Bento XVI, nos três encontros em Colônia com os “seus” jovens, anunciou fortemente que somente Jesus Cristo dá plenitude à vida. “Escancarem os vossos corações a Deus, permitam que Cristo os surpreenda”. No rosto de uma criança, uma faixa dizia “o Eterno entrou no tempo”
“Ó jovens, vocês estão andando por veredas seguras ou estão aí viajando sem rumo?” Nesta indagação, que um velho proprietário de um parque temático dirige aos errantes protagonistas do romance Sulla Strada de Kerouac, está embutido o drama do ser humano e da sua liberdade. No entanto, aparentemente, trata-se de uma questão clara, simples, quase banal. Aliás, quando alguém se põe a viajar deduz-se que tenha um destino definido. Entretanto, não é bem assim, sempre. O perigo de viver como vagantes, sem ter para onde ir (exatamente como Kerouac e os seus “heróis”) é forte também no caso de todos os homens de hoje, para cada um de nós. Bento XVI apontou para este perigo na sua homilia em 21 de agosto, em Marienfeld: “Em amplos campos do mundo existe um estranho esquecimento de Deus. Parece que tudo há de encaminhar-se normalmente, sem contar com Ele”.
Já os Magos tiveram diante de si bem clara a meta de sua longa viagem. Eles foram guiados por um sinal, por uma estrela que lhes apontava o caminho. Eram peregrinos e não vagabundos. Isto é, eram chamados “a levar a bom termo – como nos disse o cardeal Angelo Scola durante a catequese que participamos – o início que fora dado rumo ao destino de uma meta”.
Alguns “contratempos”
Há um início, ou seja, há algo que já aconteceu e que continua a suceder ainda agora, por força do que partimos de Milão em uma abafada noite, rumo à Alemanha, o que sucedeu igualmente em tantas outras cidades do mundo. ”Meus votos são de que vivam tendo presente diante dos olhos aquilo que lhes aconteceu”. Com esta frase de Carrón – que o Padre Beppe nos repetiu várias vezes na Catedral de Freiburg – teve início a nossa peregrinação em direção à cidade de Colônia, para o nosso encontro com o Papa. Começou então a sondagem do que dentro da comunidade significava a meta do nosso caminho.
Foi uma viagem cansativa. A estada foi ainda mais fatigante, inscritos que estávamos em palestras e para plenárias. Trens e embarcações se podiam contar nos dedos de uma mão e quando chegavam, estavam já superlotados. Em semelhante situação todos estavam prontos para extenuantes caminhadas com cada vez mais desmaios e torções dolorosas. O recolhimento acontecia bem tarde e se dormia pouco. Isto sem falar do nosso estômago, permanentemente semivazio, mal nutrido e sempre com reclamos de protestos. Todavia, todos esses “contratempos” não nos impediram de aproveitar ao máximo os dias em Colônia. Na verdade, corremos para cima e para baixo nas margens do Reno aguardando a passagem do barco em que ia o Papa. Em silêncio, em meio ao barulho dos demais peregrinos, atravessamos as ruas de Colônia, em direção à catedral. Em Marienfeld, estávamos literalmente colados a Bento XVI. Estávamos todos cansados – do primeiro ao último dos 1.400 membros de Comunhão e Libertação –, mas, ao mesmo tempo jubilosos, alegres e cheios de esperança.
O cristianismo é verdadeiro
Se, então, alguém tivesse dirigido a nós a indagação que desponta nas páginas de Kerouac, o que é que teríamos respondido? Poderíamos ter respondido que a meta existe, sim. Há um ponto de chegada. Teríamos acrescentado que sobre isto já tivemos uma antevisão e que por isso queremos tornar essa meta cada vez mais nossa, não apenas em meio a grandes eventos com a Jornada Mundial da Juventude, mas também na vida de todos os dias. E não vamos parar por aqui. Diremos – retomando as palavras do Padre Beppe, antes de tomarmos o ônibus na volta para casa, no sentido de uma reflexão sobre aquilo que pudemos experimentar – isto é, “quer diante dos menores contratempos, quer frente às nossas maiores dificuldades, o cristianismo é verdadeiro”.
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