Acontecimento no Oriente
Márcia Akemi, após um período de 11 anos de missão no Japão retornou a São Paulo em 2007. Junto com sua amiga Sako realizou a tradução do livro O senso religioso para o japonês e em janeiro deste ano fez uma visita àquela comunidade e nos enviou esta carta
Caros amigos, cheguei bem, mas nos primeiros dias não consegui sair muito de casa, pois a temperatura está muito baixa. No domingo fomos jantar com o Bispo de Hiroshima para comemorar a publicação de O senso religioso em japonês e para que ele me desse as boas vindas! A Sako está planejando a apresentação do livro para o dia 10 de abril em Tóquio. Vão fazer parte da mesa Etsuro Sotoo (o arquiteto da Sagrada Família de Gaudí), prof. Habukawa (monge budista amigo de Dom Gius), Dom Pittau (Arcebispo jesuíta aposentado que foi reitor da Universidade Sofia) e a Sako. A esposa de Sotoo é pianista e fará um concerto de 30 min. Ontem vimos o livro exposto na livraria Paulina! Que emoção! Mas a coisa mais comovente é perceber que o Senhor “pensa” em tudo! Explico: no último numero de Ashiato (Passos em japonês), nós colocamos várias fotos do encontro do Movimento com Papa em 24 de março de 2007. Depois disso a Sako recebeu algumas cartas agradecendo o envio, dizendo que esperam ansiosos a chegada do próximo número, elogios! Nós começamos a publicar a revista em 2002 e praticamente só tínhamos visto reações negativas desde então: gente devolvendo a revista, cartas pedindo para não enviar mais. Quero dizer que o livro saiu num momento em que a receptividade em relação ao Movimento melhorou! Neste fim de semana esteve aqui uma amiga nossa japonesa, Kiyoe, que vive em Londres e encontrou o Movimento lá. Passamos o sábado todo empacotando e endereçando o livro para enviar aos Bispos, congregações, etc. Foi também um momento comovente: eu olhava para elas (Sako, Kiyoe e Setsuko – uma das primeiras a encontrar o Movimento em 1984, mas que foi embora e só voltou em 2005 depois de ter lido a lição de Carrón em La Thuile graças a fidelidade da Sako que nunca deixou de procurá-la) e pensava: quem é que pode fazer com que quatro pessoas que não tem “nada a ver” passem um sábado de inverno empacotando livros felizes da vida, cheias de esperança de que algum japonês possa conhecer e compreender Dom Giussani? Outro momento bonito foi o gesto das Tendas da Avsi que fizemos no dia 14 de janeiro. Fizemos uma “coleta” em uma quadra movimentada do centro de Hiroshima, distribuindo panfletos explicando para quê se destinava o dinheiro. Em meio ao vento frio cortante e à frieza das pessoas, fiquei impressionada com a liberdade e tranquilidade com todos participaram do gesto. Para mim tem sido nestes anos um momento de olhar para os japoneses e desejar ardentemente que eles conheçam Cristo! Nós fazíamos este gesto sempre em dezembro, antes do Natal, mas a Sako me disse que deseja fazer sempre em janeiro daqui para frente para que eu possa participar. Outra coisa bonita é que os Bispos do Japão estiveram em Roma em dezembro para um encontro com o Papa. Sako pediu para o nosso Bispo levar ao Papa uma foto que ela tirou com ele no encontro de março e um cartão se apresentando como Memores Domini e pedindo para rezar pelo lançamento de O senso religioso em japonês (foi uma amiga italiana quem lhe deu essa ideia). O Bispo já tinha ficado impressionado porque o Papa agradeceu a foto e mandou saudações para Sako, mas na semana passada ela recebeu uma carta de agradecimento oficial vinda do Vaticano. Dizia a carta que o Papa a abençoava e estendia esta benção a todas as pessoas queridas por ela. Sako me disse que é para todos nós nos sentirmos abençoados! É impressionante como o Senhor a sustenta, que misericórdia! Continuem rezando por nós, por favor.
