Panta dokimazete, to kalon katechete! “Discerni tudo e ficai com o que é bom” (1Ts 5,21). Essa recomendação de São Paulo preside a
educação para o ecumenismo que Dom Giussani sempre nos propôs. Sob essa luz, podemos compreender o encontro realizado em Granada entre teólogos protestantes americanos – de diversas denominações –, teólogos anglicanos ingleses pertencentes à Radical Orthodoxy, e teólogos católicos americanos e europeus, convocados por dom Javier Martínez, ponto de referência obrigatório do diálogo, durante esses dias, bem como mestre de hospitalidade para todos. A partir de um verdadeiro amor a Jesus vinha à tona o amor à Igreja, que se refletia na estima pela vida comunitária, pela liturgia, pela oração, pela Eucaristia, pela educação para a fé e o amor à tradição da Igreja. Foram imponentes os momentos comuns de oração litúrgica e era bonito de se ver o respeito à não-plena comunhão, evitando-se qualquer gesto ambíguo de intercomunhão. Foi significativo o fato de que o interesse pela Igreja se expressava a partir do conhecimento de que ela já é mundus reconciliatus, segundo a imagem agostiniana usada por um deles. Quer dizer, a Igreja é a esperança da sociedade e da pessoa, enquanto é o lugar da presença operosa de Cristo, pelo dom do Espírito Santo, e, portanto, semente de humanidade nova.
O primeiro fruto, pela honra que me coube de poder compartilhar esses dias com os teólogos americanos e ingleses, é a gratidão, que não pode começar sem se pronunciar o nome de Cristo. Da parede do salão pendia o quadro de Duccio que representa Jesus instruindo seus discípulos. Ficava claro que a pintura não era só a recordação de um passado, mas expressão de uma realidade presente; e isso nos dispunha a acompanhar atentamente esse encontro, que nasceu quase que por acaso, a partir do intercâmbio de e-mails entre um arcebispo católico espanhol e alguns importantes teólogos metodistas e anglicanos. Não faltarão outros momentos para se aprofundar o diálogo filosófico-teológico já iniciado, onde se poderá/deverá registrar com seriedade – e também com dor – as diferenças doutrinais ou teológicas que ainda nos dividem. No entanto, neste momento inesquecível prevaleceu o gozo de uma “impossível unidade” em ato.
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