Mais de 250 missas foram celebradas no mundo inteiro por Cardeais e Bispos para lembrar o fundador de CL, quando se completam três anos de seu falecimento. Publicamos trechos de algumas homilias, com a gratidão de filhos perante os pais que as pronunciaram
Cardel Dionigi Tettamanzi
Arcebispo de Milão (Itália)
A celebração eucarística desta noite é como o exprimir-se mais significativo e altamente comunitário de algo que está dentro do nosso cotidiano vivido. Sentimos a comunhão com Dom Giussani: a sua presença. A Eucaristia que estamos celebrando realiza esta comunhão, porque em Jesus Cristo morto e ressuscitado faz-se presente, realmente, toda a Igreja. É uma comunhão que tem em si o senso da responsabilidade, uma vez que os dons recebidos por monsenhor Giussani – em síntese, o seu "carisma educativo" – pedem para ser cuidados e vividos por nós, hoje. A segunda leitura foi tirada do Livro da Sabedoria. Quero reler o primeiro versículo do trecho citado, exatamente para fazer referência à vossa concreta experiência de Igreja: "Filho meu, observa o comando de teu pai, não desprezes o ensinamento de tua mãe" (v. 20). Somos, desse modo, chamados ao grande significado da "tradição", à exigente tarefa da transmissão dos valores e, mais concretamente, ao ensinamento e à obra educativa que continuamente marcaram profundamente a paixão e a ação de Dom Giussani durante toda a sua vida. Além disso, a expressão "comando do pai" e "ensinamento da mãe" faz-nos pensar na singular riqueza da paternidade e da maternidade de Dom Giussani, especialmente no exercício de seu ministério e nos gestos mais simples e mais extraordinários de sua vida. Sintamo-nos chamados e empenhados em assegurar a qualquer custo o primado do encontro pessoal com Cristo, da amizade profunda com ele, da oração, do amor apaixonado e operoso pela Igreja, pelo Papa e pelos pastores da Igreja, do serviço de verdade e de caridade pelo homem e pela sociedade. A fidelidade a este primado é o critério seguro e a medida inequívoca da fecundidade e da autenticidade de tudo aquilo que estamos operando em cada âmbito da nossa vida eclesial e social.
Cardel Camillo Ruini
Vigário do Papa na diocese de Roma (Itália)
O tempo passa rápido, mas a memória não enfraquece e não desbota a força de uma presença que está mais viva do que nunca. Dom Giussani, no mistério do amor de Deus está, de fato, conosco e entre nós. Está conosco com aquela paixão por Cristo que fascinou, animou e guiou toda a sua vida. A paixão por Cristo em Dom Giussani sempre foi, sem a mínima descontinuidade, paixão pela Igreja, adesão à Igreja, vida na Igreja e pela Igreja. Para ele, de fato, o encontro com Cristo sempre foi algo muito concreto: o encontro e a inserção na companhia confiável dos discípulos do Senhor, nos quais o próprio Cristo, o Ressuscitado, o Senhor da vida e da história, está presente, age e vive. O desejo que incendiou a sua vida foi, simplesmente, não manter para si essa fé, mas compartilhá-la com todos para que todos possam encontrar nela o sentido da própria existência e o próprio destino. Dom Giussani foi, antes de mais nada, um extraordinário educador, um pai educador. A sua inteligência extraordinariamente aberta e penetrante foi, de fato, uma inteligência intimamente realista, levada a entender e a plasmar a realidade concreta. Essa inteligência soube colher, rapidamente, melhor, antecipadamente, os sinais dos tempos, os verdadeiros e, assim, pôde intervir tempestiva e eficazmente para tornar presente, mesmo nas situações mais novas e difíceis, o testemunho cristão.
Essa é uma característica que a grande família espiritual nascida deste sacerdote soube até agora conservar e é chamada a manter íntegra também no futuro, para oferecer a Cristo, à humanidade e à Igreja este serviço, que é sua vocação específica.
Dom Javier Martinez Fernández
Arcebispo de Granada (Espanha)
Eu acredito que a experiência de Comunhão e Libertação ajuda a superar certas perplexidades ou certos preconceitos ligados ao cristianismo dos tempos modernos. Na experiência, na palavra e no ensinamento de Dom Luigi Giussani, aprende-se a reconhecer que o religioso não é mais nem menos que uma certa espessura das coisas da vida, dos relacionamentos humanos, da própria realidade do trabalho... de absolutamente tudo. A vida, o nosso destino sobrenatural, a nossa salvação, a nossa vocação se jogam nessa vida, e se jogam nas coisas dessa vida, em todas as coisas: no trabalho, no tempo livre, no uso do tempo, na posição que o coração assume diante da realidade e, portanto, na posição que o coração assume diante do Mistério revelado em Cristo. Extremamente ligado a esse aspecto, há um outro que para mim foi muito determinante e que resumo com uma frase que Dom Giussani escreveu na introdução de um livro que contém uma coletânea da vida dos santos: "O santo é o homem autêntico".
Cardeal Serafim Fernandes de Araújo
Arcebispo emérito da Arquidiocese de Belo Horizonte (Brasil)
Hoje nós estamos comemorando o 3º aniversário da morte – eu diria, da corrida para o céu – do querido fundador de Comunhão e Libertação. Como esse homem marcou a Igreja! Combinada essa celebração, como fiquei feliz de poder traçar um vínculo por dentro, como alguém que vê e ouve com muita clareza um povo, o que está acontecendo no mundo todo e, principalmente, com vocês da Fraternidade: pessoas dedicadas, cristãs, muitos e muitas consagrados. E o tempo vai se fazendo. Cada um de vocês é essa pintura do Pai. Desafios fazem parte. E por isso posso garantir que esse é um dia de muito agradecimento, é um dia de muito louvor e é um dia de dizer a Deus: “Obrigado por ter me colocado no caminho de Comunhão e Libertação”. Quando Dom João e eu recebemos, foi verdadeiramente como um presente, presente de Deus abrindo luzes, seja nos seminários, seja nas paróquias, sempre deixando marcas e essas marcas fazem o mundo muito mais bonito e agradável a Deus. Por isso, estamos agradecendo e dando a vocês os parabéns. No meu modo de entender, a Igreja está precisando desses testemunhos e, principalmente, eu vejo em Comunhão e Libertação aquilo que está mais faltando aos católicos de hoje: “queremos ser Igreja”.
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