VejaCiência, religião e origem do universo
As pesquisas sobre a origem do universo colocam a ciência em rota de colisão com as crenças religiosas? Algumas questões não são necessariamente conflitantes com a visão religiosa. O Big Bang, por exemplo, pode ser interpretado do ponto de vista religioso.
A ciência também contribui para tornar a vida melhor e mais confortável. Devemos levar em conta que, à medida que avançam as perspectivas e o conhecimento, as religiões mudam bastante. De qualquer forma, o ser humano sempre precisará acreditar em algo mais, até mesmo para que as relações sociais sejam possíveis. A ciência não fará a fé desaparecer, pois o ser humano busca um significado adicional para sua existência. Isso não impede que as pessoas se tornem mais racionais e queiram que as religiões façam mais sentido.
(George Smoot, astrofísico americano, Prêmio Nobel de Física em 2006, em entrevista a Paula Neiva, 25.junho.2008)
O ESTADO DE SÃO PAULOEstatismo e corrupção
O Brasil tem uma formação patrimonialista, ou seja, o Estado é o verdadeiro detentor da riqueza. Seu poder é avassalador. O emaranhado jurídico é tal que se tornou impossível manter uma empresa sempre em ordem. Daí a capacidade de pressão do governo ser devastadora. A influência do Estado em setores por natureza oligopólicos como telecomunicações, energia ou aviação é ainda maior. Desse jeito, um sujeito que tenha capacitação técnica e audácia, como Daniel Dantas, precisa de contatos políticos para se sustentar empresarialmente. É evidente que o caso dele, que dizem ter recorrido até a empresas de espionagem, é extremado. Mas todo grande empresário brasileiro precisa de uma relação simbiótica com o governo. Porque a mão do governo está presente em tudo.
(Bolívar Lamounier, em entrevista a Pedro Doria, Aliás, 13.julho.2008)
O ESTADO DE SÃO PAULOUm convite ao pensamento, apesar da pressa do mundo
A proposta da revista Dicta&Contradicta, que lança neste mês o seu primeiro número, apóia-se na necessidade de refletir para melhor viver. A publicação aposta em ensaios longos sobre filosofia, poesia, literatura, cinema, música, artes plásticas, sem se submeter à ditadura da novidade pela novidade. A Dicta&Contradicta (210 págs., R$ 22,50) não "pretende ensinar ao leitor o que deve pensar, mas oferecer-lhe estímulo para pensar". Os textos não podem ser barateados, segundo os editores. A exigência que há no ato de reflexão, no entanto, não pode ser confundida com hermetismo ou academicismo, eles alertam. (...)
O ponto alto da estréia é um artigo - Do Enigma ao Mistério - com a edição das últimas três aulas dadas pelo poeta Bruno Tolentino, morto em junho do ano passado. As aulas foram gravadas por Guilherme Malzoni Rabello em maio do ano passado. Elas tratam do mistério da vida - e da morte -, Bruno Tolentino parecia sentir o fim próximo, e da necessidade de o homem ter epifanias para responder à espessura impenetrável dos enigmas que parecem compor a travessia da existência. Tolentino dá transcendência à vida. O poeta, preocupado com o esvaziamento cultural do País, empenhava-se por meio da poesia a despertar as pessoas para a realidade, sem excluir o que há de grotesco e sublime no ser humano, e de certa maneira ensinava que viver é aprender a morrer. "Se a festa está acabando, muito bem, vamos acabá-la da melhor maneira possível."
Sua reflexão parte da visita do papa Bento XVI ao Brasil no ano passado, a qual foi um chamado ao silêncio do pensamento. Autor de O Mundo Como Idéia e A Imitação do Amanhecer, Tolentino diz que, num mundo conturbado, "temos todas as razões para buscar um cantinho, um momento de calma, mas praticamente não o fazemos nunca. Estamos sempre ocupados em ter idéias, respostas e tudo o mais". Tolentino afirma que a vida dá lá as suas voltas, por vezes assustadoras, por vezes maravilhosas, o que não impede ninguém de levá-la a sério. Ler, pensar, sentir, tudo isso leva o homem a viver - e a morrer - melhor, não sem antes aprender a amar mais a si mesmo e ao semelhante.
(Francisco Quinteiro Pires, Caderno 2, 15.junho.2008)
FOLHA DE SÃO PAULO
A diplomacia realmente a serviço do bem comum
O Vaticano pratica uma diplomacia pura, que não está ligada a interesses materiais. Somos norteados pela promoção da paz, do diálogo e da colaboração internacional. O Vaticano não tem que vender sapatos ou geladeiras, mas deve ajudar os países a viver em paz.
(Cardeal Renato Martino, em entrevista a Samy Adghirni, 14.junho.2008)
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