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Passos N.95, Julho 2008

DESTAQUE - CHINA

O RISCO DA FÉ - História de uma Presença

por Paolo Perego

Século VII. Alguns monges siríacos estabelecem-se em Chang An, ao longo da estrada da seda. É a primeira comunidade cristã na China, segundo os documentos disponíveis. Julgados “escandalosos” pelo seu modo de vida (sem escravos, por exemplo), foram banidos do Império no ano de 845.

Século XIII. Nas pegadas de são Francisco Xavier, morto alguns anos antes durante sua missão na Ásia oriental, o missionário jesuíta Matteo Ricci alcança a China continental, realizando o grande sonho de Xavier. No ano seguinte, Ricci imprime o Catecismo, o primeiro livro produzido por europeus na China. O método do jesuíta era o de se aprofundar no conhecimento da cultura chinesa, em especial do confucionismo, construindo uma ponte através da qual comunicava o conteúdo da verdadeira fé. Respeitado pela sua sabedoria, Ricci é considerado, na China, um mestre das ciências matemáticas e da astronomia, e traduziu para o chinês alguns textos fundamentais, como os seis primeiros livros de Euclides. Morre a 11 de maio de 1609. Os cristãos, na China, não passam então de 2.500 pessoas. Ele está sepultado no prédio onde funciona hoje uma escola para os funcionários do Partido Comunista, em Pequim.

Século XVIII. A presença cristã em Pequim conta com aproximadamente cem mil almas. Começa um período de declínio para a vida da comunidade, que culmina, em 1773, com a supressão da ordem dos jesuítas por parte de Roma, que entrega as missões aos dominicanos.

Século XIX. Logo após a derrota para os ocidentais nas guerras do ópio, a China é obrigada a permitir a evangelização. Algumas ordens de freiras fundam escolas femininas, orfanatos e hospitais. Nascem também as primeiras universidades católicas.

Século XX. No início do século, o movimento xenófobo dos Boxers desencadeia o massacre dos católicos (fala-se em trinta mil mortos).

1949. Nasce a República Popular da China; em 1951, é expulso o núncio apostólico, com a cumplicidade do arcebispo de Nanquim (excomungado em 1955), que queria uma Igreja independente de Roma. Em 1957, nasce a Associação Patriótica Católica Chinesa, diretamente controlada pelo partido. A Igreja Católica Romana entra na clandestinidade.

2000. Dia 1º de outubro, João Paulo II canoniza um grupo de 120 homens e mulheres que sofreram o martírio em diversas localidades de Tonquim (Vietnã) e da China. Entre eles, um grupo de religiosos e leigos trucidados pelos Boxers em 1900.

2007. Dia 27 de maio, Bento XVI escreve uma carta aos católicos chineses: “A solução dos problemas existentes não pode ser perseguida por meio de um permanente conflito com as legítimas autoridades civis; ao mesmo tempo, porém, não é aceitável a rendição às mesmas quando elas interferem indevidamente em matérias que se referem à fé e à disciplina da Igreja. As autoridades civis estão bem conscientes de que a Igreja, em seu ensinamento, convida os fiéis a serem bons cidadãos, colaboradores respeitosos e ativos do bem comum em seu país, mas está igualmente claro que ela pede ao Estado que garanta aos mesmos cidadãos católicos o pleno exercício da sua fé, no respeito a uma autêntica liberdade religiosa”.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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