Um encontro que atrai mais do que o basquete
Caros amigos, quero contar sobre o ano que acabei de passar em Nova Iorque porque literalmente mudou a minha vida. Passei o ano nos Estados Unidos para fazer o último ano do ensino médio. Viajei com uma grande expectativa. Em particular, não via a hora de jogar basquete na equipe da escola onde estudaria. Jogo há mais ou menos dez anos e os Estados Unidos sempre me pareceram, em relação a esse esporte, o mais perfeito e desejável. Assim, quando as aulas começaram, logo perguntei se poderia entrar para o time de basquete. Nos Estados Unidos, quando alguém começa a praticar um esporte dedica todo o seu tempo e a sua energia. Em suma, o esporte torna-se o centro de sua vida. Entrar no primeiro time não era fácil, mas eu queria tentar a todo custo. E, depois de duas semanas, chegou o fatídico fim de semana dos try outs (as provas de admissão). Joguei incrivelmente bem e entrei para o time. Estava nas estrelas! Consegui entrar para aquele mundo que sempre olhei com admiração, e a excitação que experimentava era indescritível. Neste ponto, porém, duas coisas aconteceram. A primeira: depois da primeira partida do campeonato – uma grande vitória – lembro que estava voltando para casa, por volta da meia-noite, de ônibus, e sentia que alguma coisa não ia bem. Tudo estava caminhando melhor do que eu esperava e, no entanto, parecia que faltava algo. E, ali, sentado no ônibus, pela primeira vez percebi que estava triste. Nessa ocasião, aconteceu uma coisa excepcional: conheci Chris, um professor. Uma pessoa que logo me tocou. Senti-me profundamente atraído pela maneira como ele fazia as coisas. E, assim, comecei a ir à sua casa porque ele, sendo professor da minha escola, me acompanhava todas as manhãs e me levava para casa à tarde. Era muito interessante e agradável passar o tempo com ele. Era como se, no fundo, fosse aquilo que eu sempre tivesse desejado. Nem sei como explicar, mas nunca me senti tão querido em toda minha vida. E Chris me tocava profundamente pelas coisas que dizia. Parece que me conhecia mais do que eu mesmo. Com ele, tudo era grande e verdadeiro e sentia que ele tinha aquilo de que eu precisava e que ainda me faltava. Comecei a ir às reuniões dos colegiais porque ele me convidou. Ali, aquela tristeza que eu tinha sentido naquela noite não existia. Chegou o momento da escolha. O basquete ocupava todo o meu tempo livre. E, assim, depois de uma semana do início do campeonato, procurei o treinador e lhe disse que não jogaria mais. Decidi que queria passar aquele ano com Chris e aqueles jovens. O relacionamento com ele era decididamente muito mais promissor do que qualquer jogo. Deixei o basquete porque estar com eles enchia meu coração de alegria e aquele algo que sempre esperei tinha me encontrado de algum modo por intermédio de Chris. Ele nunca me pediu para deixar o basquete por causa dos colegiais e sou muito grato a ele porque precisava ser uma escolha minha.
Ignazio, Milão – Itália
Acontecimento
na sala de aula
Amigos, sou professora de ginasiais, e a cada dia me surpreendo com o fato de que algo tão desgastante fisicamente possa, a cada dia, me encher de paz. Paz que vem de uma certeza: a presença do Senhor dia a dia ao meu lado. Tenho 12 salas, todas repletas, com cerca de 35 adolescentes incansáveis, contestadores, e... como eu os amo! A cada sala que eu entro nunca deixei de invocar a presença do Espírito, e imploro que cada gesto e palavra minha sejam para a glória de Cristo. Outro dia, ao entrar em uma sala, das mais contestadoras, visualizei no fundo dois alunos (dos mais indisciplinados) em pé, “aprontando alguma” – eu pensei. Da soleira da porta, eu disse: “vocês poderiam se sentar, por favor?”. Imediatamente ouvi um riso sarcástico, mas um deles me disse: “Olha, professora, eu só vou sentar porque sei que você me ama muito, aliás, eu amo você”. Eu estremeci. O menino foi se sentar, olhando nos meus olhos. A sala, que quase sempre reage a algo assim com risinhos, permaneceu em um silêncio sagrado. Depois, contando isso para algumas amigas, uma me disse: “Mas veja, um menino sabe quando ele é realmente amado!”. Mas não, eu recordei que eu havia estremecido... e naquele momento havia pensado: “Senhor, como você tem coragem de dizer na frente de todo mundo que Você me ama?”. Esta foi uma em tantas vezes que o Senhor mostrou sua vitória naquele lugar.
Cristina Langer,
Ribeirão Preto – SP
“VOCÊ Tem um TEMPO
para NÓS?”
Tudo começou no último inverno: dois paroquianos, Cristina e Ricardo, me perguntaram: “Você tem um tempo para nós? Queremos encontrar Deus, dar respostas às nossas perguntas, sobretudo ao drama que vivemos há três anos. Enrico, nosso único filho, aos seis meses foi diagnosticado com o tipo mais grave de leucemia. Este fato está mudando a nossa vida. Esta dor está nos repropondo o problema do sentido da vida. Somos absolutamente ignorantes em relação a tudo o que diz respeito ao cristianismo”. O caminho começa imediatamente: encontros pessoais a cada quinze dias, uma primeira visita ao pequeno Enrico, no hospital. Muito pouco tempo depois, sinto-me conquistado pela humanidade exuberante de Cristina, pela seriedade com a qual Ricardo está diante do fato religioso e da sua dor, e pelo desejo de ambos, de unirem-se no sacramento do matrimônio. Logo percebo que não é uma questão de aprender o catecismo ou ler muitos textos, mas trata-se de ir a fundo naquelas perguntas, deixar que Jesus opere por meio daquela afeição-simpatia que nos une. A partir disso vem, com simplicidade, a primeira proposta: apresentar a eles outros amigos da comunidade e preparar o casamento. Eles dois, quarentões, inscrevem-se no curso de preparação ao matrimônio com outros trinta casais, todos mais jovens. Chega o dia do casamento. Já estão envolvidos um pequeno povo e os amigos, aqueles de outrora, que naquele dia olham estupefatos a mudança profunda que aconteceu na vida de Ricardo e Cristina e daquela criança que, depois do terceiro transplante, sai do hospital, e aproveita os nossos cantos e aquela estranha festa. Ele, amante de licor de aniz, o distribui em recipientes com sementes de violeta e convida para doar o correspondente para a Associação Cilla. Cristina e Ricardo sabem que, segundo os médicos, Enrico tem apenas poucas semanas de vida. E o tempo, mesmo aquele que nos é desconhecido, torna-se amigo, porque decidimos pedir tudo, inclusive um milagre. Em todas as nossas casas, todas as noites, reza-se para pedir o milagre da cura por intercessão de Dom Giussani. Depois, tudo parece correr... Entre transfusões e orações, o pequeno Enrico, no entanto, vive e vive bem. Tudo gira em torno da certeza-esperança. Na Escola de Comunidade, seus pais descobrem pouco a pouco aquele Mistério antes completamente desconhecido, mas que já agia em suas vidas. Veem-se circundados por uma amizade compartilhada. Estão serenos porque têm certeza de que Aquele que, por meio de seus misteriosos caminhos, provocou este encontro, mobilizando um número impressionante de circunstâncias, cumprirá aquilo que prometeu: a vida eterna e o cêntuplo. A oração se faz mais intensa, Enrico tem vontade de aproveitar tudo, até aquele dia 30 de junho quando seu coraçãozinho para de bater. A sua história, a sua doença gerou uma série de milagres que não param de nos maravilhar, o milagre de uma humanidade diferente.
Padre Primo, Turim – Itália
“Se essa pessoa é capaz de me olhar assim, como é o olhar de Cristo?”
