“Mas, o que aconteceu ali?”. Esta é uma pergunta que ouvimos muitos fazerem, depois dos dois Exercícios Espirituais promovidos por Comunhão e Libertação, em Rímini (Itália). Primeiro, o dos membros da Fraternidade (realizados também no Brasil no início de junho) e, depois, o dos Jovens Trabalhadores. E, nos arredores, esta pergunta continua circulando insistente entre amigos e colegas, maridos e mulheres. Feita não apenas por quem não participou, para saber informações, mas também – e esta é a coisa bonita – por quem estava nos Exercícios, e foi de tal modo tocado pela imponência daquilo que viu e ouviu a ponto de continuar a se perguntar: mas o que aconteceu? O que está acontecendo agora nas nossas vidas?
Não é uma pergunta irrelevante. É o primeiro passo de quem quer realmente acertar as contas com aquilo que tem diante de si. Sem arquivar logo as coisas, dizendo “que bonito”, mas deixando os fatos ali de lado, estéreis e impotentes, porque incapazes de tornar-se um juízo e de propiciar um caminho de conhecimento.
Para muitos, ao contrário, o que está acontecendo é a descoberta de um modo mais humano de entrar na realidade. Do único modo humano de entrar na realidade, até o fundo. E o ponto de partida é aquele indicado com força e em todos os lugares, tanto nos Exercícios como no encontro dos educadores de CL, quando cinco mil professores se reuniram para uma assembléia com padre Carrón, em Milão. Ali citaram como exemplo uma de suas alunas, Elisa, colega de classe de um jovem morto por espancamento em Verona. Ela escreve um panfleto de juízo muito lúcido e Carrón pergunta: “De onde partiu essa jovem? Nós devemos olhar aquilo que acontece diante de nós. E o que acontece? Tentemos nos identificar com ela: o que a fez agir? Qual foi o ponto de partida, a origem que a fez desafiar tudo para colocar-se diante de todos com esse juízo? Não é uma inteligência particular, nem os conhecimentos que os adultos possuem ou uma capacidade de energia particular: simplesmente a capacidade de aderir a Algo que vem antes”.
“Olhar aquilo que acontece” e “aderir a Algo que vem antes”; porque “nós não desejamos outra coisa a não ser seguir aquilo que Ele faz entre nós”. É este o método. Simples, portanto, ao alcance dos mais simples. E potentíssimo, capaz de corrigir em um instante a idéia que muitas vezes temos em mente: que o cristianismo é um acontecimento feito por nós. Entregue às nossas capacidades de responder-lhe, de criar condições justas para que possa acontecer. Em uma palavra, de organizá-lo. “Como se fôssemos criadores daquilo que afirmamos acreditar”, dizia-se nos Exercícios.
Quem faz o cristianismo, ao contrário, é Cristo. Sem Ele, não podemos fazer nada. A nós cabe a tarefa mais bonita: seguir, dar espaço para Sua obra e gozar daquela correspondência impensável que vemos brotar em nossa vida e que, pouco a pouco, aprendemos a chamar pelo seu verdadeiro nome – liberdade.
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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón