A beatificação do Papa João Paulo II tem um significado especial para o Movimento de CL no Brasil. O Papa peregrino esteve três vezes em nosso país e o encontro com ele deixou fortes impressões e milagres em muitos de nós
Estar diante de João Paulo II era como estar diante de Cristo, uma presença que define e transforma. Um Acontecimento que põe a vida em outra perspectiva e faz nascer uma nova história, um povo novo, novas famílias. Em 1980, dois anos depois de se tornar Papa, o agora beato João Paulo II esteve no Brasil pela primeira vez. Naquela ocasião um grupo de jovens que iniciava a experiência do Movimento em São Paulo participou de um encontro com o Papa no Colégio Santo Américo. Um momento simples, rápido e determinante para a vida. Um Acontecimento.
Entre os jovens que foram encontrar o Papa estavam Silvia e Ulisses, Eloisa e Colombo, Marli e Ubiratan (Bira). Depois de 21 anos, a lembrança daquele momento permanece viva para esses casais, hoje pais e alguns já avós.
“Lembro que nós estávamos muito felizes. Enquanto esperávamos pelo Papa ficamos cantando todo o tempo. Estávamos próximos ao cemitério que fica ao lado da escola e eu pensava: como pode tanta alegria existir em um lugar que é sempre triste? Com Cristo é assim, uma vida que abraça tudo. Havia uma vibração humana diferente e pela primeira vez me senti parte de um povo. Quando o Papa apareceu e cantamos para ele esquecemos todo o cansaço. Naquela presença tudo era diferente. Ficamos pouquíssimo tempo diante dele, mas isso nos marcou para sempre. Dezesseis anos depois, eu e o Ulisses fomos ver o Papa no Rio de Janeiro, por ocasião do Encontro das Famílias. Participamos da celebração que aconteceu no Maracanã. O estádio estava lotado e quando o Papa falava havia um grande silêncio. O maior estádio de futebol do Brasil, lotado para ver o Papa. As pessoas cantavam juntas e faziam um silêncio incrível para ouvi-lo. O meu filho André era pequeno e participou de tudo, o tempo todo, não deu nenhum trabalho. Foi um testemunho muito bonito de Igreja, de povo e de vida diante de uma grande Presença. Com João Paulo II, vimos que é possível viver o sacrifício com alegria”, afirma Silvia.
Eloisa também fala do seu encontro: “Eu me lembro de cada detalhe daquele dia. Na época eu e o Colombo tínhamos um ano de namoro e eu disse a ele: se nós nos casarmos e tivermos um filho homem ele se chamará João Paulo. E assim foi feito. O primeiro grande impacto que tive naquele dia foi me dar conta de que eu estava diante da história de um povo e que eu fazia parte dessa história. Tudo era novo e forte. Um povo diante de um homem que tinha um vigor e carregava uma verdade que nos comovia. Ele tinha um carisma e uma certeza que nos arrebatava. E com ele sempre foi assim. Anos depois daquele dia, fui com meu marido, meus amigos e meu filho João Paulo para o Rio de Janeiro para participar das celebrações do Encontro Mundial das famílias. Fomos juntos à missa que aconteceu no Aterro do Flamengo e havia milhares de pessoas lá, todos olhando para o mesmo ponto, para o mesmo homem. Fizemos um grande sacrifício para estar lá, com criança, calor e tudo mais. O que me movia era novamente o desejo de estar diante do Papa e fazer com que o meu filho pudesse estar frente a frente com aquele que fez parte da sua origem. Durante a cerimônia de beatificação no Vaticano eu rezei o rosário, com especial atenção aos mistérios luminosos, seguindo a indicação que o Papa deu durante toda a sua vida. Pedi ao Beato João Paulo II que nos abençoasse e nos ajudasse no caminho de conversão”.
O vigor e o olhar do Beato João Paulo II também irão marcar as vidas do casal Marli e Bira para sempre. Os dois estavam entre os jovens que cantaram para o Papa em 1980. Enquanto falam sobre aquele momento e os outros que se seguiram a cada visita do Papa seus olhos ganham brilho e é como se tudo estivesse acontecendo de novo agora. “Quando encontrei o Papa aquele dia no Colégio Santo Américo, ele era um homem forte, vigoroso, saudável. Estava cansado depois de um dia inteiro de visitas, mas queria estar ali. O que mais me impressiona é que anos depois, quando ele já estava bem debilitado, a força da sua presença se tornou ainda maior. O olhar, as palavras, os limites do corpo testemunhavam Cristo de uma forma incontestável. Era todo de Cristo. Uma presença extraordinária”, diz Bira. Para Marli, a marca de João Paulo II era o seu olhar: “Eu fiz uma experiência enorme da Graça naquele dia do Santo Américo. Fiquei bem de frente para o Papa e eu não conseguia fazer nada a não ser olhar nos olhos dele. Era como se aquele olhar me lesse completamente, entendesse quem eu sou e do que sou feita. Aquele olhar me acompanha até hoje. Além disso, há toda a sua contribuição para a Igreja e para o mundo. Um homem capaz de emitir um juízo sobre tudo, que encontrava pessoas de diferentes culturas, raças e credos e acolhia a todos como se fossem o próprio Cristo. Ele que conhecia qual é a verdade do homem”.
