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Passos N.68, Dezembro 2005

OBRAS / BANCO DE ALIMENTOS

A Caridade de um Povo

por Isabella S. Alberto

A obra do Banco de Alimentos, nascido para responder às necessidades dos mais pobres e para satisfazer a exigência de doação de cada homem. Um gesto gratuito que contagia os amigos e ano a ano recolhe mais mantimentos e sustenta mais famílias. Exemplos na Itália e no Paraguai

A Fundação Banco de Alimentos na Itália é uma obra nascida no carisma do Movimento Comunhão e Libertação em 1989 por iniciativa de Danilo Fossati, que com o apoio e incentivo de Dom Giussani deu vida em seu país ao projeto que havia conhecido na Espanha. O trabalho do Banco consiste em recolher as sobras alimentares de empresas, indústrias, supermercados e refeitórios, e em seguida redistribuir às entidades que se ocupam de assistência e ajuda aos pobres e marginalizados.
Quando esta obra começou havia apenas um armazém de 700 m 2 na localidade de Meda, na província de Milão. Em 1990 foram dez as empresas que colaboraram com a Fundação e 30 associações se cadastraram para receber ajuda. Nos anos seguintes nasceram outras sedes no país, distribuídas ao longo de toda a Itália, totalizando, hoje, 19 unidades que ajudam a 7.200 associações.

O dia-a-dia
O método de trabalho do Banco é colocar-se a serviço. De um lado, as empresas e indústrias, que têm problema de estoque e excesso, são ajudadas a não desperdiçar a produção extra que não será vendida. Assim, é pedido a elas que entreguem ao Banco o que não lhes serve e este alimento se torna riqueza para as entidades que acolhem os mais necessitados. Há também o trabalho cotidiano de recolher nos supermercados os alimentos com prazo de vencimento próximo e que precisam ser retirados das prateleiras, e as sobras das refeições em refeitórios de escolas e fábricas. A distribuição nunca é feita diretamente para a população, mas para as Associações e Entidades assistencialistas que distribuem refeições ou gêneros alimentares aos próprios assistidos de forma contínua.
É impressionante pensar que o Banco conta apenas com 50 funcionários fixos e todo este trabalho movimenta mensalmente 800 voluntários em toda a Itália. Essa gratuidade se concretiza nos mais diversos serviços, desde o recolher as mercadorias, separar e embalar os alimentos, até transportar para as entidades. Muitos aposentados dedicam seus dias neste serviço ao próximo.

A coleta
Além do trabalho cotidiano do Banco, há nove anos, no último sábado de novembro, dezenas de pessoas são vistas na porta dos supermercados italianos, com um avental amarelo ilustrado com uma formiga (símbolo da campanha) e um sorriso no rosto. São os voluntários da Coleta Alimentar promovida pelo Banco de Alimentos uma vez por ano.
Desde 1994 as pessoas envolvidas com o Banco começaram a ter o desejo de comunicar ao mundo a experiência que estavam fazendo. Dessa urgência nasceram algumas iniciativas de divulgação, mas não satisfaziam à necessidade de encontro que eles tinham. Até que em 1995 Marco Lucchini, diretor executivo da Fundação, soube de uma coleta que era realizada na França e foi conhecer a iniciativa. Depois de amadurecer a ideia e encontrar os primeiros colaboradores, o Banco promoveu o primeiro “Dia da Coleta Alimentar” em 1997, que é sempre realizada no último sábado do mês de novembro.
A Coleta nasce como um gesto de condivisão das necessidades que se desenvolveu junto com o povo: os voluntários convidam as pessoas que chegam para fazer suas compras nos supermercados a adquirir alguns gêneros alimentares para oferecer aos mais necessitados. Depois recolhem as compras, empacotam as mercadorias e transportam para o armazém. Esse processo acontece em continuidade durante todo o dia e toda a grandeza do gesto se deve ao empenho gratuito e apaixonado de aproximadamente 100.000 voluntários, incluindo muitos jovens e também crianças. Este evento se tornou tão conhecido na Itália que muitas pessoas, impossibilitadas de ir ao supermercado naquele sábado, deixam as compras guardadas no estabelecimento já no dia anterior, e pedem para que sejam entregues à equipe da Coleta. Em 2005 foram recolhidas 8.100 toneladas de produtos, doadas por quase cinco milhões de pessoas que aderiram à iniciativa.
Algumas empresas doam publicidade e os supermercados anunciam amplamente a campanha; inclusive colocando em oferta os gêneros alimentares que estão sendo pedidos na Coleta. E todos os que colaboram, com doações de mercadorias ou trabalho, ficam felizes e agradecidos pela oportunidade de compartilhar os próprios recursos.

Além das fronteiras
Da experiência do Banco de Alimentos na Itália, em 2003 surgiu também um Banco de Alimentos em Assunção, no Paraguai, que neste ano, provocados por Marco Lucchini, também decidiram lançar o Dia da Coleta, realizado dia 29 de outubro. O resultado foi muito bom e totalmente inesperado, seja pela coleta em si, mas principalmente pelos encontros feitos. Eles obtiveram o apoio da Câmara de Comércio local e de algumas redes de supermercado que ajudaram muito na divulgação do evento. O Arcebispo da cidade enviou uma carta a todos os párocos convidando-os a dar o aviso da Coleta durante aquele mês e a estarem presentes no próprio dia. Assim, compareceram cerca de 600 voluntários, começando pelos amigos mais próximos e depois os amigos dos amigos que foram sendo contagiados pela beleza da proposta, até muitas personalidades públicas que deram a disponibilidade como voluntários, especialmente artistas conhecidos no país, o que ajudou a dar maior credibilidade à ação. Em um dos supermercados, o vice-presidente da República Luis Castiglioni compareceu com a família para fazer sua doação. Luca, que ficou responsável pelo aramazém no dia da Coleta, afirma: “Esse gesto superou todas as nossas expectativas, seja como generosidade, seja como envolvimento dos voluntários. Estou maravilhado. Agora precisamos ficar atentos aos relacionamentos que nasceram dali: associações, empresários e imprensa. Eles nos ajudaram a nos darmos conta da grandeza do nosso trabalho, se envolveram e confiaram em nós”.
No Brasil um trabalho semelhante é realizado pelo Banco de Alimentos de São Paulo, com quem a Fundação italiana mantém contatos para futuras iniciativas no país.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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