SÃO PAULO
O que muda a vida é um encontro
Às 15h de domingo, dia 12 de dezembro, o sol queimava forte na zona Oeste de São Paulo. Os ventiladores pareciam inexistentes neste grande galpão da Lapa onde, para atender a um convite de Cleuza Ramos e Marcos Zerbini, cerca de 500 pessoas se reuniram para um encontro “diferente”. Diferente porque essas pessoas estão acostumadas a participar mensalmente das assembleias da Associação Educar para a Vida que lhes oferece um convênio para obter descontos nas mensalidades das faculdades. Ou são membros do Movimento de Moradia que lhes ajuda a poupar o próprio dinheiro e em sistemas de cooperativa coordenam a compra do terreno para a construção da casa própria. O rosto daqueles líderes já são bem conhecidos. Alguns já têm anos de participação na Associação. Mas hoje eles aguardam uma novidade, “o grande segredo”.
Cleuza, coordenadora da Associação, foi a primeira a falar, visivelmente comovida após ter ouvido os dois cantos que introduziram o gesto: “Tocando em frente” e “Povera Voce”. Ela contou a história de sua mudança para São Paulo, ainda criança, o envolvimento com a Igreja, o sonho de mudar o mundo. Depois veio o primeiro casamento, as filhas e a separação. Em seguida, a união com Marcos Zerbini, depois eleito vereador e deputado estadual, a luta da Associação e o enorme vazio e cansaço que vivia neste trabalho. Até chegar àquele encontro que mudou tudo: “Vocês estão aqui porque são fruto de um encontro, fruto do meu encontro com o doutor Alexandre”. A amizade com esse médico, Alexandre Ferrari, fez com que conhecesse Comunhão e Libertação (CL). “Eu fui a um encontro no Rio de Janeiro e ouvi muitas coisas que fizeram eco com aquilo que eu pensava. Falavam da correspondência, da solidão, do encontro, e aquilo tudo mexeu muito comigo. E quando eu voltei, fui conhecer mais o Movimento, pois sempre vivi na Igreja, mas nunca tinha escutado o que ouvi ali: que Cristo está na realidade de cada um, que a vida é um dom, que aquilo que Cristo nos pede é a nossa vocação. Cada palavra que ouvi no encontro, busquei saber mais”. E neste caminho veio a grande descoberta: “Eu aprendi dentro do Movimento que a única coisa que corresponde ao nosso coração é Cristo. Não é a casa, nem a comida, nem a faculdade. Com certeza, sem este encontro, em 2002, eu teria acabado com a Associação.” Um encontro que transformou o olhar para si mesma e para os amigos, antigos e novos: companhia ao destino.
São mais de 20 anos à frente de um movimento social. Mas o que mudou na vida depois do encontro com CL? Marcos esclareceu que antes era por ímpeto de resolver os problemas dos outros, mas depois deste encontro entendeu que a sua responsabilidade é “dizer sim ao que o Senhor pede”. Isso tirou o peso da Associação e mudou tudo. “Queríamos nos separar e por causa desse encontro entendemos que não estamos juntos para construir a Associação, mas para construir a estrada da nossa vida, e entendemos verdadeiramente o que é o casamento. Eu não sou capaz de fazê-la feliz e nem ela a mim, mas somos um para o outro a companhia preferencial que leva a Cristo que é o único capaz de nos fazer feliz”. E finalizou testemunhando que viver assim é uma “aventura fantástica”.
Em seguida, Cleuza pediu a Marco Montrasi (Bracco), responsável nacional do Movimento Comunhão e Libertação no Brasil e a padre Julián de La Morena, responsável na América Latina, que contassem sobre o encontro que também mudou suas vidas e os trouxe até o Brasil como missionários. Mas antes ela os agradeceu e disse que eles estavam ali porque são os amigos que ela segue.
Bracco falou de sua trajetória, da angústia da juventude, do encontro com Dom Giussani e de como viveu uma explosão de humanidade. E falou da gratidão a Marcos e Cleuza que estão, hoje, entre as maiores companhias para seu caminho. Padre Julián contou de sua experiência da contemporaneidade de Cristo em uma companhia humana. “O tempo é amigo, pois existe uma experiência viva que reacontece todos os dias”.
No encerramento, Marcos lançou a todos uma proposta: “A vida é feita de companhias humanas e queremos propor a vocês essa mesma companhia e amizade que nos ajuda a caminhar na vida. Independente da Associação, aqueles que quiserem ser nossos amigos de verdade e se reunir para falar da vida, para nos acompanhar, deixem seus contatos conosco”. Na saída do salão pouco mais de 70 pessoas deixaram seu nome. Algo novo se inicia. E o próximo encontro já está marcado: dia 25 de janeiro, festa da conversão de São Paulo.
(Isabella S. Alberto)
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