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Passos N.123, Fevereiro 2011

DESTAQUE - EMERGÊNCIA RJ

Testemunhos

“Não sei vocês, mas eu hoje acordei muito triste e comovido com as reportagens falando das pessoas que foram vítimas das enchentes. Fiquei marcado com um senhor, de mais ou menos 70 anos, que disse que construiu sua casa em 40 anos, com muito esforço e viu em 2 horas tudo ir embora com a chuva. Ele estava chegando sozinho às 3h da manhã a um colégio que estava servindo de abrigo. Estava só com a roupa do corpo, sujo de lama. Mas para um homem desses basta entregar tudo outra vez? Basta uma indenização do governo? Hoje eu chorei! Primeiro por ver pessoas sofrerem tanto, segundo por um sentimento de impotência gigante de não poder fazer nada. Como eu queria que essas pessoas pudessem experimentar um pedacinho desse Olhar de ternura que chegou a mim! Como eu queria que eles se sentissem amados como eu me sinto. Eu não perdi meus bens, mas em uma época perdi muito mais que isso: o sentido da vida. Mas Ele veio, Ele chegou até mim para mostrar que a vida é bonita, mesmo com coisas tristes. Uma senhora que também perdeu tudo, respondendo a pergunta do repórter ‘e agora?’ ela disse ‘com fé, começo tudo de novo’. Meu Deus, como eu quero algo sólido assim, forte assim, simples assim! Hoje eu não consigo ir trabalhar do mesmo jeito, não consigo lavar meu banheiro e varrer a casa igual. Com a dor dessas pessoas, entrou uma coisa nova na minha vida, despertou outra vez o desejo de tocar Cristo, não basta ver alguém feliz, não basta acreditar por tradição, isso não sustenta nada. O que me basta é olhar Cristo nos olhos. A dor delas está salvando a minha vida. Rezemos por elas, e por nós mesmos”.
Leandro

”Desde quinta-feira, eu e Inês estamos acompanhando as pessoas de um abrigo do Vale do Cuiabá, pois ali estão as pessoas que ela conhece por causa do seu trabalho. Eles perderam tudo; muitos perderam filhos, mãe, pai, irmãos, tios, etc. É impressionante ver o Vale, que está destruído. Parece que passou uma tsunami naquele lugar. O que está me marcando mais são os amigos da Inês, que agora são meus também. Eles são cheios de fé e esperança, são católicos; ninguém está desesperado, são unidos entre eles (todos se conhecem, muitos são parentes e moram há muito tempo ali). Eles nos acolhem quando chegamos para ajudá-los com simplicidade e alegria. Fui ali para levar um pouco de esperança, mas na verdade, eu é que estou sendo ajudada. Por exemplo, é comovente olhar um rapaz que perdeu a mãe e um sobrinho. Ele tem uma filha e a esposa está grávida. Tem o rosto sereno (se vê uma dor no olhar, mas serena), trabalha o tempo todo, recebendo as doações e organizando. Olha para nós com muita gratidão! É uma pessoa de quem dá vontade de ficar perto para aprender. A irmã dele trabalha na cozinha, e disse que assim a vida dela é útil de alguma forma e que a mãe a acompanha do céu. Eu não faço nada de extraordinário. Às vezes fico apenas fazendo companhia para um e para outro, ouvindo as suas histórias; ou brincando com as crianças ou fazendo curativo em alguém. Outro dia fiz curativo nas feridas de um homem de 65 anos e me lembrei de Madre Teresa de Calcutá, de como ela cuidava de cada pessoa como se ela fosse a única no mundo. Aquele senhor estava ali com as pernas esticadas de forma improvisada, totalmente ‘abandonado’ como uma criança. Olhando para o rosto dele, pensei, como pedido e afirmação: ‘Jesus, cuidar desse homem é cuidar de você; cuide do coração dele e faça com que ele seja feliz’. Aqui nessas circunstâncias, tocar o Mistério é mais fácil (é mais simples), é mais evidente, pois cada pessoa, cada coisa grita Cristo.”
Ângela

“Tinha em mente uma frase de Dom Giussani: ‘Já dissemos que não é contraditório, mas é paradoxal o que dizemos. A explicação da realidade não é contraditória, mas paradoxal. Contraditória é uma coisa contra a outra; paradoxal é uma coisa ao lado da outra: não sabemos como é possível estarem juntas, mas estão, e de fato são uma coisa só. O que vence é o fato’ (Si può (veramente) vivere cosi!). Já no tempo de Jesus, quando Ele caminhava pelas estradas, era assim. Maria foge com ele quando Herodes manda matar os Santos Inocentes, mas Ele, anos mais tarde, não se salva e é morto como um blasfemador... Tantos paradoxos que vivemos até hoje. Parece uma vingança da natureza, ou um castigo de Deus, ou a manifestação da falta de misericórdia. Mas a história nos mostra uma Presença apaixonada pelo homem, que participa da dor, que está comigo, que chora por mim. São coisas que não podemos explicar como estão juntas, mas estão, e o que vence é o fato! E em muitas pessoas da região atingida, as mais simples, vê-se esse fato em sua fé. Como a imagem de Nossa Senhora das Graças, a Imaculada, que no Vale do Cuiabá, uma das regiões de maior destruição, estava colocada sobre um pedestal de madeira, pequenina e muito leve e ficou ali, firme. Não foi levada e mostra o sinal da água e do barro, que subiram até o nível das suas mãos. Ela se torna a possibilidade de esperança para aquele povo e para mim”.
Bracco

A mensagem de Bento XVI

Logo após as inundações, no dia 14 de janeiro, o Papa enviou um telegrama – por meio do secretário de Estado vaticano – endereçado ao núncio no Brasil, Dom Lorenzo Baldisseri, com mensagem de solidariedade às vítimas das chuvas na região serrana do Rio de Janeiro.

Consternado com as trágicas consequências das fortes chuvas que atingiram a região serrana do Estado do Rio de Janeiro, particularmente as cidades de Teresópolis, Petrópolis e Nova Friburgo, Sua Santidade o Papa Bento XVI pede a vossa excelência que transmita a certeza da sua solidariedade espiritual ao querido povo fluminense, nessa hora difícil. Recomenda as vítimas a Deus misericordioso e implora a assistência e consolação divina para os desalojados e quantos sofrem física e moralmente, enviando-lhes uma propiciadora bênção apostólica.

Cardeal Tarcisio Bertone
Secretário de Estado de Sua Santidade


AVSI – EMERGÊNCIA ENCHENTES RIO DE JANEIRO

A FUNDAÇAO AVSI, ONG Italiana presente no Brasil desde 1984, está organizando uma campanha de doações em prol da Diocese de Petrópolis para ajudar as famílias atingidas e tendo em vista e reconstrução da região.

Para essa finalidade, é possível depositar
na seguinte Conta Corrente:

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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