Há um ano a CdO começou a trabalhar na Terra Santa. Os frutos são parcerias com empresas italianas, projetos de agricultura, cursos de formação para administradores públicos, e cinco mil bicicletas...
Treze meses se passaram desde a abertura do escritório da Companhia das Obras (CdO) em Israel. Tempo suficiente para fazer a primeira avaliação. Jonathan G. Sierra é quem fornece os primeiros dados. Ele possui uma empresa multimídia, e é docente de computação gráfica: “Por necessidade, tivemos que percorrer um caminho diferente de como fizemos em outros países, não apenas oferecendo serviços a quem já desenvolve uma atividade empresarial e o esforço para torná-los nossos sócios. De fato, esta última palavra é estranha para a cultura local de quem tem uma atividade artesanal ou uma empresa. O nosso trabalho, então, foi o de fazer contatos diretos entre empresas israelenses e italianas para criar joint ventures, ou seja, a associação não definitiva entre empresas buscando explorar determinado negócio, mas sem que nenhuma delas perca sua personalidade jurídica. O último resultado foi um acordo entre duas empresas que operam no setor médico. Depois, um desafio ainda maior: constituir iniciativas econômicas trilaterais: israelenses, palestinas e italianas, onde o papel dos italianos é reunir as iniciativas, que de outro modo não nasceriam”.
Enquanto Jonathan falava, a jovem garçonete que nos traz o café imediatamente o reconheceu como seu professor. E ele continua: “Eu sou judeu e moro em Jerusalém. E sou grato especialmente por uma coisa do trabalho destes meses: ele me permitiu entrar em contato com pessoas e lugares concretos, não fantasmas. Fui obrigado a fazer uma experiência de conhecimento que, de outro modo, deixada à minha boa vontade, eu não faria. Fique claro que nem todos os encontros foram positivos. Uma mentalidade empresarial nova, que ultrapasse os rancores e os egoísmos, levados pelas condições de vida local, não se muda facilmente.”
Plantar sementes
De qualquer modo não é o caso de se entregar e se podem plantar as sementes ali onde o terreno parece mais favorável. No vale do Jordão esta afirmação tem inclusive um valor literal.
“Em três fazendas os agricultores palestinos acabaram de plantar as sementes que crescerão nos próximos meses. Nós os ajudamos a produzir seguindo os critérios usados na Itália, que são impostos pela União Européia. Assim, queremos favorecer a exportação dos seus produtos, não somente em Israel, mas também na Europa. Desde o início fazemos este trabalho neste esforço empresarial. Queremos ajudar ainda mais os agricultores construindo um lugar nos confins dos territórios palestinos e israelenses onde os controles de segurança, exigidos pelos israelenses antes da circulação das mercadorias, possa acontecer rapidamente, mas custa muito caro. Isso permitiria acelerar os tempos de exportação e aumentaria o lucro dos agricultores. Um objetivo ainda longe, mas para o qual estamos trabalhando.”
Cinco mil bicicletas
Há ainda uma outra iniciativa com a qual Jonathan está satisfeito e surpreso. “Durante uma assembléia da Companhia das Obras, eu disse; há alguém que se ocupe de bicicletas? Não pensei que com esta frase estivesse dando início a um processo que se desenvolveu com uma velocidade surpreendente. Há anos havia um projeto parado para a produção de bicicletas, que seriam fabricadas aqui, para o mercado palestino e israelense, e também para o europeu. Foi um empresário italiano, fabricante de acessórios para bicicletas e motos, quem respondeu a minha pergunta e veio até Israel para oferecer seus serviços gerenciais. Serão montadas, praticamente à mão, 5.000 bicicletas, que devem ser entregues em maio para o mercado italiano. Cada bicicleta vendida servirá para formar o capital da futura fábrica. Quem comprar uma dessas bicicletas, será informado sobre a destinação do dinheiro. As duas primeiras bicicletas serão presenteadas: uma para o Primeiro ministro israelense e a outra para o palestino.”
Objetos sagrados
Em Belém há também um outro projeto que está caminhando. Ali, nos últimos meses, os peregrinos estão voltando. As lojas recomeçaram a vender os objetos sagrados, trabalhados na madeira de oliveira, que por muito tempo não foram mais comprados, no silêncio da cidade. “Há mais otimismo, mesmo ainda existindo o medo pela instabilidade política”, nos diz Sobhy Makhoul, Secretário do Exarcado Maronita de Jerusalém. “Um novo bloco econômico é sempre possível. Mas é preferível essa situação instável, do que os anos anteriores. A CdO tem três objetivos em Belém. A primeira é ajudar-lhes a criar condições de segurança no trabalho e dar aos artesãos a dignidade de homens que eles têm. Existem situações de trabalho terríveis, com artesãos que trabalham a madrepérola em meio ao pó, ou que respiram o ar do verniz aplicado à madeira e tudo sem qualquer proteção para a saúde. Depois, ajudá-los a substituir os equipamentos de trabalho, velhos e reciclados, e que muitas vezes tornaram-se perigosos. Muitas dessas máquinas podem ser substituídas por outros tipos de máquinas usadas pelos artesãos italianos, o que é uma possibilidade de transferir meios e conhecimentos. Enfim, queremos realizar um centro de formação, para variar o tipo de produtos; não apenas objetos religiosos, mas também pequenos objetos de madeira de qualidade, facilmente exportáveis, para alcançar novos clientes potenciais”. Uma ajuda à realização deste projeto poderá vir da Comunidade franciscana. “O responsável pela Custódia da Terra Santa – diz Sobhy – até aqui nunca faltou-nos com o seu sustento.” Enfim, em Belém, existe a Universidade Católica. “Neste âmbito, com o apoio da Associação de Voluntários para o Serviço Internacional (Avsi) e da região da Lombardia, da Itália, também queremos realizar um curso de formação para administradores públicos. O território palestino precisa de jovens preparados para o funcionalismo público agora e ainda mais no futuro.”
Credits /
© Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón