Após o encontro nacional, padre Carrón se reuniu com a comunidade do Movimento no Rio de Janeiro para um momento de assembléia: comparem tudo com o coração
Quantas pessoas vocês encontram por dia e quantas delas vocês têm vontade de encontrar novamente no dia seguinte?”, já perguntou Julián Carrón em vários momentos para explicar a excepcionalidade de Cristo e o desejo dos Apóstolos de O verem novamente. Talvez o encontro de Carrón com a comunidade do Rio de Janeiro tenha sido uma confirmação dessa mesma experiência. Das mais de 200 pessoas que lotaram o salão na Paróquia Nossa Senhora de Copacabana, muitas já haviam passado dois dias ouvindo o padre espanhol falar na Assembléia dos Responsáveis. Mas, como dizia um dos universitários: “Amanhã não tem Carrón, eu poderia até ir descansar um pouco agora, porque o final de semana foi intenso. Mas amanhã ele não vai estar aqui, e eu não quero perder nada”.
E se o encontrássemos todos os dias? Chegaria o momento em que nos cansaríamos? Não se trata de retórica – a primeira pergunta foi feita por uma jovem italiana, estagiária na Associação de Voluntários para o Serviço Internacional (Avsi), que em poucas palavras dizia: “Estava em Milão, no coração do Movimento, mas não estava acontecendo nada. Foi preciso que eu viesse ao Brasil para ver a minha experiência no Movimento renascer. No entanto, quero entender como a certeza amadurece, porque não quero perder a experiência de beleza que tenho feito nesses meses no Brasil”. Sendo assim, perguntar se nos cansaríamos ou não é uma pergunta retórica... E, de fato, Carrón não a tratou como tal: “A vida sempre decai, decaímos sempre. Por isso, a questão da vida é se existe algo que permanece no tempo. Existe algo que não decaia? Que conquiste sempre o nosso coração? Este é o desafio de Cristo – quem me seguir, terá a vida eterna e o cêntuplo nesta vida. Encontramos algo que desejamos ter para sempre. E se não foi você que deu a si mesma essa experiência, não será você que poderá conservá-la. Ele a manterá para você. Mas não basta o acontecimento, é preciso um eu que o reconheça. Eu sempre penso em Maria – não bastava o Verbo se fazer carne – é preciso uma mulher que diga sim”.
E como reconhecer o desejo do eu, como não confundi-lo com uma imagem de realização? – foi a pergunta seguinte. A comparação com o coração é simples, dizia Carrón, repetindo os exemplos – que nesse meio tempo se tornaram famosos – do sapato em promoção, mas que não podemos comprar porque não é o nosso número; da visita de um paciente com dor ao “Nobel de Gesso” que errou ao atendê-la: “Quando obtemos somente a imagem do objeto que nos realizaria, temos um sinal: as coisas ficam iguais ou pior. Se uma pessoa deseja casar, por exemplo, e pensa que o outro irá realizá-la totalmente, em pouco tempo poderá se dar conta da grandeza de si mesma – tudo é pequeno para a alma, até a pessoa mais amada. E quanto antes compreendemos a natureza do nosso eu, melhor será para nós”.
Uma outra pergunta também se referiu à comparação com o coração: o que fazer quando, na nossa companhia, uma pessoa que para nós é uma autoridade nos diz algo que nos parece ser contra o coração? Deve prevalecer a afeição? Carrón não deixou por menos: “Se uma pessoa que para você é uma autoridade, um grande amigo, em suma, lhe pedir que você pule da janela por afeição a ele, você pularia? O coração e a autoridade nunca estão em contradição – porque a maior autoridade era Dom Giussani, e foi ele que nos disse para comparar tudo, tudo o que ele dizia, com as exigências do coração e eu agora defendo isso mais do que todos: olhem tudo e comparem com as exigências do coração de vocês”.
E assim, quando perguntaram sobre a responsabilidade em relação ao Movimento, Carrón repetiu: “É um problema que eu nunca me coloquei. Cada um de vocês é tão responsável quanto eu – a questão é a vida. Eu estou vivendo e quero dizer sim ao olhar que eu encontrei”.
Credits /
© Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón