Vai para os conteúdos

Passos N.92, Abril 2008

EXPERIÊNCIA / SÃO PAULO

A amizade que pode enfrentar tudo

por Vando Valentini

Domingo 24 de fevereiro. Na Catedral da Sé, em São Paulo, diante de 50 mil pessoas e do Cardeal Dom Odilo Scherer, Cleuza e Marcos Zerbini entregaram a Associação dos Trabalhadores Sem Terra nas mãos de padre Carrón: “Encontrando Comunhão e Libertação encontramos tudo o que precisávamos encontrar”. Relato de um acontecimento comovente que marcou um novo rumo para CL, não só no Brasil

No domingo, dia 24 de fevereiro, a chuva não impediu que os jovens estudantes universitários e os participantes da Associação dos Trabalhadores Sem Terra enchessem a praça da Catedral da Sé, no centro de São Paulo. Segundo Cleuza e Marcos Zerbini, os responsáveis pela Associação, “o objetivo do evento era encontrar o nosso pastor para que todo este povo reconhecesse que o nosso movimento quer servir a Igreja segundo o carisma de Comunhão e Libertação”. As pessoas haviam levado faixas e cartazes para homenagear padre Carrón e Dom Giussani. A partir das três e meia da tarde teve início a comemoração com a execução de alguns cantos, mas chovia muito. Assim, meia hora depois o Cardeal ofereceu a igreja para que fosse possível prosseguir o evento dentro da Catedral. No entanto, muitos precisaram voltar para casa enfrentando o mau tempo, pois não cabiam todos lá dentro.
Já abrigados da chuva, o Cardeal Odilo Scherer abriu o encontro dizendo: “Que bom ver a Catedral de São Paulo cheia de jovens. Que bom que vocês vieram! Fico feliz que tantos jovens que estão na universidade, como também tantas pessoas ligadas ao trabalho da terra, à busca de um lugar para viver e morar, possam estar sendo ajudadas e que vocês tenham esta referência do Movimento de Comunhão e Libertação. Quero manifestar também o meu apoio a este trabalho e um incentivo para que possam continuar e atingir ainda muitos outros jovens que têm necessidade para poderem lutar, para poderem se preparar para o futuro e, é claro, para poderem também ter um contato com a Igreja. Quem sabe se Deus não quis que chovesse na praça para vocês entrarem na igreja e se sentirem mais Igreja também? Por isso, como Arcebispo de São Paulo, devo recebê-los e encorajá-los para que sintam-se parte da Igreja que quer acompanhá-los, para que tenham um futuro positivo e cheio de esperança. A vossa presença neste lugar e o trabalho do vosso movimento é um sinal do fato de que ‘Deus habita nesta cidade’, como diz o moto das celebrações pelos 150 anos de nossa Arquidiocese”.
Depois, Marcos Zerbini tomou a palavra, agradecendo ao Cardeal e a presença de Julián Carrón, responsável por Comunhão e Libertação. Também cumprimentou os dois amigos italianos – Mario Molteni e Giorgio Vittadini – que desde 2003, ajudaram muito a Associação no caminho do encontro com CL. Em seguida, Cleuza Zerbini fez sua colocação dizendo: “A chuva que caiu hoje são as lágrimas que eu derramei para construir essa Associação, os 20 anos de luta pela construção de casas e de todo o nosso movimento. Este é o momento mais importante da nossa história. Carrón, quando o senhor encontrou Dom Giussani há trinta anos, entregou seu movimento nas mãos dele. E, hoje, nós vamos repetir o seu gesto: com a mesma coragem com que o senhor entregou o seu movimento, eu estou entregando o nosso movimento nas suas mãos, porque eu não tenho mais nada para procurar. Tudo o que eu tinha para procurar, eu já encontrei”.
Padre Carrón, diante da Catedral lotada, encerrou o evento com essas palavras: “Sinto-me pequeno e indigno ao escutar a Cleuza enquanto confia seu movimento ao nosso. Mas não tenho medo, porque Aquele que começou, entre nós, esta obra boa, a levará à realização. Somos filhos de Dom Giussani e queremos nos tornar sempre mais filhos dele, porque foi com ele que experimentamos uma febre de vida que não conhecíamos antes. Entendo bem aquilo que aconteceu com o Marcos e a Cleuza quando encontraram Comunhão e Libertação, porque é a mesma coisa que eu entendi quando encontrei o Movimento, mesmo pertencendo a um outro. Eu levava a sério tudo o que me foi transmitido, mas não conseguia viver aquela intensidade, aquela alegria, aquela plenitude, a intensidade que vi em Dom Giussani e no Movimento fundado por ele. Por isso, quando o encontrei, vi com clareza que a forma que eu tinha para seguir a Cristo era, para mim, seguir Dom Giussani. E posso lhes dizer que não me enganei, porque desde quando comecei a segui-lo a minha vida se tornou sempre mais interessante, sempre mais intensa, sempre mais alegre, sempre mais cheia de razões. Por isso, estou feliz em compartilhar com vocês esta experiência. Queremos construir junto com vocês uma amizade que possa enfrentar tudo: o medo e a tristeza, as lutas e o sofrimento, mas também as alegrias. Não temos medo de nada porque Cristo está conosco! Cristo está conosco não como um sentimento ou uma idéia, mas como um fato que muda a vida e a torna cada vez mais bonita. Até logo, amigos!”.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

Volta ao início da página