Márcia,
Hiroshima – Japão
A única correspondência
Caro padre Carrón, sou um doutorando, estou em Paris há alguns meses para estudar, e com toda a comunidade dos universitários (CLU) da França participei dos Exercícios, que foram uma graça divina e também ocasião de unidade entre nós. A prova de que o encontro simplesmente acontece. Antes de tudo, agradeço-lhe pela clareza com que você nos colocou diante da imensidão da nossa exigência de felicidade (“O que buscais?”), convidando-nos a não ter medo e não dar respostas apressadas, mas a lhe dar espaço. Parecia que você se dirigia a mim pessoalmente, que em geral dou pouca importância a essa verdadeira exigência, que emerge em meu relacionamento com as coisas que, embora belas (a namorada, o progresso na pesquisa, etc.), não me bastam. Você deixou bem claro que o nosso problema é a falta de empenho com o real, e o que nos salva é a nossa própria inquietação, que uma hora aparece e nos obriga a dar atenção a ela. Se a levamos a sério, é graças ao encontro. Nossa companhia nos “habilita para o real”, nos ajuda a perceber a familiaridade com o Mistério na realidade. Naquele momento pensei em todos os amigos (de todos os cantos, Catânia, Milão, Paris) que me ajudam naquele trabalho que estou aprendendo a fazer, desde os Exercícios do CLU do ano passado até estes meses: reconhecer Jesus presente em minha vida, observar a grande quantidade de indícios que tenho. Agradeço também pela maneira como você falou da correspondência, recordando-nos que só Cristo corresponde e que Ele só interessará à nossa vida se mantivermos a consciência da imensidão dessa pergunta, para a qual só Ele tem a resposta. Testemunhas dessa única verdadeira correspondência foram, para mim, nesses dias, os rostos alegres dos amigos da comunidade, alguns dos quais estavam ali pela primeira vez. Penso em Stephanie (que conheceu o movimento em Minnesota e comparecia pela primeira vez aos Exercícios) e no seu maravilhamento pela beleza que estava vendo; penso em Inês, em Vincent de Paris, no entusiasmo de Celine de Bordeaux. Por isso, a sua conclusão foi clara: caímos e erramos, é verdade, mas é preciso recomeçar a partir d’Ele, que nos pergunta: “Tu me amas?”. É Ele quem nos acompanha, é a Sua presença que opera de novo entre nós, visivelmente. Obrigado por nos ajudar a reconhecê-la.
Tancredi,
Paris – França
Procurando emprego
Publicamos a carta escrita a um amigo do Centro de Solidariedade
Fugi de Eritreia, na África, e desde 2004 vivo na Itália, em Forlì, junto com minha mulher e minha filha; aqui encontrei também minha irmã. Em 2006, conheci Francesco e Benedetta, porque as nossas crianças brincavam juntas. Francesco me apresentou Luca e o Centro de Solidariedade (Cds), que ajudaram minha mulher a encontrar emprego. Depois, muitos outros amigos meus se dirigiram ao Cds. Agora, com Francesco e Luca nos encontramos todo mês para o compromisso da cesta de alimentos, mas também para jantarmos juntos no fim de semana ou, ao menos, para beber um café eritreu junto às nossas famílias e aos amigos de Francesco e Luca. Logo ficou claro para mim e minha mulher que Francesco, Benedetta e Luca desejavam manter uma relação de amizade verdadeira conosco, preocupando-se com todos os aspectos da nossa vida: trabalho, educação, tempo livre e as mais simples necessidades (roupa, gêneros alimentícios, etc.). Por isso, para nós era um prazer estar com eles e aderir às suas propostas (jantar, festas, passeios, missas). Francesco e Luca aconselharam minha mulher a fazer um curso de italiano e, a mim, um curso de informática. Agora minha mulher fala melhor o italiano e está fazendo um estágio. Acho que o mais importante é a verdadeira amizade que nasceu com essas pessoas. É uma amizade sobre a qual podemos sempre nos apoiar, como se fosse uma verdadeira família. Agora, quando aparece qualquer problema, ou para conversar sobre algo que acontece na vida ou, simplesmente, para saber como estão as crianças, basta um telefonema. Os nossos amigos eritreus, embora alguns ainda não consigam entender o italiano, ficam surpresos com essa amizade que vêem entre nós e já têm em grande estima essas pessoas; por isso, por exemplo, alguns já decidiram ajudar no gesto da Coleta de Alimentos.
