Passa por Nairóbi a mostra sobre os monges que reconstruíram a civilização ocidental. Em um país ainda dilacerado, é um exemplo para todos, ao lado de uma nova escola, recém-inaugurada na cidade
"O que mais me admira olhando essa mostra é ver como é possível o cristianismo e a fé incidirem na história, mudando-a". Palavras de Joackim Koech, responsável de Comunhão Libertação no Quênia, ao falar sobre a Mostra "Com as nossas mãos, mas com a Tua força". Os painéis, feitos pelos monges beneditinos da Cascinazza, vistos no Meeting de Rímini de dois anos atrás, chegaram até o continente negro. E a comunidade de Nairóbi e região pensou em usar exatamente esta exhibition para mostrar aos quenianos, ainda abalados pelos fatos ocorridos no início do ano depois das eleições de 27 de dezembro de 2007, como é possível a "construção de uma paz real para o povo", como diz o convite.
A obra de um Outro
Foram necessários vários meses para a preparação. Antes de mais nada, a tradução dos painéis, obra de Emanuele Falliti, um engenheiro recém formado que, em 2007, esteve em Nairóbi para um projeto da AVSI. Depois, houve o estudo da Mostra, a elaboração do material de divulgação, os contatos com as autoridades religiosas e políticas, a busca por um patrocinador, a cobertura da mídia, e assim por diante. Um grande trabalho que viu em ação todos os amigos da comunidade. E que levou os 52 painéis da Mostra ao Museu Nacional de Nairóbi, de 16 a 29 de maio último. "A inauguração correu bem. Também estiveram presentes os monges de Tigoni. A gente vê tudo isso e diz: é o trabalho de nossas mãos, mas é obra de um Outro", escreveu Chrispine, uma Memores Domini, em um msn enviado algumas horas depois da abertura.
Ocasião para o povo
"A mostra contradiz o que se lê nos livros de história", explica Joackim, professor de Letras: "Normalmente nos ensinam que a história é feita de grandes ações de homens poderosos, dotados de meios e capacidades excepcionais. Aqui, ao contrário, descobrimos que no século V, o renascimento da Europa passou pelo trabalho desses monges. Eles eram homens fortes, exatamente por causa de sua fé. É uma provocação para todos nós. Por isso, depois da violência que explodiu logo após as eleições, a mostra é uma grande ocasião para todo o nosso povo. Para olhar para um ponto real na história onde homens de fé contribuíram para o renascimento de um País. Desde os acontecimentos do início do ano, nasce continuamente em nós o desejo de que a fé se torne um juízo, uma cultura, um modo novo de viver a realidade. Queremos enfrentar as circunstâncias partindo do positivo, que existe, reconhecendo Quem está na ação. Por isso, acredito que a inauguração da escola secundária Cardeal Otunga também seja um outro exemplo concreto da fé que gera uma cultura". No último dia 23 de maio, dia da inauguração oficial da escola, também esteve presente o Arcebispo de Nairobi, cardeal John Njue. Ele quis participar do evento. "E sua paternidade nos comoveu", continua Joackim: "É uma escola realmente bonita, que nasceu graças a um projeto da AVSI. E a beleza, também do local onde se estuda, é importante porque é um elemento ulterior que estimula a busca do Belo, com B maiúsculo". Também por isso, é significativa a carta enviada pelo cardeal aos párocos de sua Diocese, convidando-os a visitar a Mostra com seus fiéis por ser "exemplo educativo para a construção de uma paz duradoura".
Uma fé que toca a vida
E, realmente, foi uma provocação para todos. Por exemplo, o Secretário do Ministério das Políticas Juvenis que, entre outros, patrocinou a iniciativa, diante dos painéis não pôde deixar de dizer que aquelas imagens e aquelas palavras "são uma bela lição para os jovens quenianos que normalmente não têm pontos de referência fortes que possam lhes dar uma esperança. Por isso, se perdem e caem na violência". Um ex-embaixador presente ao evento, mesmo não sendo católico, afirmou: "Somente da Igreja e da experiência que ela gera pode nascer uma paz duradoura". Também para o Quênia.
"Realmente, essa circunstância é uma ocasião para redescobrir que a fé tem a ver com a nossa história e com o cotidiano", continua Koech: "Um jornalista, na inauguração, ficou muito surpreso pelo fato de que até a estrutura dos parlamentos, as práxis que se seguem para a convocação das assembléias e as eleições foram tiradas da vida dos monges". Em suma, é o exemplo de uma fé que incide na vida, mudando-a. "Contagiando o ambiente que circunda aqueles que vivem dessa fé. No entanto, freqüentemente, no Quênia, relegamos a fé à esfera do sobrenatural. Reduzimo-la a algo pessoal que, porém, não diz respeito à realidade que nos circunda. Por isso, propusemos a Mostra neste específico momento histórico. Para nós, é um grande exemplo de esperança".
"É decisiva a mensagem que emerge deste trabalho", explica David Cheboryot, que trabalha em uma importante empresa de Nairobi. "O trabalho não é apenas a realização de um projeto seu, mesmo bom. É responder a alguém que lhe chama".
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