Corações inquietos
A Cidade Maravilhosa foi o local onde aconteceram as férias nacionais dos colegiais, em julho deste ano, e, como grande presente, recebemos dias lindíssimos, com muito sol. No primeiro dia, foram realizados os jogos das tribos: “Tribo do dom Gius”, “Tribo do Carrón” e “Tribo do Peru”, que foi a grande campeã. À noite, assistimos juntos ao filme “Quem quer ser um milionário”, que, como temática, mostrava que o critério de juízo vem do coração, como é demonstrado pela personagem principal do filme.
No segundo dia, fizemos um passeio ao Morro da Urca, no Pão de Açúcar. Era impressionante ver o maravilhamento de alguns meninos que estavam, pela primeira vez, num dos pontos turísticos mais famosos do Brasil. O mar e o Cristo Redentor visto de frente, era como se abraçasse o nosso povo. Douglas, de Belo Horizonte, comentou que ficou marcado por como os turistas que estavam ali diante de toda aquela beleza feita por Deus, olhavam surpresos para nós que juntos cantávamos as músicas da nossa história. Verena, de Salvador, contou que sempre sonhou em subir no Pão de Açúcar, mas que, quando chegou lá em cima, era como se aquilo não bastasse, e procurou o Cristo Redentor. Ali, ela fez a experiência de que o coração quer sempre mais, nunca está satisfeito, porque deseja além do que já encontrou. E na assembleia contou este fato a todos, e perguntou a Franco Nembrini, que nos ajudava nestes dias, por que o seu coração era assim insaciável. A resposta que ele deu foi muito humana. Ele disse: “o que lhe responde é descobrir o coração da vida. E a forma para descobrir este coração é fazendo o percurso que você fez. Nada pode nos bastar, mas a realidade testemunha que Deus existe. ‘O nosso coração é inquieto até quando não descansa em Ti’ (Santo Agostinho). A coisa mais preciosa que tem dentro de você é o coração e temos como missão ajudar a todas as pessoas a também descobrirem o valor deste coração. Tenho uma aluna na Itália que me fez a mesma pergunta que você. Isto testemunha que o nosso coração, de todo ser humano, deseja o Infinito.”.
À noite, naquele mesmo dia, foi realizada uma assembleia com a presença de Cleuza, Marcos, Bracco e Franco. Este foi um dos momentos mais marcantes das férias, pois como a Verena, outros se colocaram com perguntas verdadeiras e com testemunhos de vida. Suellen, de Belo Horizonte, contou como a sua vida havia mudado para melhor a partir do encontro com os amigos do Movimento, pois passou a ver um sentido em tudo o que vivia, e até mesmo o relacionamento com os pais, que era difícil, ela passou a viver como um presente que Deus havia lhe dado, pois com esses novos amigos passou a olhar para tudo, até para as circunstâncias mais duras da vida, como a possibilidade de ser feliz. Cleuza contou-nos que sua história era como a da Suellen: “desde os 12 anos construo a Igreja. Não tinha como vocês a graça de pertencer a um grupo de amigos assim especial. Depois que encontrei o Movimento, aprendi que não podia carregar tudo nas costas, mas que só era dona do meu ‘Sim’. Já fui muito pobre e preciso lembrar sempre. São os amigos que me fazem entender quem eu sou, por isso pertenço e sigo alguém. Para não me sentir sozinha, eu sigo o Bracco”. E, assim, Bracco falou: “Vocês deverão decidir se serão protagonistas de suas vidas. Quando encontrei o Movimento, eu comecei a escutar a voz que tinha dentro de mim. Eu encontrei pessoas que começaram a olhar o desejo que tinha em mim. Cristo era alguém que me olhava e falava do desejo de Infinito. Se a Suellen é mais séria que eu, eu quero segui-la. Carrón me ensina a ser filho de alguém, me ensina a seguir”.
Miriam, de São Paulo, contou que, depois da Peregrinação à Aparecida, da qual participou junto com os universitários, as férias dos colegiais passaram a ter, para ela, um outro valor:, foram mais significativas, pois ela se sentiu amada, acolhida, e descobriu que ali estavam os seus verdadeiros amigos e que agora queria segui-los para continuar descobrindo esta novidade todos os dias, em todos os lugares. E comovida agradeceu a todos pelo “sim” que cada um estava dando a essa grande novidade.
Nem tudo foi perfeito nesses dias, mas o que ficou mais evidente é que nós somos mesmo um povo, uma companhia guiada ao Destino e que Ele responderá a todo o desejo de felicidade que temos. Temos um caminho a fazer, mas não estamos sozinhos e nem desesperados, pois Cristo prometeu que estará conosco todos os dias até o final dos tempos. E isto ficou muito evidente neste dias, fazendo com que aumente em nós o desejo de viver tudo com significado.
O senso religioso está de volta
No dia 31 de agosto, foi realizado o lançamento da nova edição de O senso religioso. A antiga edição estava esgotada e foi feita uma revisão de notas além da inserção de um índice temático para a publicação pela editora Universa, que conta também com prefácio do Cardeal Dom Geraldo Majella. O evento aconteceu na Universidade Federal de Minas Gerais e teve a participação de Pigi Bernareggi, sacerdote italiano que vive há 45 anos no Brasil e foi um dos primeiros alunos de dom Giussani, no Colégio Berchet, e Riccardo Fenati, professor de Filosofia na própria universidade. O lançamento foi organizado por Miguel Mahfoud, docente de Psicologia. “Oitenta pessoas participaram do encontro, que é um número significativo para a nossa universidade. Havia muitos estudantes, mas também diversos professores”, explica Miguel.
Na sua colocação, padre Pigi falou da positividade do real, afirmando que todas as nossas dores e dificuldades são sinais da bondade do Ser. E afirmou que esta positividade ele viu em Giussani, até no seu papel de professor: “era um homem sempre pronto a enfrentar os desafios e os momentos difíceis buscando esta positividade”. Padre Pigi evidenciou que a positividade, que está presente em tudo, é a mesma positividade que era encontrada em Giussani.
No encontro, também se tocou no tema da experiência, do qual falou especialmente o professor Riccardo Fenati, lembrando de como, na experiência, encontra-se sempre um excedente: tem algo que não está dentro dos limites que colocamos e, portanto, nos leva sempre mais além. Uma transcendência que, segundo Fenati, podemos compreender melhor graças exatamente a dom Giussani: “Ele nos fez ver que a palavra ‘transcendência’ está queimada, e que ela é entendida na experiência, onde tem sempre algo que excede”.
Dom Giussani não é desconhecido na Universidade Federal de Minas Gerais: em março deste ano, foi realizado um congresso internacional, aberto ao público por dois dias, totalmente dedicado ao tema da experiência elementar. O próprio professor Mahfoud adota o livro O senso religioso em seu curso (o que ajudou com que as cópias levadas para o lançamento acabassem rapidamente): “Já faz parte da nossa atividade acadêmica. E especialmente a ideia de experiência elementar é um aspecto que nos obriga a reavaliar o papel da psicologia sobre o homem, que deve ser considerado na sua unidade”.
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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón