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Passos N.74, Julho 2006

EXPERIÊNCIA - Brasil / O Milagre da Hospitalidade

Abertura ao real

por Arlete Bonfim

Caros amigos, eu e Gilberto, desde muito
cedo, no início do casamento, abrimos nossa casa para receber os amigos, vendo isto como uma forma de gratidão ao Senhor que nos havia amado em primeira pessoa. Nos primeiros seis anos de casados eu não conseguia engravidar. Começamos então, a buscar respostas para a nossa infertilidade biológica, e encontramos o cêntuplo na resposta quando, olhando a experiência de outros amigos, decidimos adotar duas crianças, que começaram a fazer parte das nossas vidas de forma mais profunda e essencial do que jamais poderíamos imaginar. O eterno veio habitar na nossa casa e dilatou o nosso coração. Surgiu, agora, uma nova oportunidade de acolhida, que seria a guarda, neste caso, restrita apenas aos finais de semana, ocasião em que acompanhamos uma garota com graves problemas familiares, que tem necessidade de uma referência adulta mais segura. Esta nova modalidade de acolhida abriu ainda mais as possibilidades, pois exige de nós uma total liberdade em relação àquela criança, que mantendo o laço com a família, vem a nós com um grande pedido de ajuda para que sejam fortalecidos justamente estes laços. Ao perceber a grandeza da experiência em que estávamos imersos, iniciamos um pequeno grupo para entender as razões daquilo que estávamos fazendo. Trabalhando os textos de Giussani no livro O Milagre da Hospitalidade, comecei a entender que o primeiro reflexo da hospitalidade é a mudança nos relacionamentos, antes de tudo com o meu marido e com os meus filhos. A grande riqueza desta experiência é poder olhar para o outro que está do meu lado e reconhecer que ele não me pertence, que eu apenas colaboro na obra divina para construir o seu destino. Esta experiência da acolhida, nascida no seio da família, tem uma capacidade de expansão, que eu nunca imaginava que fosse possível. Comecei a ver o quanto o que se vive na intimidade do lar pode afetar a humanidade e até criar um povo novo. É isto que significa a Associação Famílias para Acolhida: um grupo de famílias que se encontram para se ajudar nesta forma diversa de viver a sua humanidade, buscando o sentido para a realidade que lhes é dado viver. Esta realidade pode ser a adoção, a guarda provisória, a acolhida de pessoas com necessidades específicas (idosos, doentes etc) ou apenas a hospedagem de pessoas que passam pela nossa cidade, ou quem sabe o acolhimento de um filho doente, ou outros familiares... Não importa a modalidade, mas a disponibilidade do coração para aprender uma forma revolucionária de viver a própria humanidade. Esta é a possibilidade de mudar o rosto das nossas famílias, esta é a possibilidade de criar um povo novo.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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