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Passos N.77, Novembro 2006

EXPERIÊNCIA - A Equipe dos Universitários | LA THUILE

Cartas dos universitários

Ou “funcionários” ou mais certos
Caro Julián,
como você me pediu, escrevo aquilo que lhe disse hoje, na hora do almoço. Cheguei aqui esperando uma mudança e desde o início percebi que o desafio com o qual você nos provocou na primeira noite tinha sido pensado especificamente para mim. No jantar da primeira noite e, depois, na palestra de introdução, você disse que ou nós estávamos aqui para voltarmos para casa mais “funcionários” ou mais certos de que o caminho começado era aquele sobre o qual realmente se dá a realização da nossa sede de infinito.
Hoje, quase no final desta Equipe, devo admitir que Cristo está vencendo, está vencendo porque não pára de tomar iniciativa, não cessa de me convocar ao reconhecimento da sua presença-presente.
Enquanto nos falávamos esta manhã percebi o contragolpe do Ser, de Cristo presente, o contragolpe de uma presença com a qual posso me relacionar a cada instante. Em particular, tocou-me a última frase da Assembléia, quando você disse que em nome da “moral cristã” eu posso fazer a coisa mais imoral, quer dizer, não deixar-me atrair por Ele. O meu nada não pode ser objeção: Ele existe. Dizer isso é um milagre contra o qual nem mesmo a minha aridez pôde se opor. Saindo, senti meu, profundamente meu, o silêncio, porque não queria perder nada e continuar em relacionamento com Ele. Mesmo fora do salão, falando com meus amigos, cada palavra que eu pronunciava queria dizê-la sem eliminar o coração da Sua presença. Agora desejo que cada instante da minha vida seja silêncio, isto é, memória, isto é, relacionamento com Ele. Obrigado!
Marco, Perugia

Colocar-se em primeira pessoa
A Equipe do CLU deste ano foi mais que uma experiência. Cheguei a La Thuile movido por uma pergunta. Minha namorada e meus amigos tinham me feito perceber, de fato, como ultimamente eu olhava para tudo como algo a organizar e as pessoas como a algo a ser julgado.
Em suma, fazia tudo, mesmo na comunidade, e os resultados eram positivos, mas devo admitir que, mais que levado por um desejo, o era por um projeto que, por mais justo que fosse, permanecia sempre uma idéia. E, em relação ao título da Equipe, mais que viver por algo que estava acontecendo, parecia que vivia por algo que “já sabia”.
No primeiro dia, durante o almoço com Carrón, tentei descrever essa minha situação, mas, mais que tudo, tentava atribuí-la a outros. Ele, no entanto, logo quis saber como era para nós, que estávamos ali, pediu que falássemos em primeira pessoa e que disséssemos o que queríamos daqueles dias. Então, percebi nele aquilo de que tinha necessidade: alguém que não estivesse preocupado em dizer a coisa certa, mas que, certo do fato de que aquilo que busca existe, dissesse o que desejava, sempre. Na última Assembléia contei o que me aconteceu perguntando o que poderia me fazer mais disponível, não por um capricho intelectual, mas porque precisava. Respondeu indicando-me dois pontos: empenhar-me com a realidade, com aquilo que tenho nas mãos (a minha pouca disponibilidade é, de fato, fruto também de uma certa falta de empenho que eu vivo), de modo a perceber que não me basto sozinho e, segundo ponto, seguir quem vejo ser mais disponível do que eu em acolher aquilo que acontece, exatamente como durante a Equipe. Não voltei para casa mais “emocionado” mas mais certo de um método: vi que as coisas podem ser “minhas” porque faço experiência delas a partir de uma necessidade que tenho, colocando nelas a minha participação, o meu ser, dizendo o que desejo, com meu problema em particular. E, agora, desejo ser mais disponível e mais autêntico e não mais “pronto” ou mais justo mas, sobretudo, quero permanecer ligado ao lugar onde vi que é possível pedir tudo, onde me pedem não para ser competente mas para ser verdadeiro.
Giulio, Milão

A verdadeira excepcionalidade
Estava voltando de umas férias espetaculares, feitas com o CLU do Politécnico, caracterizadas pela completa valorização da minha humanidade e queria que os três dias da Equipe também carregassem a mesma intensidade de vida de todo o verão. E foi assim! Mais que isso. Voltei para Milão mais apaixonado e ligado ao Movimento porque tive uma ulterior confirmação da beleza que já havia visto.
Na Assembléia, contei como eu, freqüentemente, tendo a definir, até com uma certa precisão, aquilo que quero dos meus dias e da minha vida. Quero o melhor das coisas que tenho nas mãos e, normalmente, projeto eu, a priori, o que é o melhor. Esta inclinação à posse da realidade não me escandaliza absolutamente, embora muitas vezes me leve a “forçar” ou a deixar de lado aspectos da realidade.
Carrón me chamou a atenção sobre isso dizendo-me que é necessária uma abertura diante da realidade, à totalidade de seus fatores, “porque é no defrontar-se aberto com a realidade que se revela o mistério”. A alternativa não é ter ou não um projeto sobre a realidade mas ter esta abertura última, senão o projeto se torna uma medida que nos fecha diante da realidade.
Mas a verdadeira excepcionalidade foi ver em ação o método proposto por Carrón: ver ele mesmo em ação. De manhã, no final das Laudes, durante as quais pensava sobre a colocação que tinha feito, Carrón perguntou quem de nós tinha se dado conta da Sua Presença durante aquele gesto. A pergunta me derrubou: eu não esperava nada das Laudes. Mas o que valia para as Laudes valia, também, para o modo com o qual comíamos juntos, valia para a vida. Nos dias da Equipe – nos encontros, nos almoços e jantares, nos momentos de convivência – vi pessoas que querem saborear cada momento da vida buscando o Mistério em cada circunstância e entendi, de repente, a genialidade do título da Equipe: “Vive-se por algo que está acontecendo agora”. Voltando a Milão e com o início de um novo ano quero recomeçar verificando até o fundo este “método” que permite viver de um modo novo e mais bonito.
Fabio, Milão

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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