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Passos N.109, Outubro 2009

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A história

Número Errado

Era um telefonema como tantos outros, que chegam às dezenas no back office de uma agência bancária. “Desculpe, poderia verificar uma transferência? Eu a estou esperando há algum tempo, mas ainda não chegou. Eu passo os dados...” Uma rápida olhada no computador. Depois, uma pesquisa mais cuidadosa. Coube a Claudio, bancário milanês, responder ao cliente: “Veja, com esse número não encontrei nada. O senhor não poderia passar aqui para verificarmos melhor os papéis?”. “Passo aí à tarde.”
De fato, o cliente aparece, trazendo na pasta os documentos necessários. Descobriu-se que havia um número errado, daí o problema, que foi logo corrigido. Porém, nesse meio tempo estabeleceu-se um diálogo. Aquele cliente é um empresário do setor mecânico. Fala da sua empresa. Da crise. E das dificuldades que enfrenta dia a dia, “porque, sabe, para mim o trabalho é tudo”.

Foi aí que a conversa ficou mais densa. “Desculpe, mas o senhor tem uma família, não? Esposa, filhos...” “Sim, tenho.” “Então, isso quer dizer que o trabalho não é tudo, não acha?” “Bem, em certo sentido... Mas por quê? Para você o trabalho não é importante?” E Claudio: “Claro que sim. Mas é apenas um modo de me expressar, não é algo que me define. Do contrário, o trabalho se torna uma armadilha”. A transferência foi efetuada e encerrada. A conversa, não. Dura mais uma meia hora, na qual se falou de tudo: de amigos, de educação... Vêm à tona, inclusive, alguns acenos à última encíclica do Papa, antes que aquele cliente, tão apaixonado por si mesmo e por sua empresa, admita: “Sabe, nunca ouvi ninguém falar assim de si mesmo e do seu trabalho. Onde você aprendeu essas coisas?”.

A resposta é inesperada.Como pode ser receber um convite de alguém que você não conhece para um evento do qual nunca ouviu falar. “Por que não vem conhecer? No final do mês vai haver um encontro. Chama-se Jornada de início...” Um instante de silêncio. Depois, ele abre a pasta. Tira uma agenda. “Quando e onde?”. A caneta aponta para um número. Correto, desta vez. “Eu vou.”

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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