Os atentados e atos criminosos que nos atingiram entre 12 e 15 de maio, e que paralisaram a cidade de São Paulo de medo e de impotência, suscitam em nós dor e apreensão. Nasce em nós uma pergunta: como recuperar a esperança de um povo? De fato, o que está em jogo não é simplesmente a segurança dos cidadãos, mas a própria natureza do povo: os valores que formam a base da sua convivência e da sua esperança.
O cinismo ideológico que há anos domina incontestado entre nós está na base da degradação das relações normais de convivência pessoal, familiar e social e do conseqüente crescimento da violência. Estão sendo destruídas a tradição e a esperança cristã do nosso povo, sobre as quais, a despeito dos seus reconhecidos ou supostos limites históricos, se havia construído um fundamento para a civilização. Este fundamento arruinado está sendo substituído pelo nada, pelo vazio, pelo ceticismo.
Um povo nasce (ou renasce) e se desenvolve somente a partir de uma experiência autenticamente religiosa. A experiência que está na base do povo cristão é o encontro com Cristo. É nesse encontro que nos descobrimos amados e nos abrimos para amar o outro. É desta experiência humana que nasce a esperança e a capacidade de construir diante da violência, de respeitar a vida e a liberdade do outro reconhecendo em todos um destino comum.
O amor e o respeito à vida e à liberdade (própria e alheia) são os pilares para a reconstrução de uma convivência social mais justa e mais pacífica.
Por estas razões ousamos dizer
1) Que neste momento difícil e dramático, a defesa da liberdade significa a defesa das instituições que a protegem, em primeiro lugar, as forças policiais do Estado. Estamos decididamente do lado daqueles que corajosamente sacrificaram sua vida para defender a nossa liberdade. Aos policiais caídos e aos seus familiares vão nossa solidariedade e nossa oração, naturalmente estendidas aos feridos e às vítimas civis.
2) Civilização quer dizer que o Estado não deve se vingar da derrota de maneira indiscriminada ou aleatória, mas deve prover-se de normas e instrumentos que permitam uma luta mais eficaz contra o terrorismo e o crime organizado.
3) Como cristãos somos chamados a testemunhar com firmeza, neste contexto tão hostil para o homem, que o encontro com Cristo ressuscitado é o que dá sentido à vida e, por isso, é o único fundamento de uma sociedade mais humana. Convidamos a nos unir em oração para Nossa Senhora Rainha da Paz, a fim de que, diante de circunstâncias tão tristes e dolorosas para a vida do nosso povo, sustente e socorra a labuta de cada um.
COMUNHÃO E LIBERTAÇÃO - Maio 2006
Credits /
© Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón