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Passos N.116, Junho 2010

ATUALIDADE - CINQUENTENÁRIO DE BRASÍLIA

Um sonho, uma fé, uma capital

por padre André Lima*

Brasília celebrou no último 21 de abril o seu jubileu. São 50 anos que marcam a história do País, do Governo Federal e do próprio Planalto Central. Nesse mesmo sentimento, a Igreja teve muito a festejar: celebrou também o jubileu de ouro da criação da Arquidiocese da capital

O jubileu da capital federal e da Arquidiocese de Brasília é uma história que se entrelaça justamente pela existência de um santo italiano. Em 1883, Dom João Bosco teve o seguinte sonho sobre o Brasil: “Exatamente entre os paralelos de 15° e 20° havia uma enseada bastante extensa que partia do ponto onde se formava um grande lago. Ouviu-se então uma voz: Quando se escavarem essas minas escondidas em meio a esses montes aparecerá aqui a terra prometida que jorra leite e mel. Será uma riqueza inconcebível”. Tal civilização se tornou realidade, mais tarde, na inauguração de Brasília, capital do Brasil, no dia 21 de abril de 1960, pelo então presidente da República Juscelino Kubitschek.
A santa Eucaristia deu o tom da cidade: realizada sob os traços que lembram uma cruz e sendo erguida no meio do Planalto Central. Como primeiro ato público, dando início às obras de construção da cidade em 1957, ocorreu uma celebração eucarística na manhã do dia 3 de maio daquele ano. Presidida pelo Cardeal Carlos Vasconcelos Carmelo Motta, arcebispo de São Paulo, contando com a presença da imagem de Nossa Senhora Aparecida, trazida de São Paulo, e com a participação de pessoas de todas as cidades vizinhas, iniciaram as obras para a construção da nova Capital Federal.
Ao final desta primeira missa em Brasília, Juscelino Kubitschek afirmou: “Hoje é o dia de Santa Cruz... Dia em que Brasília, ontem apenas uma esperança e hoje entre todas a mais nova das filhas do Brasil, começa a erguer-se, integrada no espírito cristão, causa, princípio fundamento da nossa unidade nacional; dia em que Brasília se torna autenticamente brasileira. Porque desde as suas origens o Brasil existe com a presença de Cristo. Este é o dia do batismo do Brasil novo. É o dia da esperança, o dia da ressurreição da esperança. É o dia da cidade que nasce. Plantamos, com o Sacrifício da Santa Missa, uma semente espiritual neste sítio que é o coração da Pátria. Seja-me permitido formular uma ardente súplica, neste momento: que Nossa Senhora da Aparecida, a Padroeira do Brasil e Madrinha de Brasília, vele por esta cidade que surge, resguarde os que a vierem habitar, volva os olhos benignos para os homens públicos que daqui deverão dirigir esta Nação, a fim de que eles honrem os nossos maiores e sirvam condignamente as gerações futuras. Que Brasília se modele na conformidade dos altos desígnios do Eterno; que a Providência faça desta nossa terrestre um reflexo da Cidade de Deus; que ela cresça sob o signo da Caridade, da Justiça e da Fé”.
E prestes a inaugurar tal grande feito, o próprio presidente da República, há 50 anos, pediu que houvesse uma missa às 23 horas do dia 20 de abril, no Palácio do Planalto. A intenção dele foi a de entrar no dia 21, dia oficial da cidade, sob orações. Tal celebração eucarística foi presidida pelo legado do papa João XXIII, o Cardeal Manuel Gonçalves Cerejeira, arcebispo de Lisboa. E que naquele mesmo dia, à tarde, instalou a Arquidiocese e deu posse ao seu primeiro arcebispo, Dom José Newton de Almeida Baptista.

AJUDANDO A FORMAR UM POVO DE DEUS. Nas palavras do atual Arcebispo de Brasília, Dom João Braz de Aviz, o dia 21 de abril é o ponto de convergência destas duas realidades. “A primeira, a da cidade de Brasília, sonhada e profetizada há muito mais tempo, tornou-se a realização de um projeto alimentado longamente pelo povo brasileiro, através de suas autoridades maiores. Nasceu arrojada, moderna, e foi construída pelos candangos, em sua maioria pobres, em busca de um sonho de vida melhor. A segunda, a da Arquidiocese de Brasília, nascida no mesmo dia da inauguração de Brasília, cuja missão é ajudar a cidade a crescer como povo de Deus, nas palavras do Beato Papa João XXIII, que a criou, trazidas por seu legado, o Cardeal Cerejeira, Patriarca de Lisboa.”
O legado pontifício, no dia da inauguração da nova capital, em sua homilia diria: “O esplendor da civilização cristã refulja exemplarmente em Brasília, irradiando ao largo e ao longe: aí, a sabedoria cristã dirija as decisões, e os costumes brilhem pela santidade e pela nobreza; aí, reine a concórdia entre os cidadãos; aí, a fortaleza junto à doçura, a justiça fundamento de toda a ordem verdadeira, a benevolência para com os estranhos, a alegria serena, a confiança no futuro, as obrigações da fraternidade e a paz encontrem a mais seleta morada. Cultive e propague Brasília tudo aquilo que é reto, que é nobre, que é excelso, e o seu nome ressoe cada vez mais digno de respeito e de estima no espaço e no tempo”.
Na tarde daquele dia, foi instalada a arquidiocese de Brasília e tomou posse seu primeiro arcebispo, Dom José Newton de Almeida Baptista. A arquidiocese de Brasília nasceu com 5 paróquias desmembradas da arquidiocese de Goiânia, sem qualquer estrutura material e pastoral propriamente arquidiocesana.
Diante da história que relata tais fatos, neste ano de 2010 a Igreja Católica celebrou o XVI Congresso Eucarístico Nacional (CEN) em Brasília. A proposta foi definida para celebração do jubileu da cidade e da Arquidiocese por meio do XVI CEN que teve como tema: “Eucaristia, Pão da Unidade dos Discípulos Missionários” e o lema: “Fica Conosco, Senhor” (cf. Lc 24, 29). O Congresso foi realizado de 13 a 16 de maio de 2010.

*O autor foi o coordenador da comissão de comunicação do XVI Congresso Eucarístico Nacional.

 
 

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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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