Junto com as famílias. Em 1997, o Papa João Paulo II fez sua última viagem ao Brasil. Mais uma vez sua presença gerou frutos e produziu milagres. Durante o II Encontro Mundial das Famílias, realizado no Rio de Janeiro nos dias 4 e 5 de outubro, muitos entre nós encontraram no testemunho e na pessoa do Papa um amigo, uma ajuda concreta para viver a sua vocação. Foi assim para Adriana e Marcelo. “Tínhamos apenas quatro meses de casados e um desejo imenso de ter um filho. No entanto, uma questão de saúde dificultava muito a realização desse desejo. Quando recebemos o convite de Dom Filippo para participar do Encontro do Papa com as Famílias, percebemos logo que aquela seria a grande ocasião de milagre para nós, então nos preparamos muito para aquele momento e partimos para lá com um pedido para que Deus nos permitisse ter um filho e nos fizesse viver a vocação de forma mais completa. Estar diante do Papa foi de fato fazer um encontro com a pessoa de Cristo. A força da presença dele, mesmo diante da fragilidade de sua saúde, era evidente. No dia 5 de dezembro descobri que estava grávida. Meu primeiro filho chama-se Pedro, em homenagem ao Papa que é o sucessor de Pedro. O segundo chama-se Tiago. Assistimos à beatificação junto com as crianças e contamos a eles a nossa história com o Papa. Peço ao Beato João Paulo II que acompanhe os meus filhos e os guie para Cristo”, conta Adriana.
Para Fabiano e Patrícia o encontro com o Papa João Paulo II foi determinante na decisão de dizer sim à vocação do matrimônio. Ela conta: “Trabalhamos como voluntários na organização do Encontro Mundial das Famílias, cuidando da hospedagem dos peregrinos. Eu estava passando por um período muito intenso onde a pergunta sobre a vocação estava gritando dentro de mim. Sempre tive a certeza de que só seria feliz quando dissesse sim ao desígnio que Deus tem para mim. Então estava vivendo com perguntas que não silenciavam: ‘Senhor, para que serve a minha vida? Como devo servi-Lo? Como posso ser feliz?’. Na véspera da missa no Aterro do Flamengo, eu recebi a notícia de que Dom Filippo havia me indicado para participar da comunhão com o Papa. Uma alegria imensa me invadiu. Durante a noite rezei muito para que eu vivesse bem aquele momento, mas eu não tinha ideia da grandeza que seria. Durante a missa, na homilia, o Papa disse com uma voz bem forte que Cristo precisava das famílias para testemunhá-lo no mundo. Disse que as famílias eram chamadas a um serviço e que ele estaria conosco. Nesse momento, as perguntas que havia dentro de mim ganharam resposta. Na hora da comunhão, enquanto eu subia a longa escadaria até chegar diante do Papa, a minha vida inteira passou diante de mim: cada alegria, cada desejo, cada dor, cada lágrima, tudo ganhava um sentido. Cheguei diante dele e me deparei com aquele olhar de Cristo, aquele Céu na Terra. Tive uma vontade enorme de tocá-lo, mas percebi que eu não podia, não devia e nem precisava. Ele estava me olhando. Cristo estava me olhando e me respondendo. Era como se dissesse: ‘Eu amo você, confie em mim, diga sim sem medo porque eu estarei sempre ao seu lado’. Dois anos depois eu e o Fabiano nos casamos. A Memória do encontro com o Papa dominou a celebração, nos cantos, na homilia de Dom Filippo e no Evangelho, que falava que devemos construir nossa casa sobre a rocha. A nossa Rocha é Cristo. Peço ao Beato João Paulo II que nos ajude a construir, todos os dias, a nossa casa sobre essa rocha, a única capaz de superar a nossa fragilidade e manter vivo o nosso sim”.
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