frei Galvão em sua vida e começou a rezar as orações da Igreja: Pai Nosso, Ave Maria, Credo. Estava muito contente até que veio uma nova depressão após 6 meses. Começou a querer voltar a fazer a novena. Aí, me veio uma clareza de que ele precisava dar um passo, e lhe disse que o ponto não era mais o Frei Galvão, mas Jesus. Que o santo lhe havia mostrado Jesus e o problema agora era ele diante d’Ele. Aí lhe provoquei a conversar com um padre amigo nosso. Ele aceitou. Uma nova surpresa para mim quando o padre me disse que ele deveria fazer a primeira comunhão o quanto antes. Na missa de sua primeira comunhão, que aconteceu na sexta-feira após a Páscoa, percebi que aquele momento não era só importante para mim, mas para todos nós do grupo. Otoney (visitor do grupo CL de Fortaleza) nos ajudou a nos darmos conta que no fundo ele tinha percebido ao longo destes anos que na nossa amizade há um Outro, que ele (meu pai) também desejava para si.
Para mim fica a certeza de que a beleza que nasce depois de nosso sim a Ele é impensável, não dá para medir, está fora de nossos projetos, é maior, muito maior, e nos realiza completamente. Não dá para não reconhecer, não dá para não agradecer. Nunca, em momento algum de minha vida, eu havia pensado que meu pai se tornaria católico, muito menos que um dia pudesse sentar para rezar o terço, para fazer Escola de Comunidade, para ler o Evangelho, para ir à missa. Quem o conheceu minimamente sabe que ele sempre foi orgulhoso, dono de seu nariz, prático, materialista. Eu não conhecia em meu pai esta intuição que ele carregava consigo de que o Senhor existe, que Jesus existe, que Nossa Senhora existe. A sabedoria que permanece escondida dentro das pessoas, é essa que temos que resgatar.
Cida,
Fortaleza – CE
Credits /
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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón