Dia 11 de setembro de 2001, eu estava na esquina da Liberty com a Broadway. De repente, me vi correndo envolvida por uma nuvem de fumaça. As pessoas eram jogadas contras as paredes. Cheguei em casa assustada e atordoada. Só anos depois, consegui rever as filmagens do acontecido.
No terceiro dia depois da tragédia, despertei com as mãos muito inchadas e o nariz sangrando. E recebi o pior diagnóstico: esclerodermia, uma doença que provoca o endurecimento da pele e dos órgãos, levando à morte.
Sei que Deus permitiu essa situação por um motivo preciso. Essa consciência despertou em mim poucos minutos depois do diagnóstico, porque há três anos eu vinha seguindo um percurso.
Deus havia me levado ao ápice do sucesso. Depois da formatura, trabalhei como assistente do compositor oficial do Carnegie Hall. Depois desenhei acessórios para uma empresa de moda, trabalhei na mídia, administrei um centro de massagem... Eu tinha um namorado extraordinário, uma esplêndida família e contatos em toda a Nova York e no mundo. Minha vida estava cheia de sucessos, mas era caótica.
Em 1998, um colega me convidou para um encontro de oração na igreja da Rua 42: ali fiquei impressionada com a relação pessoal daquelas pessoas com Cristo. Eu sempre O conheci e O amava, mas esse elemento plenamente humano me comoveu profundamente. E ali pedi a Deus que se manifestasse com mais frequência em minha vida: é isso, estava me preparando para essa cruz.
Minha mãe, que há anos luta contra o câncer, sofreu muito, mas agora conseguiu aceitar a minha doença. A ela e a todos digo que se a gente tem um diálogo com Deus, não se decepcionará nunca. Ele responde sempre. Esse é o meu novo dom: a “visão”. Por isso foram dez anos extraordinários. O meu coração se escancarou.
Deus precisou tirar os meus dons e talentos, um após o outro, para que eu visse qual é o verdadeiro Dom. Minha vida não depende mais de todos os meus contatos ou daquilo que eu sei fazer, mas d’Ele. Não posso mais tocar, mas ainda tenho a voz e componho música com a ajuda dos amigos. Preciso dar tudo a todos, porque sou muito dependente. Claro, a dor é forte e me custa muito chegar ao fim do dia. Perdi as pontas dos dedos, senti o endurecimento do pulmão esquerdo... Mas nunca poderei destacar suficientemente como Deus está comigo em todos os momentos. Como poderia não aceitar tudo isso como um dom?
Tiffiny Gulla
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