Milhares de fiéis comparecem à cerimônia de beatificação de Irmã Dulce, em Salvador. Um exemplo de que a santidade não está longe de cada um de nós
No domingo, dia 22 de maio de 2011, obtivemos a graça de participar da beatificação de Irmã Dulce. Este foi um momento de particular beleza. O parque de exposições estava cheio, com a presença de cerca de 70 mil pessoas. Os portões foram abertos às 12h e a solenidade em si começou por volta das 16h com a procissão de Santo Antônio, seguido por Nossa Senhora da Conceição da Praia e finalmente Nosso Senhor do Bonfim. Havia pessoas esperando até que os portões se abrissem desde a manhã e apesar da quantidade de pessoas tudo transcorreu de forma serena e tranquila. Algumas personalidades políticas estiveram presentes como a Presidente da República, Dilma Roussef, o governador da Bahia, Jaques Wagner, o prefeito João Henrique, o ex-governador de São Paulo, José Serra, o ex-prefeito de Salvador, Antônio Imbassahy, o ex-governador César Borges, o vice-prefeito, Edvaldo Brito, secretários como o da Saúde, José Solla, o diretor-executivo do Grupo A Tarde, Sylvio Simões, dentre outros. Diversas personalidades artísticas também enviaram mensagens e homenagens à Irmã Dulce de diversas formas.
Foi muito bonito ver a unidade da igreja se manifestar de forma tão exuberante. Eram cerca de 500 religiosos, entre padres, arcebispos, bispos, diáconos e seminaristas. Eles chegaram de toda a Bahia e de muitos lugares do Brasil e se uniram ao Núncio Apostólico, Dom Lorenzo Baldisseri, ao novo arcebispo de Salvador, Dom Murilo Krieger, e ao delegado papal, Cardeal Dom Geraldo Majella, que foi o representante de Bento XVI para realizar a celebração.
Chegaram caravanas de todo o país, sendo as mais numerosas do Sergipe, de onde veio Cláudia Cristiane dos Santos Araújo, cujo milagre foi reconhecido pela intercessão de Irmã Dulce. Nem mesmo a chuva que ia e vinha desestimulou as pessoas. O que de fato importa é o testemunho de fé, vida, caridade e esperança que Irmã Dulce (o Anjo bom da Bahia) nos dá. É realmente maravilhoso o fato de termos a oportunidade de viver com seu testemunho – antes viva e agora junto ao Pai em sua glória –, tão perto e tão concreto. Pensando em detalhes de sua vida percebemos que Irmã Dulce era uma mulher à frente de seu tempo. Sua certeza em Cristo vivo e presente, fazendo novas todas as coisas, inflamava seu coração a cada respirar daquele corpo tão frágil e doente fazendo-a capaz de operar verdadeiros milagres na vida das pessoas que pediam sua ajuda.
Durante a celebração, desejei profundamente ter aquela mesma certeza ardendo e inflamando meu coração a cada instante da minha vida. Entendi o que a consciência de ser “Tu que me fazes” opera na vida de uma pessoa. Como nos disse padre Carrón: o homem não foi vencido! Isso que aconteceu com Irmã Dulce, realmente pode acontecer com cada um, e já acontece com alguns de nossos companheiros de caminho para quem podemos olhar e seguir!
Na sequência, alguns amigos de Salvador também escreveram um pequeno testemunho do que foi para eles aquele grandioso dia para compartilhar conosco como também foram tocados pela novidade que Cristo fez na vida da Beata Dulce dos Pobres:
“Uma experiência de amizade e correspondência. É assim que eu definiria a beatificação de Dulce dos Pobres. Uma pessoa comum, que andou pelas ruas do meu bairro, mostrando para ricos e pobres o que é a caridade e o que é a Misericórdia de Cristo. Por isso, o dia da sua beatificação foi tão comovente. Eram 70 mil pessoas comovidas diante daquela figura frágil e, ao mesmo tempo de uma fortaleza inigualável, capaz de mostrar para todos a força desta fé em Cristo, deste apego a Ele, que nos torna capazes de atos antes impensáveis. Agradeço a Deus por nos oferecer nosso Anjo Bom, por nos dar este testemunho do seu amor por nós.” (Arlete)
“A beatificação de irmã Dulce, para mim, significou o tempo todo me perguntar: Mas quem? Por quem? Para quem esta mulher olhou durante toda a sua vida? Por que ela se doou o tempo inteiro de sua vida para os outros, vivendo a caridade? Não seria possível se não fosse por um reconhecimento de que Cristo está presente dentro da própria realidade. Cristo para ela era o rosto daqueles que ela encontrava, por quem ela se sentia atraída: os mais pobres. Ela vivia um reconhecimento em primeira pessoa, da própria necessidade de ser amada, e do reconhecimento do Único que a ama numa intensidade tão forte e tão plena. Que liberdade essa mulher tinha! Era, de fato, uma grande mulher. E, diante da sua beatificação, só me veio um desejo dessa liberdade pra mim: quero ser assim, quero ser livre como esta mulher. E tenho a certeza de que também posso responder a Cristo dentro do meu pequeno mundo, que é a realidade na qual Ele me chama a reconhecê-Lo. A mudança acontecerá, quando e como ele quiser, pois a liberdade também é Graça.” (Mônica)
“A beatificação foi algo muito tocante. Pude perceber que a misericórdia de Deus é infinita e se manifesta através de pessoas que estão tão próximas de nós, mesmo com todas as limitações que a Igreja particular enfrenta. Para mim foi um fato de importância sem par, que produz uma clareza sobre o que é possível quando se vive para Cristo.” (Vinícius)
“Vi que a minha igreja é viva e bonita. No meio de toda a dificuldade que a minha fé e a fé da igreja de Salvador passamos, uma mulher disse sim e Deus mostrou que está com ela e comigo. Eu e aquela multidão procuramos Jesus e Ele veio ao nosso encontro. Agora tenho alguém próximo a quem recorrer. Fiquei impressionado com a entrada dos padres e bispos. A minha igreja é grande e bonita e tem Deus nela. Mesmo com as coisas que não vão bem, e com as coisas que me desagradam, Deus está nela. Por isso faz sentido existir uma Irmã Dulce!” (Ramón)
“Participei da beatificação de Irmã Dulce na certeza de que seriam derramadas muitas bênçãos divinas por meio de sua intercessão. Ao ouvir sobre a história de sua vida percebi o quanto ela levou a sério o chamado que Deus lhe fez e que a obra de Salvação reacontece toda vez que Deus encontra um coração que lhe diz Sim. Obrigada Senhor por ter suscitado no coração de sua filha a Tua misericórdia pelos ‘pequeninos’ da Bahia!” (Ariane)
“Eu não conhecia muito sobre ela, mas ouvindo sua história me perguntava o que levaria uma pessoa que nasceu aqui no Barbalho a fazer tudo isso, pois quando pensamos em santos os vemos tão distantes da nossa realidade. Foi uma oportunidade única de renovar a minha fé e me estimula a tentar viver isso também, a olhar para o outro como ela o fazia” (Ramirez)
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