Fetsum,
Forlì – Itália
Uma experiência de amor especial
Descobri o sentido da minha vida no momento em que fui chamada a abraçar uma experiência de amor que considero especial. Fui sorteada pela “loteria do céu” para acolher uma filha com uma doença genética, maior presente já recebido em minha vida. Desde o início, o maior desafio diante dessa realidade era viver cada momento, cada circunstância sem desespero, com esperança diante do inesperado, diante do medo frente à possibilidade de uma evolução dolorosa, frente à possibilidade de perdas e de sofrimento. Minha vida é uma luta diária. Em um dos momentos mais difíceis dessa trajetória, quando recebi a confirmação do diagnóstico da doença de minha filha, me dei conta que não conseguiria viver essa realidade sozinha. Estava afastada da Igreja e do Movimento e nesse momento, como por um milagre, reencontrei os amigos distantes e pude conhecer novos amigos que passaram a me ajudar concretamente nessa caminhada, dividindo os momentos de alegria e de angústia. A união da família foi essencial em todo esse processo e a reaproximação com o Movimento foi como um chamado de Cristo: “Eu te acolho, vem para perto de Mim”. Desde então passei a entender como é grande o amor de Cristo por mim, pela minha frágil humanidade. Passei a reconhecer a imensidão de Sua piedade. É essa imensidão que não me deixa fraquejar, que não me faz desistir de lutar. Quando tudo parecia caminhar bem no desenvolvimento de Alice, que chegou a engatinhar, falar, andar, começamos a experimentar as perdas com a rápida evolução do quadro neurológico da doença de Niemann Pick. Hoje ela não fala, não anda, perdeu a capacidade de deglutir passando a se alimentar por sonda gástrica e apresenta convulsões de difícil controle. Alice se comunica por meio de murmúrios, pouquíssimos gestos, do sorriso e do olhar. Esse olhar significa para mim o resgate de tudo. É o Mistério que se faz presente em minha vida por meio desse olhar, desse relacionamento, desse acontecimento diário de amor especial. Alice hoje está com três anos. Esse último ano talvez tenha sido o mais difícil de todos, por termos enfrentado as consecutivas internações, passagens por UTI, cirurgia, home care. Por outro lado, foi um ano de muito crescimento, marcado por vários milagres. A força e capacidade de superação de Alice a cada circunstância difícil talvez seja o maior sinal da misericórdia de Deus diante dessa realidade de luta e não é por acaso que Alice foi consagrada no Batismo a Nossa Senhora da Vitória. Alice é uma guerreirinha vitoriosa. Amor, fé, esperança em Cristo e caridade, preenchem a minha realidade e dão sustento ao meu viver, me motivando todos os dias a enfrentar as dificuldades, dando sentido aos meus relacionamentos, em especial ao relacionamento com minha filha, que se traduz na mais pura forma de relacionamento com o Mistério.
Adriana,
Salvador – BA
Acontecer sempre
Caro padre Carrón, aos 36 anos e com anos de história no Movimento, a minha resistência à Beleza encontrada não mudou; ou melhor, tornou-se ainda mais impiedosa, porque a companhia cerrada de então ficou mais discreta, deixando-me cara a cara com minha incapacidade de jogar-me toda inteira na relação com Cristo. Quando digo Cristo eu penso sempre naquilo que pode salvar tudo o que tenho entre as mãos (marido, filhos, alunos, amigos) e sem o qual nada tem sentido. O nascimento do meu segundo filho estava se tornando um álibi para não aderir às provocações da realidade. Mas como um castelo de areia, tudo estava se desmanchando diante dos meus olhos: incompreensões com meu marido, incapacidade de viver a dificuldade da maternidade, aridez na hora de preparar o programa educativo da minha classe. Bem, eu sou assim e talvez continuarei a ser assim por toda a vida: arredia a me deixar prender “toda” por Ele. Mas, com comoção, fiz a experiência de que, se Deus quer, nos toma como somos e nos “usa” para construir o seu Reino! Já no ano passado a experiência dos ginasiais despertou minha curiosidade e, embora grávida, participei de alguns encontros. Mas logo deixei que prevalecessem as minhas objeções e dificuldades, pois não sabia por onde começar para convidar os meus alunos. Este ano eu havia decidido não ler nem mesmo os avisos, para não entrar em conflito, mas quanto mais assumia essa atitude, mais sentia que estava perdendo aquilo que pensava ter ganho. Todo dia os meus alunos me perguntavam o que seria deles depois desse terceiro ano, e por que Deus os confiou a mim durante três anos. Essas perguntas se transformaram num grito, numa prece constante a Deus para que socorresse a minha fragilidade. A resposta não tardou. Sexta-feira 12 de outubro, às dez horas da noite, recebi o telefonema de uma moça que eu conhecia só de vista e que me perguntou se eu não queria compartilhar com ela o milagre que lhe estava acontecendo: conseguira dezesseis adesões de meninos de sua escola para participar da Jornada de Início de Ano em Tindari e me perguntava se eu não gostaria de convidar também os meus alunos. No mesmo instante ficou claro que tudo estava voltando a acontecer, que a Beleza que se abria diante dos meus olhos me atraía a tal ponto que eu me esqueci de todos os meus “se”, “mas”... Em dois dias recolhi nove adesões entre meus alunos e outros da minha escola. Meu maior medo era que os pais deles criassem obstáculos e hesitassem em confiar os seus filhos aos meus cuidados. Foi muito bonito constatar, porém, que depois de três anos observando o meu trabalho com os seus filhos, amadureceu neles uma estima e uma confiança no meu método educacional, de modo que se mostraram contentes de que o trabalho continuasse também fora do contexto escolar. A Jornada em Tindari foi muito bonita. Aderindo sem esquemas e sem pré-condições, estou recuperando o senso profundo de tudo aquilo que eu estava perdendo e uma alegria profunda está inundando a minha vida, de modo que não sinto mais nenhum cansaço ao fazer as coisas.
Antonella,
Trabia – Itália
Para ser feliz
Brisa, coordenadora da Coleta de Alimentos de 2007, enviou-nos esta carta que recebeu de sua amiga Rose.
Não pude participar da conferência nos dias que vocês marcaram, mas gostaria de contar um pouco sobre a minha experiência e da nossa comunidade sobre a realização da Coleta de Alimentos no ano passado. A impressão que tínhamos no começo, quando estávamos tentando organizar tudo pra que a Coleta acontecesse, é que estávamos fazendo a Coleta sem saber muito o porquê. O que vinha na minha cabeça era que a Coleta era um acontecimento muito grande e que eu (trabalhando o dia todo, tendo três filhos, casa, marido, etc...) não ia dar conta, estava "arrumando trabalho". Mas ao mesmo tempo sentia que o Jaime precisava de mim pra isto, do meu apoio, da minha organização. O Jaime é uma pessoa muito exigente e também é muito intempestivo e isso fez com que eu e a comunidade fossemos “obrigados” a nos mexer. No começo foi isso: um fazer de coisas meio atropelado. Hoje, pensando naquele começo, vejo que eu ainda não aprendi a entregar tudo nas mãos de Cristo. Ainda me perco nas desculpas e organizações e não olho o quanto me faz feliz o que estou fazendo, mesmo cansada. A reviravolta aconteceu quanto o Nando veio nos encontrar. Fomos invadidos por uma certeza, uma paz e uma amizade que é o que precisávamos para dar um novo rumo à Coleta. A primeira pergunta que ele fez pra mim foi: você está feliz em fazer a Coleta? Nossa! Primeiro eu não tinha me perguntado isso. Segundo, eu achava que eu não estava feliz, pois estava dando muito trabalho, estava dando desencontros entre eu e o Jaime, entre nós e os amigos. Com a presença do Nando eu me senti muito amada, amada a ponto de esquecer a forma como estávamos trabalhando até aquele momento e partir para um olhar novo. Não começamos do zero. Toda a organização que estava pronta nos ajudou a termos atenção a outros detalhes: os voluntários, os amigos, o convite com mais clareza, expondo o que me levava a fazer aquilo. O dia da Coleta foi uma maravilha. Um dia lindo, cheio de encontros, cheio de doações, cheio de graça! Para 2008 estamos preparados! Penso que com mais maturidade, pois aprendemos muita coisa. Abraços a todos e obrigada pela ajuda!
Rose,
Londrina – PR
“Ampliar” a família
Caríssimos, há alguns meses fomos consultados sobre a possibilidade de aceitar uma adoção temporária. Jamais tínhamos considerado essa possibilidade, embora frequentássemos há anos a Associação Famílias para a acolhida. Nunca nos consideramos adequados por vários motivos, sobretudo pelo fato de que um dos nossos dois filhos (de nove e de quatro anos), a primeira, é de certo modo “especial”, vive em cadeira de rodas, e isso traz consequências e encargos não desprezíveis. Enfim, achávamos que éramos nós que precisávamos de ajuda. Há algum tempo, porém, manifestava-se mais ou menos claramente, em nossa casa, o desejo de “ampliar” a família. Assim, quando surgiu essa consulta, para o acolhimento diurno de uma criança, ficamos meio embaraçados, por um lado, mas também nos conscientizamos de que, afinal, não era necessário nenhum “gesto heróico”, mas se tratava “simplesmente” de abrir nossa casa para essa menininha. Então, organizamos uma “reunião” com nossos filhos, numa sorveteria, para explicar-lhes a proposta. Eles acolheram a novidade com muito entusiasmo, mostrando-se logo disponíveis e afetuosos com a “recém-chegada”. Esperamos a chegada da menina recitando, com os nossos filhos, a novena de São Ricardo Pampuri. Tudo o que aconteceu nos levou a pensar que, se não estivéssemos seguindo esta estrada e envolvidos nesta história, jamais teríamos aceitado dar esse passo tão “incomum”, que à primeira vista parecia só complicar nossas vidas. Mas, antes de qualquer coisa, estamos certos de que, sem a presença de nossa filha “especial”, não teríamos cultivado aquelas amizades no seio da Associação. Eles acompanharam a nossa família, antes de tudo no compartilhamento do que acontecera conosco e, depois, na decisão de viver essa especial experiência de acolhimento. Esse gesto envolve também outras pessoas, como o filho de uma nossa amiga, que se ofereceu para transportar a menina, toda noite, para casa. Tudo o que estou relatando, no fundo, é mais uma “comprovação”, para nós, de que a fecundidade de uma experiência como a gerada pelo nosso Movimento nos leva a viver com intensidade verdadeira todos os aspectos do nosso cotidiano.
Carta assinada,
Verona – Itália
Vocação
Caro Julián, sábado 1º de dezembro, junto com outros pais, assisti à profissão do meu filho (ingresso definitivo aos Memores Domini; nde). Sou grato a você e a Dom Giussani por terem oferecido também a mim e minha mulher a possibilidade de compartilhar desse gesto, tão comovente quanto profundo. Pensei muito naquela liturgia. Vi a simplicidade da adesão, o conforto de uma companhia viva, a beleza do caminho do meu filho, e o rosto radiante de todos os “professos”. Disse a meu filho que aquela liturgia mostrou que o instante do “sim” por toda uma vida foi proposto como algo perfeitamente “normal”. Não se enfatizou nada, não se acentuou nada de “nosso”, mas tudo era tão enxuto e verdadeiro como o “sim” do Batismo. Temos dois filhos e ambos escolheram essa via vocacional. A graça – dizemos entre nós – escolheu nossa família. Vimos florescer diante dos nossos olhos a aventura da pertença ao Movimento, com uma intensidade e uma força que não suspeitávamos possível entre jovens. Porém, durante toda a vida havíamos pedido e rezado para que os filhos encontrassem Cristo, considerassem conveniente participar dessa forma de companhia, mas que tudo acontecesse como fruto da liberdade do eu; que tal trajetória contasse com a proteção de Nossa Senhora e a presença de amigos, que eles tivessem na carne o sinal de adesão a essa ligação da vida cotidiana. Agora que nos tornamos ao mesmo tempo pais e filhos dessa amizade milagrosa, possamos conceber – desse modo cru, verdadeiro e fascinante – aquela frase do Evangelho que recitamos na oração: “Deixai agora vosso servo ir em paz, pois meus olhos já viram Vossa salvação”. O que ainda pedir, a não ser que aquele momento seja seguido pelo seguinte, igualmente rico e forte? E com mais determinação implorar ao Espírito e ao Menino Jesus que o mundo o conheça, que o esquecimento não prevaleça, que se abra o coração ao desejo e que a graça favoreça o encontro da vida. Para que essa aventura vocacional que compartilhamos marque a vida deles e de todos, para que o mundo O conheça por meio da humanidade viva da sua adesão. Nós, pais, cheios de gratidão, nos entregamos a essa história de amizade, mais consolados, mais felizes, mais seguros.
Bruno,
Milão – Itália
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