Até pouco tempo atrás eu era uma pessoa falida: falida no casamento, falida nas finanças, e pensei até que estava falida como mãe, pois chega um ponto em que você perde todas as esperanças e todas as referências. Eu tinha uma indústria de velas que pegou fogo, e passei a fazer este trabalho na minha casa. Mas isso começou a me desgastar muito fisicamente e não consegui mais. Passei, então, a receber estudantes na minha casa, mas a renda não era suficiente para pagar as minhas dívidas. Depois, eu encontrei o Movimento e isso foi uma ajuda concreta, que me permitiu me manter de pé. Um dia, conheci a Gislaine de São Paulo que tinha vindo a Londrina para o velório do seu pai. E como ela tem parentes na cidade, toda vez que ela vinha, me ligava e íamos à missa juntas, fazíamos um lanche aqui em casa. Começou uma amizade simples, sem nenhuma pretensão. O tempo foi passando, eu fui me envolvendo mais com o Movimento, entrei para a Fraternidade São José, mas nunca tinha dinheiro para fazer as viagens e participar dos encontros, e tinha sempre que pedir ajuda. Isso me deixava constrangida. Aos poucos, fui compartilhando minha vida com a Gislaine, falando dos meus desejos, e contei que fazia bijuterias quando era jovem. Ela me pediu para tentar fazer algumas peças. Eu achava que nem tinha mais criatividade, mas aceitei o desafio e fiz alguns colares. Quando ela recebeu, me ligou dizendo que aqueles colares poderiam realizar o meu desejo de ir a Itália. Achei absurdo, mas o fato é que ela foi passando estes colares para algumas lojas em São Paulo, as pessoas do Movimento gostaram muito e ajudaram a divulgar, e as vendas foram aumentando cada vez mais. No ano passado, fui à Itália e vendi os colares no Meeting de Rímini, passeei bastante, tive a oportunidade de visitar o túmulo de Dom Giussani, e visitei lugares que eram sonhos que eu tinha guardados no meu coração e que se tornaram concretos. Em um relacionamento cotidiano, na rotina que eram os encontros com ela, ocorreu a mudanças de toda a minha vida. Hoje, eu tenho autonomia para participar de todos os encontros do Movimento, viajar para visitar a minha mãe, e isso foi possível por esta amizade. No Meeting eu estive com a Vicky e repito o que ela disse: “Se essa pessoa é capaz de me olhar assim, como é o olhar de Cristo?”. Comigo aconteceu a mesma coisa. Estes colares são o milagre da minha vida. As pessoas dizem que eles têm um brilho diferente, e eu sei que este brilho não vem das fitas, eles têm o brilho do Espírito Santo, o brilho de Deus, o brilho do Movimento. E depois desta experiência, eu aprendi a não desprezar nenhuma palavra que alguém me diz. Por isso, comecei a ajudar uma outra senhora que estava precisando de trabalho e se tornou minha ajudante nesta tarefa. E ela está muito feliz. E agora espero o que Deus me propõe e peço que esteja disponível a responder ao que Ele quiser.
Zaira, Londrina – PR
A propósito do Meeting
Assim, naquela mostra, encontrei um pai
Cheguei em Rímini no domingo. Estava muito quente. Mas, ainda mais quente era a espera de ver uma das mostras do Meeting dedicada a Santo Agostinho. Esperando-me, estavam padre Giustino, de Pavia, e outros fraternos agostinianos como eu. Não hesitei em dirigir-me à área da Mostra e seguir as visitas guiadas. Quero aprender. Escuto. Comparo. Passo-a-passo começa a tomar forma uma primeira certeza: nunca conheci o homem Agostinho dessa forma. Vejo-me diante de um homem, que viveu há 1600 anos, que fala de si, da sua inquietude, dos fatos que acontecem em sua vida e que acendem seu desejo de encontrar algo ou alguém capaz de responder às suas perguntas. Agostinho é cristão, mas precisa de uma fé razoável. Não de uma fé racional, que explica tudo apenas com a razão. Esta, ele já havia experimentado encontrando os maniqueístas. Mas, quando seu amigo mais querido morre, se dá conta de que aquela fé não sustenta o drama daquela morte inesperada. Paro, reflito: aquele homem sou eu, aquela é a minha vida. O desejo de Agostinho é o mesmo que o meu: nada basta na vida e tudo remete a outro, ao inexorável Destino que obstinadamente impõe-se diante de cada fato, de cada circunstância, dia após dia. O que me tocou primeiramente é o formato tão pouco usual que padre Giuseppe e seus amigos deram à Mostra. Tocou-me porque, pela primeira vez, ouvi falar um homem vivo, próximo. Vi-me dentro da reconstrução do Batistério de Milão onde são descritos os encontros e os passos de Agostinho que o levaram a abraçar Cristo. Por que o abraça, finalmente, depois de tanta incerteza? Porque percebe que Cristo não é uma ideia ou uma moral, mas uma presença, a única capaz de responder a sua necessidade. E onde reconhece Cristo presente? No rosto dos amigos que encontra, no rosto de Sempliciano, de Ponticiano, de Alípio, de Ambrósio, na Igreja viva de Milão. Será tocado pelo bispo Ambrósio, ao vê-lo explicar as Escrituras usando a razão, quer dizer, mostrando sua pertinência em relação às suas perguntas, suas esperas, seus dramas. Cheio de entusiasmo, nos dias seguintes eu também me aventurei a guiar as numerosas visitas. Muitas pessoas queriam ver a Mostra, especialmente jovens. Saí de lá mais entusiasmado, porque me impressionou a atenção, o silêncio e o interesse. Agostinho falava a eles. Em suma: encontrei um pai. Aquele pai que achava que conhecia pelo fato de ser agostiniano, agora se tornou realmente familiar para mim. Durante muito tempo, Agostinho ficou entre os eruditos. Agora, finalmente, voltou a estar entre os homens.
