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Passos N.104, Maio 2009

DESTAQUE - EDUCAÇÃO PARA O TRABALHO

E você, está vivo?

por Isabella S. Alberto

Em tempos de crise, há quem continue oferecendo aos jovens uma oportunidade para sua capacitação profissional e a obtenção do primeiro emprego. Uma obra que vai além da formação técnica e os acompanha na passagem para o mundo adulto

No Centro de Educação para o Trabalho Virgilio Resi (CEDUC), o dia começa com uma oração. Depois, um rápido café e todos ao trabalho. Hoje, são vinte funcionários envolvidos nesta obra dirigida por Elenice Matos. “O Centro tomou forma a partir de uma pergunta que o padre Virgilio [então responsável nacional de Comunhão e Libertação] me fez pouco antes de morrer: ‘Elenice, você está viva?’. No momento. eu fiquei um pouco desconcertada, mas depois entendi que era uma pergunta a ser carregada por toda a vida e que tinha, para mim, a mesma dimensão da pergunta que Cristo fez a Pedro: ‘Tu me amas?’. E essa pergunta passou a ser a ferida no meu coração. Assim, olhando para a realidade que eu vivia, para o trabalho que eu já fazia com gestão de projetos para geração de renda, nasceu em mim o desejo de aprofundar essa experiência, desenvolvendo o tema do trabalho, sobretudo com os jovens”.
Tendo pela frente o desafio de acompanhar os jovens na passagem para o mundo adulto, o Centro foi fundado em 6 de julho de 2005 (data do aniversário de padre Virgílio), como uma organização sem fins lucrativos com o objetivo de oferecer cursos de formação para adolescentes e jovens com idade entre 16 e 24 anos. Localizado na região norte de Belo Horizonte, acolhe os jovens que residem, principalmente, nesta mesma área. O jovem chega ao Centro por indicação dos ex-alunos ou pelas instituições que atuam na região. “A nossa é uma obra que está a serviço das outras – igrejas, escolas, creches, associações – e atua fortalecendo o trabalho educativo já iniciado. A nossa proposta é dar continuidade a um encontro já feito”, diz Elenice.

UM MÉTODO RECONHECIDO. Nestes três anos e meio de funcionamento, o Centro já ajudou 1.228 adolescentes e jovens a se capacitarem para ingressarem no mundo do trabalho e, atualmente, 656 deles estão trabalhando. E apesar do pouco tempo de funcionamento, o trabalho do CEDUC foi reconhecido em 2008, pelo Fundo Itaú Excelência Social (FIES), como melhor prática na categoria Educação para o Trabalho. Os convênios firmados também são frutos do reconhecimento do trabalho do centro.
A aposta do CEDUC é que é no trabalho que o homem se conhece, se expressa, e por isso o trabalho da equipe não se limita à sala de aula. O CEDUC mantém um setor de Intermediação com o Mercado de Trabalho que faz a captação dos postos de trabalho, pré-seleção e entrevista dos jovens, encaminhamento para as empresas e acompanhamento do jovem. Este serviço é um diferencial do CEDUC, pois dá segurança tanto para a empresa quanto para o jovem. “O jovem tem uma dificuldade de se adaptar a este novo trabalho e fica muito pouco tempo. Então, para as empresas não compensa pagar uma agência para contratar essa mão-de-obra. Para nós, é um desafio convencer a empresa a investir no jovem para permitir a sua permanência”, conta Rodrigo, psicólogo responsável pelo contato com as empresas e captação de vagas. Todos os alunos sabem que, para qualquer dificuldade, eles podem procurar ajuda no Centro e serão ouvidos e acompanhados. Priscila, de 17 anos, começou o contato com o CEDUC pelo teatro, uma atividade que acabou sendo inserida no Centro a pedido de uma creche da região. Ela foi convidada por um amigo e depois começou a participar do programa Menor Aprendiz. Hoje trabalha como arquivista e auxiliar financeira e diz: “No curso, eu comecei a me tornar uma profissional e fiz vários amigos. Antes, eu não sorria e, agora, eu sou outra pessoa. Comecei com 15 anos e cresci muito aqui”.
Para Arlém, um dos professores do Centro, as aulas são o momento de se ajudar a entender questões práticas da profissão, mas também dificuldades de relacionamento e hierarquia. “Se eu tivesse tido uma oportunidade dessas na idade deles, acredito que hoje seria tudo diferente. Eu olho para eles querendo servi-los, pois o que é proposto aqui, que é formar profissionais e tirá-los de uma situação que podemos chamar ‘de risco’, é muito importante”.
Outra característica do CEDUC é que, seguindo a paixão que padre Virgilio nutria pela cultura brasileira, são promovidas diversas atividades com os alunos, como passeios, sarau musical e encontros temáticos. “Queremos oferecer aos meninos o mesmo que foi oferecido a nós pelo padre Virgilio: uma companhia”, conclui Elenice.

No Centro Virgilio Resi as atividades são divididas em três grupos:

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
Cursos profissionalizantes, com prioridade para jovens a partir de 18 anos.
Carga horária: entre 200h e 300h.
Auxiliar Administrativo, Garçom, Atendente, Pintor, Promotor de Vendas/ Repositor, Operador de Caixa, Pedreiro

PROGRAMA JOVEM APRENDIZ
Público: jovens com idade entre 16 e 18 anos.
Carga horária: 1.512h (18 meses)
- Competências Básicas: Profissional, Técnica e Instrumental.
- Aprendizagem prática na empresa: vivências e cotidiano do trabalho.
- Circuito Cultural: ampliação da visão de mundo.
Pontos de apoio:
Tutor: Companhia adulta nos diversos âmbitos educativos.
Supervisor: acompanha o desenvolvimento pessoal e profissional dentro da empresa.
Bolsa Auxílio: custeada pela empresa

RSA PRO - Serviço de Recrutamento, Seleção e Acompanhamento Profissional

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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