Falando aos associados da Companhia das Obras na Itália em novembro passado (cf Passos n. 90 jan/fev 08, p.1), Julian Carrón, responsável pelo Movimento Comunhão e Libertação, cumprimentou os presentes por sua coragem em conduzir uma obra, num mundo em que as pessoas mal conseguem cumprir com suas obrigações rotineiras: “Vocês têm uma boa dose de coragem, para se arriscarem nestes tempos! Seria mais fácil se desinteressarem de vocês mesmos e dos outros. Mas vocês assumem esse risco. E eu lhes sou grato por este testemunho, pois as iniciativas da sua criatividade são uma contribuição para o bem e o bem-estar da sociedade”.
Carrón recorda, ainda, citando Dom Giussani, que “A Companhia das Obras (...) não nasce como projeto social ou imagem de construção, mas como milagre de uma mudança. Uma mudança da qual os primeiros a se surpreenderem como espectadores somos nós mesmos”. E acrescenta que “o cristianismo vivido como experiência mostrou sua força geradora em vocês, despertando outra vez o seu “eu” e levando-os “a uma criatividade e a uma riqueza de iniciativas que constituem um testemunho de Cristo e do valor histórico da Igreja (...): o encontro cristão desperta outra vez em nós o senso religioso, ou seja, aquele feixe de exigências de verdade, de beleza, de justiça, de bem, de felicidade que constitui a estrutura original de todo homem e está na origem das ações de vocês”.
A obra nasce da resposta a uma necessidade precisa, percebida por alguém que se lança em respondê-la. A tarefa de construção da obra é árdua e difícil e, por isso, quem a faz busca ajuda, especialmente quando aquilo que deseja construir e comunicar extrapola suas medidas e capacidades. Assim, nasce uma companhia vivida na obra e pela obra, que a ajuda manter-se fiel a seus ideais e propósitos iniciais.
Uma companhia de obras, contudo, começa a existir quando duas ou mais obras unem-se para responder às necessidades umas das outras; ou seja, quando entregam gratuitamente (sem medidas e sem retorno) uma parte de si mesmas (tempo, recursos, habilidades) para ajudar a construir a obra de um outro.
Nesse momento, cria-se uma rede de gratuidade que transcende os interesses da própria obra. Pode-se dizer que a Companhia das Obras nasce quando a lógica da caritativa vivida pessoalmente começa ser vivida entre as obras. A CdO nasce do amor à obra... de um outro. É o colocar-se em ação da gratuidade entre as obras. Mas essa gratuidade é vivida por um amor ao conteúdo ideal que aquela obra deseja comunicar. Assim, a mesma paixão que levou uma pessoa a lançar-se na construção de sua obra, leva-a a engajar-se em uma amizade operativa com outras obras. Uma amizade, que ama o destino de quem faz a obra, expressa por meio de uma operatividade nas obras. É o amor ao destino do outro que realiza uma obra: uma amizade que ama o destino de quem faz a obra e, por isso, só pode ser operativa!
* Presidente da Companhia das Obras no Brasil.
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