É provável que recentemente você tenha conversado com alguma mãe de família e escutado as suas preocupações sobre o destino dos filhos. Ou tenha se encontrado algum empresário. Por acaso ele não se lamentou das dificuldades do momento presente? Ou você também não leu alguma das numerosas estatísticas que indicam um crescimento da sensação de desânimo diante do futuro e do sentimento de precariedade que parece dominar em cada campo da existência, sobretudo expresso pelos mais jovens? É como se cada espera e desejo de bem devesse terminar, cedo ou tarde, em nada.
Provavelmente você ouviu essas coisas mil vezes, ou mais, porque a insegurança é, sob muitos aspectos, um dos traços principais do rosto da nossa época. Uma insegurança que envenena muitos âmbitos da vida pessoal e comum. E que parece cada vez mais uma característica "fixa", especialmente quando se examinam as questões da vida dos jovens. Em todo caso, é uma situação que apresenta um certo paradoxo. De fato, mesmo que a vida de alguns seja bastante "decidida" na adoção de modelos e comportamentos (por exemplo, no trabalho ou no juízo sobre a vida pública), por outro lado parece "insegura" quando se trata de tomar uma posição e fazer escolhas nos âmbitos mais importantes da vida pessoal.
Todos têm certeza de que vale a pena trabalhar muito, mas percebe-se uma falta de razões sobre o porquê é necessário fazê-lo. Acontece o mesmo no delicado campo da afetividade: há uma grande decisão para reivindicar a necessidade de relacionamentos essenciais, mas há uma grande dúvida no momento de torná-los estáveis, ou de arriscar-se neles. Em suma, uma aparente esquizofrenia pela qual as pessoas se dedicam com vigor e, muitas vezes, com abnegação na perseguição de certos modelos e certos objetivos e, depois, é como se ficassem paralisadas diante da verificação de suas razões. Como se o próprio eu não existisse mais.
O homem "inseguro" é um ótimo brinquedo para o poder, qualquer que seja ele. Um ótimo súdito. Acabará por ajustar-se, mais ou menos inconscientemente, ao costume geral, quer dizer, às direções que o poder, com seus instrumentos, impõe. Um homem inseguro no juízo e na afetividade será uma presa fácil das modas. E, uma vez que a insegurança como lei conduz à paralisação da vida, então se prefere assegurar-se contra este risco vivendo "como se fosse seguro de", portanto, um pouco menos e carregando no coração a impressão de que tudo seja falso. É possível até declarar que se ama a vida dizendo estar seguro deste amor e, no entanto, ocultar um tipo de desânimo cheio de angústia.
Na época da insegurança, os cristãos oferecem a certeza como caminho para viver. O Papa tem uma certeza que, nos dias da Páscoa, gritou ao mundo inteiro. Mas ela não se assemelha à odiosa suposição de quem, achando estar no comando, começa a impor aos outros idéias claras sobre tudo e regras de comportamento.
"Tudo para mim Tu foste e és", escreveu a poetisa Ada Negri. A segurança que dá energia para recomeçar na vida – no trabalho, nos afetos, na atenção aos problemas nos quais todos estamos inseridos – não vem de uma hipócrita consideração ética sobre o próprio estado. Ao contrário, vem do relacionamento com algo maior. Que não é um vago sonho, mas uma presença que corresponde ao coração, hoje.
"Vive-se por amor de algo que está acontecendo agora" é o título dos Exercícios Espirituais da Fraternidade de Comunhão e Libertação deste ano. Como aconteceu aos discípulos em Emaús, desanimados e desiludidos, Cristo ressuscitado aproxima-se de nós – disse padre Carrón – para nos tirar do nada no qual tudo parece terminar. É a Sua presença, a Sua companhia que se mostra vitoriosa, desafiando qualquer ceticismo e cinismo e realizando a espera do coração. Mais do que uma segurança que nasce da presunção das próprias capacidades, trata-se da certeza da existência de um Tu, de uma ligação com Cristo, que se torna companheiro de caminho em cada instante por meio de "homens nos quais Ele transparece" (Bento XVI).
A incerteza faz os homens tornarem-se como meninos na porta de um quarto no qual não ousam entrar, reduzindo o perímetro do relacionamento com o real. A fé lança a uma descoberta contínua, exalta a razão e a torna, como nunca, atenta ao real e curiosa. E, assim como a incerteza provoca uma distância em relação às coisas e às circunstâncias, a fé lança na realidade com um protagonismo novo.
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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón