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Passos N.72, Maio 2006

EXPERIÊNCIA - Exercícios da Fraternidade 2006

São Paulo - Uma amizade que opera

por Silvia Brandão

A provocação de um amigo os levou a assumir a organização da via-sacra no coração financeiro da maior cidade do país. Uma disponibilidade que ajuda a dar significado ao verdadeiro motivo do estar juntos: crescer na afeição a Cristo

Pelo terceiro ano consecutivo nosso grupo de Fraternidade assumiu a responsabilidade de organizar a via-sacra na Avenida Paulista, na Sexta-feira Santa.
Preparar e viver esse gesto como adultos e como Fraternidade tem aprofundado nossa amizade e o sentido pelo qual estamos juntos. Pensar em cada detalhe, assumir pessoalmente a responsabilidade por determinada tarefa, convidar os amigos para contribuírem de alguma forma, torna mais claro a razão de nosso estar juntos: crescer na afeição a Cristo, aderir a Ele e anunciá-lo aos outros.
Aderir à via-sacra como obra ajuda a cada um de nós a dar um passo a mais e a assumir o Movimento em primeira pessoa. Assim é possível reduzir a tentação de ser apenas um grupo de amigos, que se reúne periodicamente e divide alguns aspectos da vida, mas que não vive uma amizade operativa e, portanto, não constrói a experiência pessoal no Movimento, na vida da Igreja e no cotidiano.
Nosso grupo é de veteranos. Somos 14 pessoas e nos reunimos a cerca de 10 anos. Alguns nos chamam de “dinossauros”. Quatro anos atrás, durante uma de nossas reuniões, padre Cássio disse que a via-sacra na Paulista não seria mais realizada porque não havia quem assumisse o gesto, faltando apenas um mês para a Sexta-feira Santa. De imediato começamos a reclamar das pessoas que não se envolviam seriamente com a proposta do Movimento. Até que um de nós lançou a provação: “Por que nós não assumimos a via-sacra, como uma obra da nossa Fraternidade?”. Passado o impacto inicial, deixamos de lado nossos limites e nos lançamos nessa aventura, assumindo o que podíamos e pedindo ajuda naquilo que não sabíamos fazer sozinhos.
Assim, percebemos a disponibilidade e o amor à Igreja de nossos amigos – inclusive um outro grupo de Fraternidade – que se envolvem com o gesto e contribuem na divulgação, na segurança, na ordem, nos cantos, na oração do terço. Enfim, percebemos que o gesto não é do nosso grupo, mas expressa a beleza e vivacidade de toda a nossa companhia. Nesse ano, constatamos que a inteligência e até o profissionalismo de alguns amigos na divulgação ajudou a tornar esse gesto ainda mais público, e possibilitou a participação de pessoas de muitos cantos da cidade. Cerca de 600 pessoas percorreram junto conosco os passos de Cristo.
Ajudados pelo padre Vando, percebemos a importância de responder a essa necessidade do Movimento, isto é da Igreja, de mostrar Cristo crucificado no centro financeiro de São Paulo. Assim, a cada ano, enquanto percorremos o caminho doloroso que Ele fez, vai ficando cada vez mais claro que o escopo do nosso estar juntos como grupo de Fraternidade é plenamente atingido quando a nossa amizade nos faz missionários, mesmo sem a menor pretensão de sê-lo. O caminhar juntos rezando, cantando ou em silêncio recoloca-nos novamente na posição original para a qual fomos criados.
Com essa consciência renovada, o nosso pequeno e despretensioso grupo começa a documentar o que significa viver uma trama de relacionamentos que no cotidiano simples e escondido de cada um de nós vai se tornando carne, então fica um pouco menos pesado fazer nossa particular Via Crucis cotidiana, pois estamos certos de sua Ressurreição.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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