Apresentadanos Estados Unidos a nova edição de É possível viver assim?, de Luigi Giussani. Quase mil pessoas ouviram Julián Carrón, Lorenzo Albacete, Joseph Weiler e Robert Pollack debaterem sobre fé e razão
Que um “evento cultural” encha um auditório de 900 lugares deixando umas cinquenta pessoas escutando do lado de fora, não é algo que acontece todos os dias. E a coisa parece ainda mais extraordinária se pensarmos que estamos falando de um evento cultural na cidade de Nova York, onde, em um dia, acontecem tantas conferências quantas podemos contar em um mês no resto do país. No entanto, o encontro intitulado “Can faith broaden reason?” (“A fé pode alargar a razão?”), proposta pelo Centro Cultural Crossroads e por Comunhão e Libertação, provocou este tipo de resposta. Uma resposta esperada – dado o nível dos debatedores e do fato de que no mesmo dia acontecera, na vizinha Jersey City, a reunião da Diaconia de CL dos Estados Unidos – mas só até certo ponto.
A imagem do Skirball Center, na New York University, no coração do da cidade, era fantástica: cada canto fervilhava de gente e havia uma grande expectativa. Era a primeira “aparição pública” de Julián Carrón no território norteamericano desde que sucedeu Dom Giussani na condução do Movimento. Ao seu lado, no palco, Robert Pollack, professor de Ciências Biológicas da Columbia University, e Joseph Weiler, professor de Direito da New York University. Mediando o debate, padre Lorenzo Albacete, teólogo e jornalista.
O motivo do evento foi o lançamento da edição em inglês do livro É possível viver assim?, de Dom Giussani, mas o tema de fundo foi, novamente, a relação entre fé e ciência, conhecimento e experiência. Temas que o Papa soube evidenciar desde Regensburg até a destruição cultural e social do episódio de La Sapienza, ocasião em que foram levantados os temas da vida e da história da humanidade. E para ficar imediatamente claro o método de abordagem, a conferência foi aberta pelo maestro Christopher Vath que executou o Intermezzo, de Brahms, e por padre Albacete que falou, usando palavras do então Cardeal Ratzinger, sobre o amor de CL pela beleza e pela música, traçou um paralelo entre as 200 mil pessoas reunidas na praça de São Pedro para expressar solidariedade a Bento XVI e aqueles que lotavam o Skirball Center. Todos refletindo sobre o desafio “fé e razão”. Assim, iniciou-se o debate.
“A fé pode alargar a razão?”, começou o professor Pollock. “Sim!”, responde imediatamente, “todo o resto que se pode dizer é apenas um comentário sobre essa afirmação”. E descreveu, como homem habituado a refletir sobre sua experiência, a misteriosa aventura da razão e do conhecimento entre aquilo que é desconhecido e aquilo que não é possível conhecer, afirmando que a ciência, a serviço da liberdade humana, só progride quando há um instante de revelação do que não é possível conhecer (unknownable).
O professor Weiler também não é do tipo que se intimida pelos desafios, muito menos pelo “cientificismo”. Muitos cederam àquela concepção segundo a qual “aquilo que a ciência não pode explicar não pode ser objeto de indagação rigorosa. Por que não aceitamos o desafio de certos aspectos da fé? Porque cedeu-se ao cientificismo”. Depois de descrever e sustentar a razoabilidade de algumas formas de expressão da própria fé judaica, Weiler concluiu fazendo uma observação sobre como o Papa, em Regensburg, submeteu radicalmente sua fé à razão.
E, por fim, Julián Carrón, que aceitou o desafio a ponto de fazer-se “americano com os americanos”, fez sua colocação em inglês. “A fé não pode ser reduzida a sentimentos e valores morais”, começou Carrón, retomando, também ele, o que o Papa disse em Regensburg. “O mundo contemporâneo renunciou à busca da verdade. Essa é a grande fraqueza do Ocidente”. Depois, descreveu passo a passo o caminho traçado por Dom Giussani e as características do fato cristão: o encontro, a excepcionalidade da presença encontrada e a pergunta que não pode deixar de surgir “mas quem é este?”. E lançou o convite para um caminho comum, ao longo da estrada e do método pelos quais este livro nos guia.
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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón