Primeiro vereador e depois deputado estadual por São Paulo. O testemunho de Marcos Zerbini que tem na base de sua ação política o interesse pelo povo
Ingressei na política trabalhando com movimento popular. A idéia da candidatura surgiu do próprio movimento (Associação dos Trabalhadores Sem Terra de São Paulo; nde). Ajudamos as pessoas a guardarem seu dinheiro para comprar um grande lote de terra por um preço bem menor e o dividimos entre essas famílias para a construção de suas casas. Mas a aprovação do loteamento sempre foi um grande problema. Os processos são extremamente complicados. A área é comprada, e para fazer um projeto e este ser aprovado na Prefeitura há uma demora de 4 a 8 anos.
Pra mim foi muito difícil fazer a primeira campanha para vereador, em 2000. Mesmo tendo clareza de que era para representar um povo, a impressão que dava, num primeiro momento, é que eu estava pedindo uma coisa para mim.
Agora, o que é marcante é verificar que, quando a relação com o povo é mantida e não se perde o contato com aqueles que lhe elegeram, quando se entende que realmente representamos estas pessoas, fazer política é muito mais fácil. A relação com o poder é muito difícil, pois, infelizmente, todo ser humano tem uma tendência muito natural de ser seduzido pelo poder, pelo egoísmo, pelo dinheiro. E o que garante a sua integridade é nunca esquecer dos motivos que lhe levaram a estar onde está. Posso dizer que o que salvou a minha humanidade foi permanecer sempre com o movimento. Porque cada vez que eu via alguma coisa que era tentadora, que seduzia, pensava: “Não, espera. Não é por esse motivo que estou aqui. Estou aqui porque eu represento pessoas que acreditaram em mim”.
Como vereador muitas portas são abertas, principalmente na Prefeitura, pois se acaba tendo acesso livre a todos os órgãos, participa-se da composição do orçamento da cidade e se consegue trazer recursos para melhorias da região que representamos. Eu consegui a aprovação de três creches e de uma Escola Municipal que já estão sendo construídas. Além disso, é facilitada a realização de parcerias público-privadas, como fizemos com convênios médicos e faculdades.
Em 2001, o encontro que fiz com doutor Alexandre foi um acontecimento. Nós nos tornamos amigos e em 2003 ele me convidou para participar de um encontro da Companhia das Obras no Rio de Janeiro. Nesse encontro se falou muito sobre a questão do jovem e também da faculdade. Pela amizade com os novos amigos de CL decidi me candidatar a deputado estadual para dar um novo passo. Em 2006 fui eleito com 94 mil votos. Foram dois aspectos principais que me levaram a me candidatar. O primeiro é que como vereador a sua atuação está limitada à cidade. É claro que podemos fazer amizades e ajudar no âmbito do que acontece no Estado, mas como deputado se consegue uma gama de relacionamentos políticos ainda maior e é possível ampliar o raio de ação. O segundo objetivo é levar adiante projetos na área de Educação, pois o fato de ser deputado, independente de ter ou não um Governador aliado, nos dá uma grande possibilidade de negociação.
Na política eu acredito que se conseguimos colocar o interesse do povo acima de qualquer coisa, Deus coloca a mão em cima e a coisa caminha bem. Quando se começa a pensar no próprio interesse acima do interesse do povo, então a coisa não caminha. Então, graças a Deus, as coisas foram acontecendo na nossa vida. Mesmo nos momentos mais difíceis, como quando fomos processados por causa do movimento, conseguimos conduzir tudo com uma paz e uma tranqüilidade muito grandes, pois acreditávamos muito no que estávamos fazendo, que Deus estava conosco nessa caminhada.
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