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Passos N.122, Dezembro 2010

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MANAUS (AM)

O sarau de Eliot e companhia


A prática de realizar sarau por si só já é um grito na escuridão do imediatismo, dos modismos, do niilismo da mídia, ou pior, da troca de Deus por deus nenhum, por Nada. Aceitando este desafio, a comunidade de Comunhão e Libertação de Manaus organizou no dia 18 de setembro um momento cultural sobre Eliot na Casa Cultura e Fé. Tivemos a presença do artista plástico Bráulio Menezes, o músico popular Edson Jr. Negreiros e o Poeta maior Marx Carpentier, membro da Academia Amazonense de Letras, autor de grandes obras com mesma temática religiosa como: Missa Planetária, Sermão da Floresta, Santa Tereza D’Ávila e A Musa de Jerusalém que recomendamos leitura.
Para este sarau realizamos com carinho, atenção e oração, todos os ensaios e as escolhas das poesias a partir de nossa experiência. O grito de Eliot nos poemas dos Coros de “A Rocha” é difícil de dimensionar. Primeiro, porque ele nos dimensiona antes que o dimensionemos e, em segundo, porque estes escritos são tão atuais que se mostram prova real de que o tempo não passa para Deus e para seus poetas profetas, músicos, leitores a Ele atentos.
Na estrutura e desenvolvimento do sarau o ritmo que se impôs foi um ritmo sereno, tenso, cheio de setas para cada um dos cerca de 50 participantes cuja maioria foi de jovens que se identificaram com o gesto demonstrando curiosidade e interesse em participar de outros eventos como este.
Em cada verso revelou-se o drama de um homem que se apresentou diante de nós e para nós. Sentimos afetuosa proximidade com o poeta morto e agora tão vivo, ressuscitado pelos seus poemas. Neste momento a guerra contra o nada passou a ser a guerra de cada um, a feliz ou triste pessoa de cada um.
Entendemos que o grito de Eliot por ser extremamente humano, por comunicar o que pode unir a nossa humanidade nos foi uma bela experiência de diálogo, de pedido a Deus pela sua consistência que não desampara. Surgiram inevitavelmente perguntas pessoais como o que faço diante da Obra? O que decido diante da Rocha e seus significados e sentido para minha vida?
Marx Carpentier lembrou que Eliot eternizou-se com esses poemas, “o poeta não morre, ele está aqui com a gente porque seus versos é comunhão, é comungado neste momento tão nobre e rico vivenciado por todos nós”. O Poeta ressaltou ainda a presença dos jovens e sua participação atenta e ativa ao gesto.
O sarau foi composto de três partes: a primeira fechada, com pessoas leitores e poemas previamente escolhidos pelos organizadores do sarau; um intervalo com um bom lanche, e a terceira parte foi aberta a todos os que quisessem ler seus poemas e cantar suas músicas preferidas.
O cuidado com a Igreja como luz que acende todos as outras luzes, a atenção atuante e real com a Rocha presente, nos permite ser e fazer companhia e revelarmos aos nossos amigos e comunidade o nosso coração e nossa condição de obra inacabada, feita e refeita, acesa por ter sido acendida, presente por ter sido presenciada pela Luz Maior.
Com esta iniciativa cultural acendemos com certeza, algumas luzes ao convidarmos, ao convivermos, ao mostrarmos a todos nossa atenção com a “Revolucionária”, com a Luz que ascendeu a luz do sol, do candeeiro, das velas dos que meditam a Deus, que ascendeu as lamparinas amozonicamente melancólicas como a alma do homem distante de sua fonte, de seu sustento central e único: a Rocha nossa de cada dia.
Com toda distração de homens e mulheres constrói-se e responde-se aos olhares e pedidos dos viventes e desejosos de infinito. Do infinito no pão comungado, no copo de água bebida, na roupa passada, nos lábios pintados, nos escritos, nos encontros e desencontros de cada dia, de cada tempo que assim, com devida atenção à Rocha, não acaba nunca.
(Silvio Esteves)


Famílias para a Acolhida

A gratuidade nasce de um abraço


Marco Mazzi é o presidente da Associação italiana Famílias para a Acolhida. Há alguns anos tornou-se amigo de alguns brasileiros que vivem situações de acolhida como guarda, adoção ou cuidado de familiares idosos. Sua presença alegre e simples tem sido uma importante companhia para estas famílias.
No final de outubro Marco esteve novamente no Brasil, desta vez acompanhado de Paulo, um dos primeiros membros da Associação em Verona. Nesta viagem, no dia 16 de outubro Marco Mazzi realizou um seminário na Universidade Católica de Salvador. Em seguida, foi até a cidade de Belo Horizonte para visitar a obra Casa Novella, que acolhe crianças em situação de risco familiar. Também passou pelo Rio de Janeiro, onde apresentou a Associação para alguns casais. Em uma de suas intervenções Marco contou: “A nossa história nasceu de uma experiência que tem algo verdadeiro para todos e é comunicada pelo encontro entre famílias, construindo laços de amizade entre elas. Uma família, quando percebe o bem que viveu, se liga a outras famílias que tem a mesma sensibilidade e isso gera um lugar, um espaço de vida onde eu posso repousar, confrontar-me e ter alguém para recordar o valor do que estou vivendo porque ela vive a mesma coisa”. No dia 22 de outubro encontrou com famílias acolhedoras da região de Campinas, e no dia seguinte, sábado, foi realizada uma peregrinação com alguns amigos na capital paulista. O grupo saiu da estação Penha do metrô, fez uma pequena caminhada rezando o terço e entoando alguns cantos e, chegando ao Santuário de Nossa Senhora da Penha, padre Julián de La Morena celebrou a missa. Nesta ocasião, Marco afirmou: “Nossa vivência nasceu da experiência cristã. O desejo de acolher nasce porque nós entendemos que fomos acolhidos primeiro. Porque tem sempre um momento em que o cansaço, a diferença da outra pessoa, ou o nosso limite coloca em crise a generosidade. Aí é preciso lembrar a origem da atitude, lembrar o abraço do Senhor por nós e pela pessoa acolhida. E nesse momento acontece também o aprofundamento da experiência do matrimônio. Hoje, se percebo que o outro é diferente do que desejo, eu o deixo; mas se eu reconheço que aquela pessoa me foi dada por um Outro, eu a acolho. Essa situação permite que eu viva a capacidade de perdão, de diálogo pessoal, faz crescer a minha humanidade. ‘Acolher é o perdão do diferente’. E assim eu também faço a experiência de ser acolhido e entender o bem que o marido ou a esposa são um para o outro”.
Maiores informações sobre a
experiência de Famílias para a Acolhida no Brasil podem ser encontradas no seguinte endereço:
http://www.familiasparaacolhida.blogspot.com/(Isabella Alberto)

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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