Padre Giuseppe, Latina – Itália
Quando deixamos de lado os medos
Caro padre Carrón, tudo começou quando Zaga me perguntou: “Você vai às férias?”. As férias com o Movimento não estavam exatamente nos meus planos, mas no momento em que ele me convidou de um modo tão simples, o mais correspondente era dizer “sim”. Os amigos da minha fraternidade estavam um pouco céticos, mas como me viam convencido, disseram: “Se você vai, também nós iremos”. No primeiro dia, voltando de um passeio na montanha com o teleférico, começa a chover e a cabine balança. Eu estava com medo. Em certo momento, vejo na minha frente a minha neta de três anos rindo, sentada sobre os joelhos do seu pai. Pergunto-lhe: “Você não está com medo?”. Ela responde: “Não. O meu pai está aqui.”. Naquele momento queria ser como ela: sentado sobre os joelhos de Jesus. Nos dias seguintes, não deixei cicatrizar a ferida aberta pela minha neta e isso me fez começar um trabalho, isto é, eu não parava nos meus medos ou no “eu já sei”, mas deixava espaço à possibilidade de que não fosse como eu pensava. No instante no qual se passa dos próprios medos à confiança em Jesus, se abre um mundo novo. No meio da semana, a minha filha ficou doente. Enquanto estava com ela, pensava: “Por que sempre conosco?”. Enquanto me lamentava da minha desgraça, minha filha me pede que leia para ela a tradução de um livrinho de cantos espanhóis. Em certo ponto, leio o texto de um canto que fala do relacionamento entre pai e filho. Impressionou-me o trecho no qual os dois em peregrinação levam nas costas o peso de Nossa Senhora, “dois homens iguais, dois amigos da mesma carne”. Naquele instante entendi que não queria estar em nenhum outro lugar.
Filippo, Urbino – Itália
No cárcere
Padrinho de Batismo
atrás das grades
Ivan é um detento, que pelo encontro com Daniela e os amigos da Associação Encontro e Presença, se converteu. Parou de blasfemar. Quando lhe foi proposto rezar pela filha de um voluntário que foi diagnosticada com Síndrome de Down antes de nascer, ele aceitou. No dia 26 de maio, a menina nasceu sã e o pai convidou Ivan para ser o padrinho. Ele precisou negar porque não pode sair da prisão para onde foi transferido. Esta é a carta que escreveu para a menina.
Olá, pequena testemunha da existência de Cristo. Agnese, um dia você vai entender e se sentirá orgulhosa de quanto amor, alegria, sofrimento, testemunho, mudança e fé foram vividos por você e com você, desde o momento da sua concepção. Estou orgulhoso e vaidoso por ter sido escolhido por seu pai para ser seu padrinho! E isso também é um sinal de Cristo. Como tudo aquilo que você, eu, seus pais e seus amigos vivemos juntos. O fato de eu não poder estar aí fisicamente me magoa; saiba, porém, que meu espírito estará perto de você mais do que você pode imaginar. E embora estejamos distantes e sejamos diferentes em sexo e idade, há algo que sempre nos manterá unidos: nosso nome de Batismo – Maria, que também é o nome de Nossa Senhora. Agnese Maria Benedetta, minha gratidão a você é imensa! Cristo fez-me entender que, para mudar, é preciso acreditar, confiar! Você foi o meu acreditar, você foi a minha confiança. Amo você, pequena criatura divina.
Ivan Maria
Credits /
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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón