Corrupção e individualismo marcam essa época. Porém, mais forte do que isso são os testemunhos de uma política de desenvolvimento social e econômico que tem como ponto de partida quem já atua na sociedade
Estamos presenciando uma forte crise política no país. Mas, ainda que indignados, estamos também, em geral, num marasmo. Assistimos aos acontecimentos da crise como realidade distante de nós: emitimos nossas opiniões, cobramos responsabilidades e exigimos justiça, mas sem nos reconhecermos como parte dela.
Frustrados em nossas expectativas, nos encontramos indignados e desanimados: “político é tudo igual”, “temos que punir os culpados”, “o Brasil não tem jeito”... Esse posicionamento parece ter sua origem na cultura. Colocamos os nossos problemas individuais como sendo prioritários em relação aos sociais. Não entendemos que os problemas sociais são relevantes também para toda pessoa porque nossa cultura privilegia o individualismo.
Talvez não se trate de uma corrupção apenas pontual. Há então, níveis de corrupção. Uma corrupção em um nível político-social, como a que nós temos visto; Uma corrupção cotidiana, o “jeitinho brasileiro”, onde são cometidas infrações acobertadas pela sociedade; E por fim, uma corrupção individual, onde a pessoa abandona seus valores e aspirações mais íntimas em função das imposições da própria dinâmica social atual. A idéia de que a solidariedade nos levaria a construir um mundo melhor é substituída pelo medo da violência, fazendo com que a confiança no ser humano seja tomada como uma postura demasiado ingênua para os dias de hoje.
Em meio à essa grave crise, um grupo de universitários de Belo Horizonte se mobilizou com o objetivo de entender melhor a situação e adquirir um juízo sobre o que está acontecendo. Foi organizado um debate público na UFMG no dia 19 de agosto que teve como tema: “Crise política: e eu com isso? – corrupção, cultura e responsabilidade”. A partir do que foi testemunhado neste encontro, verificamos que, ainda que constatemos uma marca forte do individualismo em nossa cultura e que a corrupção esteja presente tanto no nível social quanto no pessoal, encontramos diversos testemunhos de atos verdadeiramente solidários, ou melhor, verdadeiramente sociais em nossa cultura. O que parece razoável é enfrentarmos os problemas políticos que o país vem passando, passou e provavelmente irá passar, não de uma maneira passiva, onde apenas se emite uma opinião ou se exige um direito (como o da punição), mas valorizando espaços de produção de cultura real que nos sustentem, a todos (políticos e homens comuns), em uma posição construtiva, capaz de favorecer auto-crítica e retomada contínua dos ideais. A seguir a síntese das três colocações do encontro.
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