Panfleto distribuído por CL, na Itália, sobre as próximas eleições locais
“A tarefa imediata de agir no âmbito político, para construir uma ordem justa na sociedade, não pertence, portanto, à Igreja como tal, mas aos fiéis leigos, que agem como cidadãos sob a sua própria responsabilidade: trata-se de uma tarefa da maior importância, à qual os cristãos leigos italianos são chamados a dedicar-se com generosidade e coragem, iluminados pela fé e pelo magistério da Igreja e animados pela caridade de Cristo”
Bento XVI
O QUE TEMOS DE MAIS CARO
1) A cada vez que somos chamados às urnas, somos provocados, como cristãos, a dar as razões de nossa fé. É isso, de fato, que está em jogo nesse mundo no qual damos nossa contribuição para a construção da sociedade.
Como nos ensinou Dom Giussani, aquilo que cada um ama vem à tona frente às urgências da vida: “Se o primeiro ponto é verdadeiramente a fé, se esperamos tudo verdadeiramente do fato de Cristo, ou se do fato de Cristo esperamos só aquilo que decidimos esperar, tornando-o, em última análise, apenas incentivo e sustento a nossos próprios projetos e programas”, emerge frente à prova, ao juízo e à decisão.
Por isso as eleições representam para nós uma ocasião educativa única para verificar onde, verdadeiramente, está o nosso afeto e para desmascarar a possível ambiguidade que está na raiz de cada uma de nossas ações.
2) Não pedimos a salvação à política, não é aí que buscamos a esperança, para nós e para os outros. A tradição da Igreja sempre indicou dois critérios ideais para julgar qualquer autoridade civil e qualquer proposta política:
a) A libertas Ecclesiae. Um poder que respeita a liberdade de um fenômeno tão sui generis como a Igreja é também tolerante com qualquer outra autêntica agregação humana. O reconhecimento do papel público da fé e da contribuição que esta pode dar no caminho dos homens é, portanto, garantia de liberdade para todos, não só para os cristãos.
b) O “bem comum”. Um poder que se concebe como serviço ao povo tem, no coração, a defesa daquelas experiências nas quais o desejo do homem e a sua responsabilidade podem crescer em função do bem comum – inclusive através da construção de obras sociais e econômicas, segundo o princípio da subsidiariedade, sabendo que nenhum programa poderá garantir a realização disso em termos definitivos, por causa do limite intrínseco de toda tentativa humana.
3) Por essa razão, damos nossa preferência a quem promove uma política e modo de ser do Estado que favorece essa “liberdade” e esse “bem”, e que podem, por isso, sustentar a esperança do futuro, defendendo a vida, a família, a liberdade de educar e de realizar obras que encarnam o desejo do homem. Fazemos isso num momento histórico que exige não desperdiçar o voto, para não acrescentar mais confusão àquilo que já está confuso.
Em particular, convidamos a olhar para alguns amigos que, a partir do empenho pessoal com a experiência cristã que temos em comum, nestes anos, já demonstraram lutar por uma política a serviço do bem comum, da subsidiariedade e da libertas Ecclesiae. Esperamos que eles possam continuar a documentar a novidade que entrou em suas vidas, como nas nossas, a fim de que sua ação possa tornar, cada vez mais explícito, o fruto dessa educação que recebemos: uma paixão pela liberdade e pelo bem vivida como caridade.
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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón