O engenheiro Daniel “faz companhia” a desempregados no tempo livre
“Quem sou eu, para vocês se preocuparem comigo?” É uma pergunta que Daniel não tira da cabeça. Foi feita a ele, que tem 38 anos e duas filhas, engenheiro italiano que trabalha com logística numa grande empresa; pergunta feita a ele e a seu amigo Maurizio. “Estávamos acompanhando Javier, um peruano, para uma entrevista de trabalho. Ele tinha um restaurante, que depois foi fechado. Está viúvo há alguns anos, com quatro filhos”. Poucos meses antes, num grupo de amigos do Movimento surgiu uma ideia: dedicar um pouco do próprio tempo livre para acompanhar desempregados que estão em busca de trabalho. “Numa empresa, cabia a mim dispensar os empregados, alguns com vários anos de trabalho. Um fato que me deixava cheio de perguntas”. Era uma ocasião para entender. E para ir fundo na experiência de fé. Assim Javier, um homem de quase sessenta anos, cruza o caminho de Daniel e Maurizio. Eles começam a acompanhá-lo, a encaminhá-lo, a abrir-lhe portas. “Porque a companhia não é feita só de palavras. A pessoa precisa trabalhar, e é aí que precisamos ajudar”.
Javier agora trabalha como porteiro, e também pode morar no local. “Descobri que gosto de Javier, e que no fundo estou ajudando a mim mesmo. Porque esse olhar que ele admira em nós, que o transforma, não nasce de nós, e todos gostamos de ser olhados assim. Porque o que está em jogo, inclusive no trabalho, é a nossa necessidade de ser feliz”. É assim que começa a mudar também a vida em casa. “Estamos sempre atentos ao que acontece para descobrir o Outro em ação”. Mesmo que, às vezes, a gente se sinta impotente. “Encontramos um trabalho incrível para um executivo. Agora ele está trabalhando, mas humanamente está mais abatido do que antes. Porque sua necessidade não era só de emprego. O problema é descobrir o que me mantém de pé” (P.P.).
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